Capítulo 16

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Quando Kara rolou de costas na cama, a luminosidade do quarto lhe disse que já havia passado da hora habitual de acordar. Quando foi a última vez que ela realmente havia dormido? Provavelmente não desde a faculdade. A vida se tornou muito estressante quando adulta para se permitir relaxar.

Mas hoje, com Lena no trabalho e o minúsculo apartamento só para ela, Kara se permitiu esse pequeno luxo. Esticando os braços acima da cabeça, ela apreciou a forma como os lençóis frios faziam cócegas em sua pele nua. A cama cheirava a Lena e Kara respirou fundo, apreciando a doce fragrância.

O dia começou perfeito. A única coisa que faltava era a própria Lena, mas acordar em sua cama era um consolo suficiente para Kara saber que ela não se importava de ficar sozinha. Contanto que não fosse por muito tempo.

Desde quando Kara ficou tão sentimental? Ela nunca foi do tipo que ansiava por companhia. Inferno, com uma família tão grande e turbulenta como a dela, ela sempre foi grata por momentos de solidão. Antes de conhecer Lena, Kara estaria disposta a apostar que morreria sozinha. Ela não estava preparada para relacionamentos, pelo menos não do tipo que envolvia vulnerabilidade e envolvimento emocional.

Mesmo que estivesse, a experiência ensinou a Kara que poucas pessoas estavam dispostas a abandonar suas vidas e carreiras para se mudarem para a zona rural de Vermont. Mas Lena era diferente. Desde o momento em que se conheceram, Kara foi atraída por Lena de maneiras que Kara não conseguia explicar. Era como se elas se conhecessem de outras vidas. E embora Lena não estivesse exatamente pronta para fazer as malas e se mudar para as montanhas, ela estava disposta a fazer concessões. E Kara também. Não era essa a base de um bom relacionamento?

Junto com sexo muito bom, pensou Kara com um sorriso irônico ao sair da cama e caminhar os dois passos e meio necessários para chegar à cafeteira. A química entre Lena e Kara era elétrica. O que mais poderia explicar a disposição de Kara de faltar dias de trabalho pela primeira vez na vida só por mais uma noite com Lena?

Ela se pegou pensando em Lena novamente. A forma como ela se movia, o sabor dos seus lábios, a sensação do seu corpo sob o toque de Kara. Uma agitação entre suas pernas despertou lembranças da noite anterior. Quantas horas faltam para Lena chegar em casa?

Quando ela começou a fazer as contas para responder a essa pergunta, uma tarefa difícil sem pelo menos duas xícaras de café, o telefone de Kara tocou. Por um momento, ela pensou em não atender. Afinal, este era seu dia de folga. Mas poderia ser Lena, então Kara pegou o telefone, franzindo a testa ao ver o nome da mãe.

"Mãe, eu disse que ia ficar mais uma noite, lembra?" Kara disse em vez de uma saudação adequada.

"Temos um grande problema." A nitidez do tom de sua mãe despertou Kara, esquecendo a necessidade de café. A mãe dela não era propensa a dramas, então isso devia ser sério.

"O que aconteceu?" perguntou Kara, com o coração disparado. "É a fábrica? Eu sabia que não deveria ter me distanciado."

"Não é nada com a fábrica", respondeu a mãe. "O trabalho real disso, pelo menos. O acordo, no entanto, é outra questão."

"Qual acordo?" Kara bocejou.

"Você estava dormindo?" A voz de sua mãe suavizou-se. "Já passa das dez. Você está se sentindo bem?"

"Eu estava me levantando. Pensei em dormir um pouco esta manhã. Mas o que há de errado com o acordo?" Kara perguntou novamente, com a voz firme enquanto tentava se livrar dos últimos vestígios de sono. "Você está se referindo à oferta de compra da fábrica de laticínios?"

"A antiga oferta. Swiss Multi desistiu."

"Oh." Kara não conseguiu evitar que seu coração acelerasse um pouco. Ela nunca quis vender, em primeiro lugar, e nenhuma oferta significava nenhuma tentação para os outros membros de sua família substituí-la. "O que aconteceu?"

KARLENA - Tudo, queijo!Onde histórias criam vida. Descubra agora