Capítulo 12

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"Você não precisava vir hoje." O estômago de Kara revirou quando ela se aproximou da porta da frente da casa de seus pais. O grande número de carros lhe dizia que todos os parentes num raio de trinta quilômetros haviam chegado para o jantar daquela noite. "Quando minha família se reúne, eles podem ser um pouco demais."

"Não seja boba," Lena respondeu, apertando ainda mais a travessa de brownies que ela insistiu em assar para a ocasião. "Minha mãe me mataria se eu recusasse um convite para jantar de uma de suas amigas mais antigas."

Certo. Kara deveria ter pensado nisso. Esta não era uma situação de namoro, onde Lena voltava para casa para conhecer os pais de sua namorada. A presença dela não tinha nada a ver com Kara, um fato que seria melhor que Kara lembrasse.

Se alguém tivesse dito a ela há uma semana que ela precisaria ser lembrada sobre esse assunto, Kara teria dito que essa pessoa estava louca. Mas nos nove dias que Lena esteve na cidade, elas passaram de uma antipatia mútua para uma amizade hesitante e depois para algo mais. Algo que Kara não conseguia identificar, mas que estava lá, fervendo sob a superfície. Fazendo-a esquecer coisas que deveriam ser flagrantemente óbvias, como o fato de que Lena era dez anos mais nova e só estava aqui por mais algumas horas antes de voltar para sua vida na cidade.

A porta se abriu antes que Kara segurasse a maçaneta, e Kal, frenético, espiava-os do outro lado. "Você trouxe cerveja?"

"Não." Kara deu um tapinha no ombro do sobrinho. "E mesmo se eu tivesse, você é muito jovem."

"Tenho vinte e um anos", disse Kal indignado.

"Isso ainda é muito novo para mim", disse Kara. Mas, em sua mente, tudo o que ela conseguia fazer era imaginar como seu sobrinho já era maior de idade. Kara queria voltar no tempo até o dia em que ele deu o primeiro passo. Ou quando ele disse sua primeira palavra. Ou um milhão de outras coisas quando ele era mais novo. "O que há de tão ruim que está levando você a beber, afinal?"

"Mike," Kal sussurrou. "Ele está sendo mais desagradável do que o normal."

"Uau, isso é uma façanha", disse Kara, soltando um assobio baixo.

"Isso são brownies?" Kal cutucou o plástico transparente que cobria o prato de Lena. "Talvez com um toque adicional, se você me entende?"

"Desculpe desapontá-lo", disse Lena, rindo ao parecer entender o que ele estava perguntando. "Receio não ter pensado em colocar maconha nas guloseimas desta noite. Mas quem é esse Mike? Parece que ele pode me fazer arrepender dessa escolha."

"O namorado de Eve", respondeu Kara, afastando a mão do sobrinho dos brownies. "Essas são para a sobremesa."

"Talvez eu não viva tanto tempo", Kal gemeu. "O cara é o maior idiota do mundo, sempre agindo como se fosse melhor que todo mundo. Ele é pior que o Diabo."

Kara revirou os olhos. "Kal está exagerando, como sempre. Mike é um pouco cheio de si, mas tem boas intenções. E Eve parece gostar dele."

"Ela está totalmente cega pelo rosto bonito dele." Kal grunhiu, franzindo o nariz. "E seu trabalho chique como professor adjunto na universidade."

"Ele é bonito", concordou Kara. "Eu só queria que ele parasse de tentar ser o centro das atenções o tempo todo. É difícil gostar de alguém que está sempre querendo ser a estrela da noite."

"Ele é um adjunto?" Lena perguntou. "Isso não é um trabalho tão bom, ou pelo menos é o que meu pai diz. Ele é chefe do departamento de arqueologia da Emerson e diz que hoje em dia seria preciso ser um tolo para ingressar na academia."

"Eu lhe darei um milhão de dólares para dizer isso na cara de Mike", Kal incitou enquanto se dirigia para a sala da frente.

Assim que chegaram, Mike pulou do sofá. Ele se agachou, com os braços bem abertos, como se estivesse se preparando para iniciar uma performance digna da Broadway.

KARLENA - Tudo, queijo!Onde histórias criam vida. Descubra agora