Capítulo 14

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"A neve não está tão ruim assim. É quase uma poeira." De dentro da segurança da cervejaria, Kara observou os redemoinhos brancos em torno dos postes de luz, sabendo que suas palavras eram mentiras. "Estarei bem ao dirigir para casa."

"Posso não ser uma cidadã de Vermont, mas isso parece mais do que uma poeira para mim." A preocupação marcou o rosto de Lena enquanto ela fechava o zíper do casaco. "Tem certeza de que não quer ficar comigo esta noite?"

Kara examinou a casa de show, vazia, exceto por um garçom limpando uma mesa. Ela e Lena de alguma forma acabaram sendo as últimas clientes a sair. Até mesmo Nia e Querl haviam saído há muito tempo, partindo com seus companheiros de banda após o término da atração final. Mas Kara e Lena permaneceram envolvidas demais na conversa para perceberem o tempo passando ou a tempestade piorando.

Agora, ao saírem para o ar gelado, a realidade as atingiu como uma tonelada de tijolos.

"Eu ficarei bem", insistiu Kara, mesmo com o vento gelado atingindo suas bochechas e orelhas. Ela estremeceu apesar das muitas camadas de roupa que vestia. "Estou com a caminhonete estacionada bem perto do hotel. Vou acompanhá-la até lá para garantir que você chegue em segurança lá dentro."

"E quem vai garantir que você chegue em casa em segurança?" Ela insistiu. "E se a sua caminhonete morrer? Ou você derrapar no gelo? Você poderia morrer congelada em um monte de neve antes do amanhecer."

Kara suspirou, sabendo que Lena tinha razão. Mas ela também sabia o que aconteceria se passassem a noite juntas no quarto de hotel de Lena. Elas estiveram dançando a noite toda, a tensão crescendo a tal ponto que seria impossível continuar negando o que havia entre elas por muito mais tempo.

Deus sabia que Kara queria ceder à tentação. Mas ela também sabia que começar algo com Lena só complicaria a amizade que começava a ser construída entre elas. Elas viviam em estados diferentes e tinham estilos de vida completamente diferentes. Kara já havia percorrido esse caminho antes. Ela sabia como acabaria. Ela tinha que permanecer forte.

"Se eu for ficar, vou alugar um quarto só para mim", insistiu Kara. "Nós duas sabemos que é melhor assim."

"É?" Lena perguntou, sua respiração embaçada no ar frio. As duas ficaram próximos uma da outra, a neve caindo em flocos grossos ao redor delas. "É sério?"

Kara olhou para Lena, o coração batendo mais rápido no peito. Ela sabia o que a outra mulher estava perguntando e não tinha certeza se teria forças para resistir, afinal. Ela queria Lena, mais do que tudo, e o desejo queimou dentro dela como um incêndio. O bom senso não era páreo para a atração magnética e crua entre elas.

"É difícil, Lena", disse Kara, com a voz baixa e rouca. "Eu quero você, mas não podemos fazer isso de novo. Agora não, não assim."

Lena deu um passo mais perto, seus braços envolvendo o pescoço de Kara. "Por que não? Somos ambas adultas. Somos inteligentes o suficiente para saber o que queremos. E o que eu quero é você."

Lena ficou na ponta dos pés, mirando nos lábios de Kara, mas seus pés escorregaram em um pedaço de calçada congelada.

Kara reagiu rapidamente, pegando Lena antes que ela caísse no chão. "Eu juro, mulher, você está determinada a ter algum tipo de morte relacionada ao clima."

"Não tenho certeza se determinada é a palavra certa", disse Lena, trêmula, "mas claramente este é um sinal de que você não pode sair do meu lado."

"Ou talvez seja um sinal de que devemos ir devagar, ter cuidado." Mas enquanto Kara segurava Lena perto de si, sentir o corpo da outra mulher tremendo contra o seu, afastá-la e levar as coisas devagar eram as coisas mais distantes de sua mente. O que ela queria era sentir os lábios de Lena nos seus, seu corpo pressionado contra o dela, o calor entre elas deixando-as selvagens.

KARLENA - Tudo, queijo!Onde histórias criam vida. Descubra agora