Capítulo 2 - A Blusa.

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Meu coração parecia que sairia pela boca. Eu fiquei tão nervosa quando aquela mulher entrou na sala, que tentei me esconder atrás de um aluno, mas os olhos dela encontraram os meus logo quando olhou para turma.

- Bom-dia! - ela disse.

- Bom-dia! - a turma respondeu.

- Por favor, perdoem meu atraso. Felizmente, um banho de café me fez trocar a blusa horrorosa que eu estava. Estou bem mais confortável agora. - Ela disse olhando para mim e mostrando a o blazer creme sobre uma blusa branca.

"Felizmente"? - É a primeira vez que vejo alguém agradecer por tomar banho de café.

- Meu nome é Faye Malisorn. Neste semestre estudaremos "Atenção à pessoa com deficiência e atenção ao idoso e grupos especiais". Serão cinco meses preciosos em que vocês terão contato com crianças, jovens e idosos com deficiência e saberão como atendê-los em seus consultórios futuramente. E, não adianta dizer: - "Não atenderei tais grupos". - Sim, vocês atenderão! Nossa disciplina permeia algumas visitas a orfanatos e casas de repouso e espero que todos estejam presentes quando acontecerem. Teremos avaliações ao fim de cada mês e dois trabalhos importantes no contexto em que falo.

Eu ouvia tudo encantada. Ela era tão simpática. Um sorriso de tirar o fôlego. A voz calma e suave se alterava em algumas entonações nos pontos importantes. Andava como uma Miss. Parecia estar na passarela. De costas, enquanto escrevia na lousa, mostrava ombros largos de quem provavelmente nadou ou nada bastante. A bunda arrebitada, era suavizada na calça jeans branca como a neve, mas consegui visualizar um pequeno respingo de café. Afundei na cadeira.

Ela distribuiu algumas folhas com os roteiros de trabalho. A turma era bem participativa. No fim, ela fez a chamada. Falou os nomes sem olhar para ninguém, o que me deixou aliviada. Quando expressou meu nome na chamada pareceu gaguejar um pouco.

- Yoko Apas... Apasra.

- Eu falei "presente". - Ela levantou o rosto em seguida. Parecia ter visto um fantasma. Nem parecia a bela professora do corredor ou a simpática que acabara de deixar o roteiro de aula. - Abaixou a cabeça e continuou a chamar os demais nomes sem nem mesmo olhar para nenhum deles. Dispensou a turma e todos foram saindo aos poucos.

Quando eu estava prestes a sair, ela falou:

- Minha blusa.

Eu me virei de costas para olhar. Ela segurava uma sacola com a blusa dentro.

- Lave para mim! Afinal, você quem sujou. - Esticou o braço com a sacola.

- Claro, mas eu posso enviar o PI... Pix. - Nem consegui terminar. Ela entregou a sacola e saiu da sala em seguida.

Tivemos dois tempos de aula com ela. Era hora de um refresco antes do próximo tempo. Caminhei pelos corredores observando as placas. Queria encontrar um refeitório ou cantina com urgência. Depois da reforma, parecia que quase tudo tinha trocado de lugar por ali.

Assim que achei, eu vi Marissa sentada em uma das mesas. Peguei meu sanduiche e suco de laranja e já iria para a mesa dela, mas fui contida. A professora Faye sentou ao lado dela. Se cumprimentaram e sorriam em uma conversa que parecia íntima. Eu fiquei meio sem graça e procurei outra mesa. Não quis atrapalhar nada. Marissa me viu. Não me chamou. Afinal, eu era a patroa. Ela deve ter pensado. E eu nem ligo para estes rótulos como minha mãe. Enfim, sentei e vi que Marissa me cumprimentou de longe, fazendo Faye olhar na mesma direção. Eu sorri sem graça em um cumprimento seco com uma das mãos.

Peguei meu telefone e busquei mensagens. Havia muitas de meus amigos australianos. Tinha uma de mamãe também.

[Oi filha. Me busque assim que sua aula acabar. Vou levá-la ao túmulo de seu pai e depois almoçamos.].

Como amar uma Garota? - FayeYokoOnde histórias criam vida. Descubra agora