Esquecer da blusa foi a maior furada do dia, pois mesmo lavando tarde da noite. Duvido que seque até pela manhã. Mesmo assim, eu peguei a sacola em minha mochila. Abri o saco e puxei a blusa para lavar.
- Opa! O que é isso? - Ao puxar a blusa, um pedaço de papel cai no meu tapete. - Não acredito. Ela me deixou um bilhete.
[Não precisa lavar a blusa. Eu só queria que recebesse meu número. Aguardo sua mensagem.] - Li o bilhete e sentei em minha cama super sem graça. Não acredito que a professora quer conversar comigo fora da sala de aula. O que será que ela quer. Será que está pensando que sou gay? Eu não curto mulheres. Não desse jeito.
Guardei o bilhete na cômoda; sinceramente, nem sei como fiz isso. Creio que foi no automático. Peguei a blusa e segui ao banheiro. Lavei com sabonete e joguei água quente da torneira ao lado. O manchado de café demorou um pouco a sair, mas consegui. Coloquei num cabide e deixei na varanda do meu quarto. Que seque até de manhã!
Exausta, dormi sem olhar nada dos textos da faculdade.
...
Descendo as escadas, vejo Mamãe se despedir de Marissa que sai apressada como sempre. Nem deu tempo de eu oferecer uma carona.
- Bom-dia, filha! - Minha mãe disse oferecendo uma xícara de café.
- Bom-dia, mãe! - A beijei na testa e sentei para o café da manhã.
- Filha, eu tenho consulta hoje à tarde, mas não se preocupe que Marissa irá comigo. - Disse apertando minhas mãos.
- Gostaria de ir em uma com a senhora. - Disse em desagrado.
- Não, filha. Estes primeiros dias, você precisa se dedicar ao seu curso e a readaptação no Brasil. Você terá outras oportunidades. Eu vou precisar usar o carro de seu pai. Você se importa de ir de moto hoje?
- Não, tudo bem.
Mamãe me deu as chaves da moto dela e disse: - Eu não posso mais dirigir minha roxinha. Cuide bem dela. - Disse e subiu para o quarto.
Depois de mim, a "Roxinha" era a bebê de minha mãe. Antes de eu viajar para fora do país, mamãe vivia andando de moto. Lembro que papai sempre brigava, dizendo que ela deveria usar o carro, mas mamãe adorava aquela moto. Poucas vezes me deixou pilotar.
...
Cheguei na UVA e estacionei a moto numa rua próxima. Um guardador se aproximou e combinado o preço, segui para a aula. Hoje teria mais uma aula com a professora Faye e devolveria a blusa que secou direitinho na varanda. Ao entrar na sala, vi que estava lotada, mas nada da nossa orientadora.
Não demorou muito e um burburinho iniciou na sala após nossos celulares apitarem mensagens. Aos poucos, todos iam se levantando e saindo. Olhei meu aparelho e vi que a universidade havia enviado mensagem através da secretaria pedindo que todos de nossa turma seguissem ao auditório. Como eu não sabia onde ficava, por conta da reforma, eu segui o fluxo!
O auditório era relativamente grande e espaçoso. Muito aconchegante, aliás. Quando todos se acomodaram, uma professora entrou e colocou pilhas de apostilas sobre a mesa. Não demorou e ela entrou. Cabelo escovado, um vestido verde comprido, salto, blazer e bolsa branca. Óculos de sol sobre os cabelos, um cordão lindo no pescoço. Era um beija-flor esverdeado com tons brancos. Os brincos verdes como o vestido e uma maquiagem bem leve.
- Bom-dia, classe. - Falou olhando para turma.
Todos responderam animados. Os meninos pareciam babar perante a beleza dela. As meninas cochichavam entre si sobre o vestido. Realmente, ela estava linda demais. Será que teria algum evento após a aula? Provavelmente, sim!
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Como amar uma Garota? - FayeYoko
FanfictionYoko retornou ao Brasil após três anos de intercâmbio. A readaptação ao país, o convívio com a mãe, a presença de uma funcionária inesperada e a descoberta de um amor 'impróprio' por sua nova professora. Muitas emoções aguardam essas personagens.