Capítulo 10 - O Voo.

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Depois que Faye saiu do ônibus, não consegui ter notícias dela. No dia seguinte, a Universidade enviou um e-mail informando o afastamento da Professora Faye Malisorn, por 30 dias, por motivos pessoais. Teríamos uma professora substituta temporária. Queria saber o que estava acontecendo, mas Marissa não compartilhava nada comigo e nem com minha mãe. Apenas disse que Faye estava viajando.

Eu deixava mensagens que não eram lidas e após uma semana, eu parei de ligar e de enviar mensagens. Tentei focar nos meus estudos. Nunca desejei que um semestre acabasse tão rápido. Procurei ocupar minha cabeça e entrei no comitê de formatura. Um erro!

No vigésimo dia sem notícias, meu semblante estava totalmente entristecido a ponto de minha mãe achar que era só por causa de sua saúde. Estava acompanhando minha mãe nas consultas, mas ela se negava a voltar para quimioterapia. As dosagens de remédio que tomava a causava muito mal estar e contratamos uma enfermeira, pois nem Marissa e nem eu conseguíamos dar conta de faculdade e as necessidades de cuidado de mamãe.

Um feriadão se aproximava. Minha mãe insistiu que eu viajasse para relaxar. Eu não estava muito em clima de viagem, mas não queria ficar enfurnada dentro do apartamento também. Fiz as malas para ir para Búzios. Um lugar calmo que virava um inferninho cheio de turistas nos feriadões, mas tínhamos casa lá e eu não precisaria me preocupar com hospedagem. Enchi uma sacola, peguei documentação e as chaves do carro. Seria minha última viagem com ele. Decidimos vender e comprar um carro menor. Aquela Ranger Rover do papai já nos dava saudade demais.

Antes de sair do quarto, o telefone apitou. Peguei o aparelho e soltei a bolsa no chão.

[Oi. Desculpe só responder agora. Onde eu estava não tinha sinal de internet. A pouca conexão que eu tive, eu mandei mensagem à Universidade. Cheguei hoje. Podemos nos ver?]

[Onde você está?]

[Na portaria de seu prédio. Posso subir?]

[Não!] - [Eu vou descer]

Peguei minha sacola, bolsa e chaves do carro. Despedi de minha mãe sorrindo tanto que ela se alegrou. Marissa não estava, então, falei apenas com a enfermeira.

Nunca entrei no elevador tão rápido. A vizinha do andar de cima estava nele. Nos cumprimentamos. Ela desceu no terceiro andar. Segui sozinha o fim da descida. Ao parar na portaria, as portas se abrem e ela está parada em frente ao balcão. Linda! Minha respiração perdeu feio e fiquei ofegante. Nossos olhos se encontram e ela sorri. Como da última vez, eu faço sinal para que ela entre no elevador. Assim que as portas se fecham, ficamos nos olhando por alguns segundos até que me cumprimenta.

- Oi.

Eu largo as bolsas no chão e a beijo encostando-a na parede. Baixinha, eu levanto meus pés agarrando seu pescoço e nos beijamos intensamente enquanto a abraço tão forte, que parece que ganhei um brinquedo de meu pai. Quando consigo soltá-la, minhas mãos permanecem nas dela.

- Ual! Isso foi especial. Tem certeza de que você é hétero? - Ela disse sorrindo.

- Cala a boca e me beija. Senti sua falta. - Eu a beijo e ela segura minha cintura com carinho. O elevador para e continuo agarrada em suas costas. Um medo de que ela se vá novamente.

Mais uma vez aquela boca carnuda na minha. Que tesão. Que desejo. Meu corpo todo queimava de desejo por ela. Minhas mãos percorreram suas costas até encontrar suas nádegas que apertei com força. Nos separamos quase sem fôlego. Pego minhas bolsas no chão e enquanto caminhávamos para fora do elevador, seguro sua mão no estacionamento.

- Eu também senti sua falta. - Ela disse me puxando para mais perto.

Ela pega minhas bolsas de minhas mãos e pergunta: - Vai viajar?

Como amar uma Garota? - FayeYokoOnde histórias criam vida. Descubra agora