De meu quarto, eu conseguia ouvir as gargalhadas de minha mãe. Desde que voltei ao Brasil, é a primeira vez que vejo minha mãe tão feliz. Parecia que estavam relembrando bons momentos.
De repente, silêncio.
Toc, toc
Batidas na porta de meu quarto me trouxeram de volta dos meus pensamentos. Eu já tinha tirado minha calça, estava apenas de blusa e calcinha, pois iria tomar um banho. Quando eu iria por um short para abrir a porta. Ela se abriu.
- Ah! Desculpe. Eu pensei que fosse o quarto de Marissa. Sua mãe disse que eu podia subir. - Faye falou sem se importar com meus trajes. Ficou apenas parada me olhando como se estivesse observando uma presa.
Eu, muito sem graça, mas sem perder a pose, continuei a colocar o short. Instintivamente ou em meu subconsciente, sei lá, eu subi o short mais devagar que de costume. Vi Faye morder o lábio inferior e virar o rosto em seguida.
- O quarto dela é aqui ao lado. - Eu disse apontado na direção. Faye agradeceu, mas continuava a me olhar. Acho que hipnotizada e me deu uma vontade louca de rir na cara dela, mas me segurei. Andei até ela e mostrei o quarto. Faye agradeceu e bateu na porta ao lado ainda olhando para mim. Entrei em meu quarto e bati a porta.
"Que raiva" - pensei eu. "O que ela está pensando?", "O que eu estou fazendo?".
A inquietação tomou meu ser.
Novamente, batidas na porta.
Toc, toc.
- O QUE É? - gritei.
A porta se abriu e era minha mãe.
- O que está acontecendo com você. Temos visitas! O que sua professora irá pensar? - Minha mãe entrou fechando a porta atrás de si. Continuou falando baixo, mas com toda autoridade que sempre teve. - Eu dei educação a você. O que está acontecendo? Você tem estado arredia já tem uns dias.
Segurei as mãos de minha mãe e a sentei na beirada de minha cama. A abracei e deitei em seu colo. - Me desculpe! - disse beijando sua mão. Foi o suficiente para minha mãe se desarmar e apertar minhas mãos. - Não se preocupe, filha. Não se estresse com minha situação. O tratamento parece estar fazendo efeito. Tenho certeza de que consigo estar em sua formatura.
- MÃE! - falei alto e me levantei do colo dela.
Virei para minha mãe. Eu já iria reclamar, mas ela continua.
Lágrimas em seus olhos descem como em câmera lenta.
Ela faz um gesto para que eu me sente.
- Filha! Marissa ajudou muito seu pai e tem me ajudado demais. Eu já lhe contei a história dela. Eu sei que não tenho muito tempo, por isso, eu chamei Faye aqui, pois quero Marissa amparada quando eu me for.
- Mã-e! - Os dedos de minha mãe me calaram e ela continuou.
- Preciso que trate Marissa bem. Apesar de Faye ser madrinha dela, a Marissa sempre foi muito independente e nunca quis morar com ela. Por isso, mesmo seu pai tendo falecido, eu a mantive aqui. Só que Marissa tem estado muito sensível e tenho visto ela chorando pelas madrugadas. Preciso que você e a Faye estejam mais presentes na vida dela.
- Mas mã.. - Tentei dizer e minha mãe me cortou novamente.
- Sim, eu sei que não são próximas e que você chegou a pouco tempo. Só que eu preciso que se esforce nesta relação de amizade. Pedi a Faye que frequente mais a nossa casa, assim Marissa pode estreitar melhor a amizade delas e quem sabe morarem juntas. Então, não estranhe se vir a Faye dormindo algumas vezes por aqui.
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Como amar uma Garota? - FayeYoko
FanfictionYoko retornou ao Brasil após três anos de intercâmbio. A readaptação ao país, o convívio com a mãe, a presença de uma funcionária inesperada e a descoberta de um amor 'impróprio' por sua nova professora. Muitas emoções aguardam essas personagens.