37 - LUZ NO FIM DO TUNEL

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Se passou um semana desde que Nathan parou de dormir a noite e passou a viver em função de encontrar a Annie. As olheiras eram visíveis, o desespero no olhar de quem não tinha a menor ideia de onde encontrá-la, a angústia de ver o Elias em um leito de hospital sem acordar e não apresentar nenhuma melhora, as contas da editora batendo a porta, tudo desabando sobre ele, mas o que mais doía era não tê-la do lado.
Contratou um detetive particular, passava todos os dias na delegacia para saber se tinham algum avanço, mas nada. Ela simplesmente sumiu, evaporou, como se tivesse sido sugada por um buraco negro.
Theo também não apareceu mais, o advogado dele havia fechado o escritório que trabalhava e também sumiu.

- Eu vou enlouquecer, Abby! Era pra ter sido eu, no lugar do Elias. Talvez se eu estivesse lá teria dado um jeito de não deixar levarem ela, talvez eu teria impedido! - Nathan falou em complemento desespero ao fim daquela semana.

- Não, você não pode se culpar! Não faz isso com você. Não tinha como saber que isso aconteceria. - Ela respondeu preocupada com o estado dele.

- Eu não podia ter deixado ela voltar sem mim, porque priorizei a merda daquele trabalho ao invés dela? Eu nunca vou me perdoar se algo acontecer a ela!

- Se você estivesse com ela aquele dia provavelmente estaria na situação do Elias agora, ou até pior porque teria reagido! E quem estaria procurando por ela, ein? Ela precisa que você coloque a cabeça no lugar e mantenha a calma, ela precisa de você, Nathan. Eu também preciso de você!

Abby abraçou o irmão que caiu no choro com a sensação de impotência. Ficou ali no colo da irmã que sempre o acalmava até seu telefone tocar, atendeu depressa na expectativa de receber uma boa notícia.

- Alô?

- Oi, Nathan! Preciso te mostrar uma coisa. - O advogado da empresa falou do outro lado da linha. - Onde você está?

- Na casa da Abby, pode vir pra cá por favor!

- Ok, chego em 15 minutos.

O telefone foi desligado e ele esperou andando de um lado para o outro quase fazendo um buraco no chão com seus passos fortes. Assim que a portaria avisou que o advogado tinha chegado, Nathan correu pra porta e esperou com ela aberta.

- Me diz que encontrou algo sobre ela, por favor. - Ele disse assim que viu o Mike, seu advogado.

- Talvez o que eu descobri tenha ligação com ela. - Mike respondeu entrando no apartamento. - Você sabia que o seu pai está vendendo uma parte das ações da editora? 62% dela.

- O quê? - Os dois irmãos perguntaram juntos completamente surpresos.

- Chegou no e-mail do seu pai, ao qual eu ainda tenho acesso, um e-mail de modelo de contrato para a venda de 62% com um valor abaixo do que deveria ser cobrado. - Ele virou o iPad mostrando aos dois. - Enviei para o detetive que você contratou e ele está tentando rastrear o ip do e-mail. Só sabemos que veio do sul da Flórida.

- E sabe quem mora lá? - Nathan perguntou ansioso.

- Ainda não, mas vamos descobrir. Seria mais fácil se perguntassem ao pai de vocês com quem ele está tentando fazer negócios.

- Eu pergunto. - Abby se prontificou. - Todo mundo sabe que eu sou a filha preferida e ele virá correndo se eu chamar .

- Tudo bem. - Nathan não se opôs, sabia que era verdade.

Abby ligou pro seu pai e ele foi de imediato, eram raras as vezes que ela ligava e ela era o fraco de Michael. Não gostou muito de ver Nathan lá, mas não tinha mais como voltar depois que entrou.

- Então, o que vocês querem dessa vez? - Ele perguntou depois de sentar rodeado por Abby, Nathan e Mike. - Não montaram esse circo a toa, não é?

- Não, pai. Não montamos. - Nathan respondeu sem nenhuma paciência e Abby o repreendeu com o olhar.

- Na verdade, ficamos sabendo da venda das ações da editora. Porque não nos contou? - Abby perguntou.

- Não sei do que vocês estão falando! - Michael respondeu levantando a sobrancelha igual ao Nathan quando estava confuso sobre algo.

- Ah, não precisa fingir que não sabe. Como teve coragem de tentar vender 62% das ações e sem ao menos nos comunicar? Isso nos tira o direito de qualquer tomada de decisão. Não precisava fazer isso pra salvar a editora, daríamos um jeito! O senhor só pensa em si mesmo. - Nathan respondeu e Abby mais uma vez o repreendeu, beliscando seu braço pra ele calar a boca.

- Olha, moleque, você me respeita! Não faço ideia do que está falando. Eu jamais iria me desfazer da editora, aquilo é a minha vida! - Michael disse parecendo ofendido.

-  Então tem alguém fazendo isso no seu lugar, olha só isso. - Mike falou mostrando a ele o e-mail de contrato de venda.

- Meu Deus! Eu não fiz isso, porque tem minha assinatura eletrônica? A única pessoa que tem acesso a essa minha assinatura sou eu e a...- Ele calou evitando falar o nome.

- A Karen. - Nathan completou.

- Não, ela jamais faria isso. Ela não está comigo pelo dinheiro! - Michael colocou as mãos na cabeça sentindo a ficha cair, lembrando do dia que a viu esconder algo no seu computador, lembrou também de quando a pegou em ligações escondidas. - Ela não faria isso, não é? - Perguntou para a Abby sentindo um peso no coração.

- Acho que faria sim, pai. Eu sinto muito! - Abby falou se levantando e indo até ele. - Eu sei que o senhor gosta dela...

- Amo. Eu a amo. - Michael falou baixinho e Abby sentou ao lado dele.

- Isso, eu sei que o senhor a ama, mas ela está tentando lhe enganar. Eu sei que é doloroso saber, mas o senhor não pode permitir que isso continue. Somos seus filhos e o amamos, nos preocupamos, nunca desejamos o seu mal, pai. - Ela disse o abraçando.

- Vocês sabem com quem ela está fazendo negócios? - Ele perguntou olhando para o advogado.

- Ainda não, achamos que era o senhor quem fazia e iria nos responder isso, mas vamos descobrir. - Mike respondeu.

- Não, eu descubro. - Ele disse ficando de pé. - Vou descobrir e aviso a vocês.

- Obrigada, pai. - A filha dele disse sentindo um alívio.

- Se ela estiver fazendo negócios com quem eu penso, isso pode nos levar ate a Annie. - Nathan falou ficando de pé abrindo mão de todo o seu orgulho. - Por favor, pai. Me ajude a encontrá-la!

- Você a ama mesmo, não é?

- Mais do que a mim mesmo. - Nathan disse sentindo a voz embargar.

- Você vai encontra-lá, é decidido igual a sua mãe. - Michael disse por fim e se retirou.

Os três que ficaram sentiram uma ponta de esperança, pela primeira vez tiveram algo a que se agarrar.

SECRETÁRIA DO ANOOnde histórias criam vida. Descubra agora