SECRETÁRIA DO ANO

31 -VERDADE NUA E CRUA

- Eu perguntei o que significa isso! - Nathan disse alterado com um tom de sarcasmo na voz pelo choque. - O que é isso, Annie?

- Nathan, eu posso explicar! - Annie falou com o coração acelerado e aflito.

- Pode? Então explique! Anda, explica! - Nathan falou ainda com um tom de voz alto e isso chamou a atenção dos outros funcionários, fazendo algumas pessoas saírem de suas salas.

- Vamos conversar em outro lugar, tudo bem? - Ela pediu andando até ele mas Nathan deu um passo pra trás a impedindo de toca-lo.

- Não! - Ele falou e ela parou de andar - Você é casada? Que jogo é esse que estava fazendo?

- Sim! Nós somos casados e estamos juntos há 7 anos. - Theo respondeu chamando a atenção.

- Cala a boca, Theo! - Annie falou chateada.

- Não, deixa ele falar! Vamos lá, Theo, me conta o que sua esposa fazia aqui na editora e porque me escondeu essa informação tão importante? - Nathan perguntou olhando pra Annie de novo. Os olhos de ambos estavam cheios de lágrimas, era notório a dor deles. - Você mentiu pra mim! Todo esse tempo que estávamos juntos você não me falava da sua vida, só me dava migalhas, tão rasa, sempre se esquivando! Estava mentindo pra mim! Você é uma mentirosa.

- Não fale com ela assim! - Theo disse irritado. - Não ouse chamar minha mulher assim!

- Eu não sou sua mulher! - Annie gritou e só então se deu conta de que quase todos os funcionários do andar estavam escutando. - Nathan, vamos pra sua sala por favor! Vamos conversar só nos dois. Eu ia te contar, eu juro que ia!

- Não vamos a lugar nenhum, é melhor pegar suas coisas e acompanhar o seu marido. Levem esse contrato idiota junto! - Nathan jogou os papéis que estavam em suas mãos na direção de Annie. - E não existe nós dois.

Ele se virou e foi em direção ao elevador, Annie foi atrás mas ele a impediu de entrar junto com ele. Ela parecia uma batida de carro em que todo mundo estava parando para olhar.
Elias também apareceu e estava tão surpreso pelo que aconteceu quanto todos os outros, mas ele precisava tirar sua amiga dali.

- O show acabou! Todo mundo de volta ao trabalho agora. - Ele gritou pegando Annie pela mão e a direcionou para a saída de emergência. - vem, meu raio de sol.

Assim que chegaram as escadas ela tentou descer dizendo que precisava ir atrás dele, mas seu amigo não deixou.

- Agora não. Você não está em condições e nem ele! O que foi aquilo? Aquele homem é o seu ex marido? - Ele perguntou a encarando e ela balançou a cabeça concordando, então ele entendeu o que causou tanta revolta no seu chefe. - Meu Deus! Então o bonitão que vai lançar o livro com a gente é o seu ex marido? Porque ele falou que ainda são casados?

- Eu não posso explicar agora, Elias. Eu preciso ir atrás dele! - Ela desceu rápido sem dar chance de Elias a parar de novo.

Foi até o seu carro e para a infelicidade dela ele não deu partida. Tentou 5 vezes seguidas e começou a bater no volante enquanto gritava de frustração. O estrago já estava feito, agora ela precisava reparar os danos caudados.

Annie passou 1h dentro do seu carro apenas tentando se acalmar, depois que viu todos os funcionários indo embora pegou um táxi e foi até a casa nova do Nathan, mas ele não a atendeu. Dirigiu até a casa da Abby sempre ligando para o seu namorado, que não atendia.

- Olá. - Abby respondeu no interfone.

- Por favor, me diz que ele está aí. - Annie falou com um tom de desespero na voz.

- Sim, ele está.

- Graças a Deus! Me deixa subir, Abby. Eu preciso falar com ele.

- Desculpa, mas não acho uma boa ideia, Ainda não entendi bem o que aconteceu mas ele não quer falar com você agora.

- Por favor...- Ela pediu novamente já sentindo a voz embargar. - Eu preciso explicar pra ele.

- Espera só um tempo, ele vai te ouvir. Só precisa socar uns travesseiros primeiro e quando parar eu o convenço a te procurar.

- Eu não quis magoá-lo. Eu nunca quis esconder nada dele, mas eu não podia contar. - Annie falou chorando e Abby ficou em silêncio. - Cuida dele pra mim.

- Essa é minha especialidade! Não se preocupe. - respondeu tentando deixar o clima um pouco melhor.

Annie não queria esperar, mas não tinha o que fazer. Foi para casa e quando chegou tinha outro presente de Theo a esperando na porta.
Um mini buquê de flores com um bilhete que ela nem se deu ao trabalho de ler, jogou na lixeira mais próxima e interfonou para a portaria, proibindo que recebessem qualquer coisa vinda desse remetente.
Ligou para a Clara e contou tudo o que aconteceu, precisava da amiga nesse momento.

- Eu vou mata-lo! - Clara falou completamente chateada. - Meu Deus, não é possível que tenhamos o mesmo sangue! Como ele se tornou essa pessoa tão desprezível?

- Eu também queria saber. Preciso conversar com o Nathan, ele precisa me ouvir antes do Theo fazer ainda mais estrago.

- Eu sinto muito que esteja passando por tudo isso de novo. - Clara falou com pesar na voz. - Preciso te contar que descobri como meu irmão soube do seu paradeiro.

- Como?

- Minha mãe disse que alguém viu você em uma festa de lançamento de alguma coisa aí em Boston, foi do seu trabalho?

- Droga! - Ela bateu na mesa de madeira. - Foi a Isabela, ela estudou com a gente na faculdade de arquitetura. Ela me reconheceu! Por mais que eu tenha tentado disfarçar, ela me reconheceu!

- Agora não temos mais o que fazer, já aconteceu. Fica calma, eu sei que é difícil mas tenta manter a calma, tá bom? O Nathan deve estar muito confuso, tenta conversar com ele de novo e se não der certo, você pode voltar pra cá, não é?

- Não, não posso. Não tenho mais vida aí, seu irmão nunca deixaria.

- Vai fugir outra vez? Acha que ele vai te deixar em paz tendo a certeza que você está viva?

- Talvez eu vá, mas não sem antes conversar e explicar para o Nathan toda a verdade.

- Tudo bem, vou apoiar você no que decidir. Eu te amo, ok?

- Eu sei, também te amo.

As duas desligaram o telefone e a ficha de Annie pareceu ter caído de vez, a verdade tinha vindo a tona da maneira mais dolorosa possível.