32 - DIAS DE AGONIA

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Nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nenhum retorno de Nathan para Annie nos 3 dias seguintes. Ela tentou lhe dar espaço, sempre pedindo notícias sobre ele para a Abby, que a aconselhou a esperar uns dias para conversar com ele novamente. Ela lhe contou que ele saiu pra fazer uma viagem rápida, mas que logo estaria de volta.

Elias a atualizava sobre as coisas na editora, evitando sempre contar o que as pessoas estavam falando sobre ela, mas Annie sabia bem como as fofocas corriam naquele lugar.
Theo tentou visitá-la, mas foi barrado na portaria. Não parou de mandar presentes e ela recusou todos!

- Porque seu computador está aberto na aba de empregos? - Elias perguntou vendo a página aberta no notebook enquanto Annie preparava o jantar dos dois.

- Preciso dar um jeito na minha vida, Elias. Estou desempregada e tenho um aluguel pra ser pago.

- Tenho certeza que o senhor Nathan vai te chamar de volta. Ele não teria ficado tão alterado se não amasse você.

- Ele nunca vai me perdoar, ele nem me escuta! Não consigo contar o que aconteceu, ele deve ter criado tantas teorias naquela cabeça. - Annie respondeu se apoiando no balcão com a colher de madeira na mão.

- Faz ele te ouvir, você é bem convincente quando quer! - Elias se levantou do sofá e foi até a amiga. - Ele tava um porre hoje.

- Hoje? Ele já voltou de viagem? Porque não me contou?

- Calma! Não contei porque não queria correr o risco de você ir lá na editora em horário de trabalho, outro escândalo não seria nada bom pra vocês.

- Mas eu não...- Ela tentou falar mas seu amigo não deixou.

- Iria sim. Assim como eu sei que você quer ir atrás dele agora.

Annie respirou fundo tentando manter a calma. Elias tinha total razão, ela não teria se controlado.

- Você termina o jantar?

- Vai até ele?

- Eu preciso tentar.

- Tudo bem, qualquer coisa me liga. Vai no meu carro que é mais confiável que a sua lata velha!

Annie deu um beijo no rosto do amigo e saiu no carro dele. Era bem mais novo e mais bonito que o seu.

- Abby, ele está aí com você? - Annie perguntou assim que sua cunhada atendeu o interfone.

- Não. - Ela respondeu e acabou mentindo. - você podia ter ligado, teria poupado tempo...ele ainda não voltou de viagem.

- Eu já sei que ele voltou de viagem, sei que foi trabalhar hoje.

- Droga...ele está na casa dele. A senha da porta é 2707, ele está montando um parquinho para as crianças do quintal. É a forma dele de extravasar.

O coração de Annie acelerou e ela não pôde disfarçar o nervosismo por saber que o veria.

- Muito obrigada!

- Por favor traz o meu irmão de volta, essa versão de bêbado irritado não combina com ele.

Annie saiu e dirigiu até a casa dele que ficava próximo a casa da irmã, estacionou na frente e destravou a porta sem tocar campainha, sem anunciar sua chegada.
Ouviu um martelar vindo do quintal e foi até lá devagar, cada passo que ela dava a deixava mais ansiosa e tudo o que ensaiou em casa pareceu ter fugido da sua cabeça.
O barulho do seu tênis na grama chamou a atenção dele que se virou e a viu. A princípio ele ficou calado, depois se virou e voltou a bater o martelo no pedaço de madeira.

- Oi, desculpa entrar assim. Podemos conversar? - Ela perguntou temerosa.

- Tivemos muito tempo pra isso, não temos mais. Vai embora, Annie.

- Por favor.

Ela pediu e ele parou de bater naquele prego que já tinha entrado todo no pedaço de madeira. Nathan se virou e bateu as mãos que estavam um pouco sujas na calça que também estava suja.

A vontade dele era de correr até ela e a abraçar, sentiu tanta saudade de vê-la, de senti-la. Mas a cena na empresa veio a sua cabeça e o momento de saudade logo se dissipou.

- Seja rápida, tenho muita coisa pra fazer.

Nathan não olhava pra ela, fixou os olhos na parede a sua frente. Seria uma conversa difícil, para ambos, as pernas de Annie tremiam tanto que não conseguiria ficar de pé por muito tempo, por isso deu alguns passos até sentar em um banco de madeira próximo a ele.

SECRETÁRIA DO ANOOnde histórias criam vida. Descubra agora