34 - ESTOU AO SEU LADO

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Os dois passaram meia hora sentados no banco de madeira desconfortável, sem coragem alguma de falar algo e voltar para a realidade dolorosa.

- Porque não me contou? Podíamos ter evitado tanta coisa. Eu levei ele até você, eu não fazia ideia de quem aquele monstro era, me desculpa!

Nathan falou acabando com o silêncio, se sentia tão mal pela forma que tratou Annie quando descobriu.

- Você não sabia, não tinha como saber. - Ela respondeu ainda com a cabeça no peito dele.

- O que você sentiu quando o viu, Annie? Ainda o ama?

- Não, eu amo a ideia dele que criei na minha cabeça. O Theo bondoso, gentil, carinhoso. Mas desse Theo, o verdadeiro, eu so consigo sentir medo, pena, pavor. Quando o vi foi como se eu tivesse visto um fantasma. É isso que ele é pra mim, um fantasma.

- Então não o ama? - Nathan reforçou sua pergunta inseguro.

- Não, eu não o amo.

- Isso é ótimo! - Ele respirou aliviado. - Obrigada por não amá-lo.

- Me desculpa por esconder tudo isso de você.

- Tudo bem, eu só preciso de um tempo para absorver tudo isso, Annie. Foi um choque descobrir dessa forma.

- Então não vai terminar comigo? Não vai me deixar?

- Eu não consigo.

- Porque não?

- Você não entende? Você é a mulher da minha vida! Eu não sei deixar você. Eu não posso deixar você. - Annie deixou escapar um sorriso de forma involuntária. - Aliás, como quer que eu a chame? Já que seu nome verdadeiro é Helena e não Annie.

- A Helena não existe mais. Ela ficou no passado, agora eu sou a Annie, só Annie. A sua Annie.

Nathan sentiu um monte de borboletas na barriga ao final da fala dela, mas ainda estava um pouco magoado por ela ter escondido a verdade e não esboçou muita reação.

- Tudo bem. Ha mais alguma coisa sobre você que eu deva saber?

- Não que seja tão relevante, mas minha cor favorita é lilás, eu amo dias de chuva e chá quente, apesar de sempre, sempre escolher um café. Dizem que eu tenho os olhos do meu pai e o olhar da minha mãe, meu doce preferido é o de amora, amo assistir competições de xadrez, meu vinho preferido é o Merlot e eu...- Ela se afastou do abraço e virou pra ele antes de terminar a frase. - Eu te amo.

- Não é um bom momento pra me falar isso. - Ele se mexeu no banco lutando contra o turbilhão de sentimentos que apareceu com a declaração dela.

- Deixa eu falar. - Ela pediu quase como uma súplica. - Eu morria de medo de amar você, mas eu amo, Nathan! Guardei isso tempo demais por que não conseguia falar sem você saber quem eu realmente era, sentia que estaria te enganando, mas agora você sabe quem eu sou, eu preciso te falar! Eu amo quando você me faz rir mesmo quando eu não quero, amo quando você fala mais do que escuta, amo como você me trata, amo como me fez voltar a viver, amo acordar do seu lado, com você eu me sinto segura, mesmo quando você não está porque eu sei que se te chamar você vem. Eu sinto muito por ter escondido isso de você, mas só de pensar em não ter você na minha vida doeu tanto que quase não conseguia respirar. Eu só queria que soubesse.

Como ele esperou ouvir aquelas palavras! Annie levantou e cruzou os braços enquanto ele se recuperava do que tinha acabado de ouvir, então ela continuou.

- Eu não falei pra você dizer de volta e nem para que me perdoasse, eu só queria que você soubesse. - Ela repetiu o que ele falou quando se declarou pra ela a primeira vez.

- Obrigada. - Foi tudo o que ele conseguiu responder.

- É melhor eu voltar pra casa, vou te deixar terminar o seu "trabalho". - Ela disse apontando para a casinha que ela estava montando.

Annie se virou e começou a andar pra saída, quando ele a chamou.

- Annie, espera!

Ela se virou e o viu andando na sua direção ainda com a expressão séria. Sem fala mais nada ele a puxou pela cintura e a beijou. Beijou com todo amor que queimava em seu coração, com fogo, paixão, desejo.

- Te vejo amanhã no trabalho? - Ele perguntou quando se afastou do beijo.

- Com certeza, chefe.

Então Annie saiu saltitante e aliviada, o primeiro passo de volta a felicidade foi dado.

SECRETÁRIA DO ANOOnde histórias criam vida. Descubra agora