3 - APRESENTAÇÃO

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Nathan era um homem que chamava atenção, com 1,85 de altura e com seu corpo definido sua presença era do tipo que não passava despercebida. Perdeu a mãe aos 8 anos e cresceu a sombra de um pai autoritário, tendo como companhia a irmã mais velha que tentava tornar sua vida mais facil. Agora a presidência da editora da família seria sua e teria que provar para o pai e para si que daria conta.

Seus olhos escuros começaram a sondar os rostos dos funcionários que ocupavam as cadeiras e Annie tentou se esconder para que não fosse vista, para a sua sorte um dos funcionários da área de T.I tinha quase 2m e estava sentado à sua frente.

- Bom dia a todos. - Ele cumprimentou e foi respondido pelos funcionários - Estou me sentindo extremamente honrado em assumir a presidência da editora, meu pai é minha maior referência e ouvir tudo isso dele me deixa muito feliz. - Seu pai o olhou com um pequeno sorriso no rosto. - Cresci lendo os livros que ele publicava ainda na nossa casa no meio dos meus brinquedos. Depois viemos pra cá e passei a correr por esses corredores que nem eram tão grandes e elegantes assim, a editora fez parte de toda a minha vida. Prometo cuidar bem de tudo o que meu pai construiu com a ajuda de cada um de vocês! Não mudarei o quadro de funcionários ainda, não pretendo demitir ninguém, apenas contratar mais pessoas futuramente e fechar novas parcerias. Agradeço a atenção de vocês e vamos voltar ao trabalho, nossa história só está começando!

Todos o aplaudiram e depois foram saindo do auditório aos poucos cochichando sobre o que tinha acabado de acontecer. Annie foi uma das primeiras a sair, queria evitar ser vista por Nathan o máximo possível então foi se escondendo entre seus colegas, estava com medo de ser demitida e precisava muito daquele emprego, mas suas orações não foram ouvidas por muito tempo.
Foi para a sua recepção e começou seu trabalho sempre atenta em quem passava, até o telefone fixo interno tocar.

- Recepção, bom dia. - Falou assim que atendeu.

- Annie, o senhor Michael está chamando na sala dele. - Karen, a secretária dele falou do outro lado da linha.

Annie engoliu seco pensando na pior das hipóteses, Nathan a teria descoberto e estaria com a carta de demissão em mãos naquele momento.
Ela desligou e foi em direção a sala, suas pernas estavam tremendo por debaixo da saia e o coração palpitando forte, xingando mentalmente aquele homem por ter invadido o seu táxi, justo agora que a vida começou a se ajustar depois de tanta fase ruim ela ficaria desempregada de novo. Deu três batidinhas na porta e entrou na sala da direção.

- Bom dia, senhor. - Ela o cumprimentou entrando.

- Annie, querida. Bom dia! Sente-se, por favor.

Ela assentiu e o obedeceu sentando na cadeira a frente de sua mesa. Michael era um homem bem elegante, seu filho tinha a quem puxar, já tinha 65 anos mas mesmo com a sua idade arrancava suspiros com seus cabelos brancos alinhados e sempre de barba feita. Ele era um homem que não dava muita abertura, sempre sério, mas gostou de Annie desde a primeira vez que ela o recebeu com um sorriso no rosto na recepção e por isso a tratava de forma gentil.

- Então, como você está? Esteve na reunião? - Michael perguntou.

- Estou bem senhor e sim, estive presente na reunião. É uma pena que o senhor vai passar o cargo, fará muita falta.

- Pode ter certeza que também sentirei falta, mas está mais do que na hora de fazer isso, já trabalhei demais nessa vida!

- Entendo. Só posso desejar o melhor para o senhor!

- Obrigado, querida. Então vamos ao assunto pelo qual chamei você? - Ela apenas assentiu, estava com medo mas era melhor ouvir logo - Está na editora vai fazer 7 meses, não é isso? - Ele perguntou.

- Sim, senhor.

- Você tem feito um ótimo trabalho na recepção Annie, é notável os elogios que recebemos, mas...- Michael foi interrompido quando a porta foi aberta por Nathan, que entrou com duas xícaras nas mãos.

- Desculpe a demora pai, o senhor sabe que não resisto a um café! - Ele falou entregando uma das xícaras ao pai e ficando com a outra.

Quando Nathan se virou e olhou para a mulher sentada quase deixou o café cair das mãos. Aqueles olhos castanhos encontraram os seus e por um momento ele quis rir por tanta ironia, como imaginaria que a funcionária que seu pai falou era justo aquela com quem dividiu o táxi a caminho da editora?

- Obrigado! - Michael deu um gole no café e voltou a atenção a Annie - Então, como estava dizendo você tem feito um excelente trabalho, mas acho que não deve mais continuar nesse cargo.

- O senhor disse que não demitiria ninguém. - Ela falou engolindo seco. Foi tão difícil conseguir aquele emprego, maldito Nathan Alexander Johnson! Se pudesse o fuzilaria ali mesmo, tinha certeza mais ainda que ele tinha pedido sua cabeça ao pai. - Eu posso melhorar, sei que agi de forma errada mas a culpa não foi só minha, senhor!

- E quem falou em demissão, mocinha? Você não fez nada de errado e ao contrário do que pensa quero promover você!

- Me promover? Está falando sério? - Seu semblante de surpresa foi nítido.

- Claro! Você é muito pontual, gentil, já entende nossa dinâmica, tem uma ótima escrita, tem disponibilidade de horário. - Um alívio tomou conta do coração de Annie ao ouvir aquelas palavras, mas foi por pouco tempo. - Você me viu apresentar meu filho na reunião, não é? Annie esse é o Nathan e Nathan essa é a Annie, de quem lhe falei. - Fez uma breve apresentação entre os dois. - Estou precisando de uma secretária para ele, já que não consigo abrir mão da minha ainda. O que você acha de ser a secretária pessoal do novo diretor da editora? O salário será três vezes maior do que o que você recebe agora. Trabalhará um pouco mais, claro, mas tenho certeza que dará conta!

Ela olhou para Nathan que bebia seu café sem tirar os olhos dela e sentiu uma sensação estranha. Se questionou se ele estava de acordo com aquilo, ela não o tratou bem quando se conheceram e pensou que esse seria o jeito dele de se vingar a mandando embora no primeiro erro que cometesse. Mas e se não fosse isso? Aquela seria uma chance de ouro! Queria muito crescer lá dentro e aprenderia muito trabalhando direto com o diretor, fora o pagamento que a ajudaria demais!

- E você está de acordo? - Perguntou direto para ele. - Quer dizer, o senhor está de acordo?

- Não tenho nada contra. Você já mostrou o quanto é gentil quando nos conhecemos mais cedo vindo para a empresa e se meu pai diz que você é boa para o cargo eu confio nele. - Ele respondeu sem desviar o olhar.

- Então vocês já se conheceram? - Michael perguntou um pouco confuso com as palavras do filho.

- Não. - Annie respondeu e Nathan falou exatamente o contrário ao mesmo tempo.

- Sim. - Ele disse se divertindo com a situação.

- Sim ou não? - Michael questionou.

- Sim e não. Ela dividiu um táxi comigo a caminho daqui e ainda pagou pra mim, acredita? O senhor sabe como sou esquecido e acabei deixando o celular e a carteira no apartamento da Abby e mesmo sem saber quem eu era a Annie fez essa gentileza. - Ele deu ênfase a palavra gentileza com sarcasmo e ela o olhava sem jeito lembrando da situação - Mas eu também não sabia que ela era a pessoa que o senhor me descreveu como a funcionária perfeita para o cargo.

- Entendi. Eu disse que ela era muito gentil. E então, Annie? Você não é obrigada a aceitar e pode voltar ao seu posto se preferir, mas acho que você seria ótima nessa função! - Michael falou por fim.

Ela demorou alguns segundos pensando, mas seria burrice não aceitar, além do que o dinheiro a mais seria de grande ajuda.

- Se está tudo bem para o seu filho, está tudo bem pra mim.

- Excelente! Muito boa a decisão. Então amanhã mesmo você já começa com ele, pode voltar a recepção agora. O rh vai entrar em contato com você para acertar o novo contrato e pagamento.

- Sim senhor, muito obrigada pela oportunidade. Com licença.

Ela se levantou e saiu, quando passou pela porta soltou a respiração presa no peito, caminhou até a copa para pegar uma água, estava feliz e com medo ao mesmo tempo.

SECRETÁRIA DO ANOOnde histórias criam vida. Descubra agora