Vinte e Sete

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Robyn franziu sua testa, claramente tentando entender o que eu queria dizer, com seus olhos escuros em meu rosto

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Robyn franziu sua testa, claramente tentando entender o que eu queria dizer, com seus olhos escuros em meu rosto.

— Christopher... — ela começou, incerta, em um sussurro, mas se calou quando eu me aproximei ainda mais e deixei um espaço mínimo entre nós.

— Não. Deixa eu falar. — segurei seu rosto entre minhas mãos.

Sentir o contato com sua pele me deu uma sensação de alívio e de tortura ao mesmo tempo.

— Eu sei que tudo o que me envolve é perigoso, e por causa disso, nossa relação também é perigosa. Eu sei que algumas de minhas atitudes até aqui machucaram você, e eu realmente sinto muito por isso... não tinha essa intenção, Robyn. — sou honesto.

Ela pisca com rápido, provavelmente assimilando  minhas palavras. Por um momento, ao vê-la se afastar um passo para trás, penso que acabei de afastá-la para sempre.

— Você é noivo de outra mulher, Christopher. — sua voz é séria. — Eu nem deveria ter aceitado que entrasse a esta hora em minha casa.

O silêncio que pairou entre nós após suas palavras pesava como chumbo. Eu podia sentir a tensão entre nós, quase palpável.

Robyn, porém, ainda estava firme, resistente à ideia que eu estava tentando lhe apresentar. E, honestamente, não a culpava por isso.

Ela se afastou de mim, criando uma pequena distância entre nossos corpos. Seus olhos me estudavam, avaliando cada palavra, cada gesto. Robyn era muito mais do que eu merecia, e naquele momento, eu sabia que não seria fácil convencê-la.

— Me escuta. — eu peço. — Eu não sinto nada por Antonella. — passo a língua por meus lábios. — Não é ela quem está em minha mente. Não é ela quem eu desejo. Não é ela quem eu procuro quando tudo está desmoronando ao meu redor. — meus olhos estão nos seus, minha voz quase quebrando. — É você. E tem sido você desde aquele maldito dia no cassino. — minha respiração é rápida. — Mas, no mundo em que eu vivo, e no lugar para que eu fui criado para estar, não é tão simples, e por isso, eu preciso fazer determinadas coisas.

Eu respirei fundo, sentindo o peso da responsabilidade que carregava em meus ombros. Tudo o que eu tinha construído, tudo o que meu pai havia construído, dependia de decisões cuidadosas e estratégicas.

— Meu mundo é comandado pela Cúpula. — início mais uma vez, em meio a seu silêncio. — Em poucos meses acontecerá as eleições para definir seu novo presidente. Meu pai ocupou o cargo durante muitos anos, mas desde sua morte há um presidente interino, e caso eu, como Don, não tome este lugar de novo, o legado que meu pai levou décadas para construir será desfeito por Famílias que são inimigas. — tento explicar resumidamente minha vida. — Robyn, Antonella é filha de um dos membros mais antigos da Cúpula, e eu preciso de seu apoio. É só isso. — me aproximo dela mais uma vez. — São apenas negócios. — respiro fundo. — Eu não posso deixar todo o sacrifício de meu pai ir por água abaixo.

Ela descruzou os braços, os olhos fixos em mim, mas ainda cheios de resistência. Eu sabia que eram muitas informações, apesar disso, eu torcia para que ela compreendesse.

— Você não percebe... — seu tom é incrédulo. — Você simplesmente usa todos ao seu redor como peões no seu jogo, Christopher. — nega com a cabeça, respirando fundo. — Todos são mantidos conforme seu interesse, de acordo com sua necessidade! — mexe suas mãos. — Olha só para nós! Oh, não existe nós! — sua risadinha é amarga. — Porque eu não passo de alguém que você usa para alcançar seus objetivos, quando te interessa! — aponta o dedo para mim. — Mesmo você dizendo sentir diabos sei lá o que por mim.

Eu tento tocar seu rosto para acalmá-la, mas ela afasta minha mão com rapidez.

— Você não entende! Não é apenas sobre mim! Inúmeras famílias dependem da minha posição! — justifico. — Mas, para fazer o que eu quero e sei que você merece, preciso jogar o jogo. Ele existe muito antes de mim, e por enquanto, não posso mudá-lo!

Robyn morde seu lábio inferior e o solta com calma, então desvia seus olhos escuros para seus pés descalços.

— Ótimo. Então, nós dois já temos uma resposta. — declarou, sua voz crua. — Eu vou cumprir minha parte no acordo sobre o Inspetor. Espero que você faça o mesmo. — se afasta ainda mais de mim. — Agora, por favor, sai da minha casa.

As palavras de Robyn soaram como um golpe final. Cada sílaba parecia cravar uma estaca mais fundo em meu peito, mas eu sabia que não podia culpá-la. Eu estava pedindo o impossível, tentando fazer com que ela entendesse um mundo que era cruel, que exigia sacrifícios que nem sempre faziam sentido.

— Robyn... — minha voz saiu em um tom baixo, quase implorando. Eu dei um passo em sua direção, mas ela ergueu a mão, um gesto que me paralisou.

— Christopher, por favor. — Seu tom era firme, mas havia um tremor sutil, como se estivesse lutando contra suas próprias emoções. — Não tente me convencer com palavras. Elas já não significam nada para mim.

Eu fiquei parado, vendo-a se distanciar emocionalmente, mesmo estando a apenas alguns metros de mim. Era como se uma barreira invisível tivesse se erguido entre nós, algo que eu não sabia como derrubar.

— Eu sei que parece que estou pedindo muito... — tentei argumentar, mas Robyn desviou o olhar para a janela, sua expressão cansada, resignada.

— Não parece, Christopher. Você está pedindo muito. Está pedindo que eu aceite ser uma peça secundária no seu jogo, que eu aceite viver uma vida à sombra das suas escolhas. — Ela voltou a me olhar, seus olhos duros, mas cheios de uma dor que eu sabia que era minha culpa. — Eu não posso viver assim. Não posso me conformar com ser um mero detalhe na sua busca por poder.

Meu coração acelerou, mas ao mesmo tempo senti como se ele estivesse sendo esmagado. Eu sabia que não poderia simplesmente virar as costas para tudo o que estava em jogo, mas também sabia que perder Robyn seria um preço alto demais a pagar.

— Eu vou fazer o que você me pediu sobre o Inspetor. — ela continuou, sua voz agora fria e profissional, como se estivesse estabelecendo os termos de um contrato. — Mas isso é tudo. Não espere nada mais de mim, Christopher. Não enquanto você continuar jogando esse jogo que parece ser mais importante do que qualquer outra coisa.

Eu queria lutar, queria insistir, mas algo em seu olhar me dizia que era inútil. Ela estava determinada, firme em sua decisão, e qualquer tentativa de fazê-la mudar de ideia só pioraria as coisas.

— Robyn, eu... — comecei, mas fui interrompido por sua voz, agora sem qualquer traço de emoção.

— Sai da minha casa, Christopher. — Ela disse, sua voz calma, mas com um tom de finalização que não deixava espaço para discussão.

Eu fiquei ali, parado, por um momento que pareceu uma eternidade, lutando contra a vontade de ignorar suas palavras e tentar mais uma vez. Mas eu sabia que não adiantaria. Ela tinha tomado sua decisão, e eu não tinha o direito de forçá-la a mudar de ideia.

Com um peso no peito, dei um passo para trás, afastando-me de Robyn. Olhei para ela uma última vez, tentando gravar seu rosto em minha mente, antes de finalmente me virar e sair.

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