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•  MAXIME 🔥 •

Mary entra no quarto, e a tensão no ar é quase sufocante. Eu percebo a preocupação estampada em seu rosto, mas não consigo me importar. Meu foco está em outra coisa, em algo maior, mais importante do que qualquer conversa emocional. Sinto que a situação com o Constantine acabou de começar a se desenrolar, mas Mary não percebe a gravidade do que estamos enfrentando. Ela hesita por um momento, como se ponderasse sobre as palavras que vai escolher, e finalmente começa a falar.

— Eu acabei de falar com a Sophie — diz ela, com uma voz cautelosa que tenta medir minha reação. — Ela está devastada, Max. Muito chateada com tudo isso.

As palavras dela são como um tiro que ecoa na sala, mas não deixo nada transparecer. Me movo em direção à janela, mancando um pouco devido aos ferimentos. Olho para as luzes da cidade lá fora, brilhando como diamantes perdidos em meio à escuridão. Não há conforto em lugar nenhum, só mais um lembrete da merda em que estamos metidos. Respiro fundo, tentando manter a cabeça fria.

— E o que você quer que eu faça, Mary? — pergunto, minha voz saindo mais fria do que eu pretendia. — Que eu mude de ideia? Que eu finja que esse mundo não é uma selva e que a criança teria uma chance de viver uma vida normal?

Ela se aproxima devagar, mantendo a calma, mas sei que isso é apenas fachada. Ela me conhece bem — talvez melhor do que eu mesmo me conheço às vezes — mas hoje não estou para brincadeiras.

— Não é isso, Max — ela começa, escolhendo as palavras com cuidado. — Eu só quero que você veja o quanto isso está machucando a Sophie. Ela está lutando sozinha e você é o único que pode realmente apoiá-la agora. Mas você está afastando-a ainda mais. Ela não tem amigos, não tem família... E mesmo assim se entregou a você esperando algo em troca: seu amor!

Finalmente me viro para encará-la. O olhar dela está cheio de preocupação genuína, mas o meu permanece impassível como uma parede de concreto. Não vou entrar nesse jogo emocional, já tomei minha decisão e nada vai mudar isso. A ideia de ser responsável por outra vida neste caos é insuportável para mim. A raiva borbulha dentro de mim enquanto luto contra o desejo de quebrar essa barreira entre nós e deixar claro quem realmente manda neste jogo sujo.

— Você sabe como as coisas funcionam aqui, eu não vou trazer uma criança para esse inferno, Mary. — Minhas palavras são firmes, sem hesitação. — Não importa o que você diga, ou o que Sophie queira. Eu não vou fazer isso.

Vejo a surpresa no rosto de Mary, mas não posso demonstrar que me importo. Sei que ela quer me convencer do contrário, mas isso não vai acontecer.

— Max, por favor, tenta ver o lado dela. Sophie precisa de você. E esse bebê... — Ela faz uma pausa, como se as palavras pesassem mais do que ela poderia suportar. — Esse bebê é uma parte de você também. Talvez seja o único pedaço de normalidade que vocês dois possam ter, uma chance de construir algo que não esteja manchado pelo sangue e pela violência.

Desvio o olhar, sentindo minha mandíbula se contrair como se estivesse mordendo um limão amargo. As palavras dela cortam como uma faca afiada, mas não posso ceder a isso. Não neste mundo cruel e implacável, não com tudo o que está em jogo.

— Não, Mary — respondo, minha voz é um sussurro cortante — Já disse que não quero. Não vou colocar uma criança no meio disso tudo. E não importa quantas vezes vocês tentem me convencer, minha resposta vai continuar sendo a mesma. Não e não.

Mary suspira, derrotada. O som é como um balde d'água jogado em chamas; sei que ela entende que insistir só vai aumentar a tensão entre nós. Mas as últimas palavras dela me atingem com mais força do que eu esperava, como um tiro disparado à queima-roupa.

Amor em tons de cinza [Dark Romance 🔞]Onde histórias criam vida. Descubra agora