Amor Profano - Richard Rios.

Chapter 50: Surpresa.

Richard on.

Sempre quando eu acho que sou capaz de esquecer a argentina, eu falho miseravelmente. Aquilo que ela disse sobre sempre me ver em outras pessoas mexeu comigo, de verdade. Até porque eu mesmo fiz isso. Somos mais parecidos do que eu achava.

No treino, a única coisa que passava na minha cabeça, eram todos os momentos que passamos juntos. Todas as vezes que eu via ela feliz. Eu estava morrendo de saudades do único sorriso que me encantou de verdade. Sentia falta de beijá-la, de tocá-la, de passar um tempo ao seu lado. Querer alguém orgulhoso no seu nível é um caminho perigoso.

- Richard? Tá tudo bem, cara? - Rony me perguntou, parecendo preocupado e me tirando dos pensamentos.

- Eu tô sim. Só pensando muito. - sorri fraco, mas não convincente.

- É a Lívia, né? - assenti com a cabeça. - Fica assim não, daqui a pouco você esquece isso.

E se eu não quiser esquecer? Era difícil saber o que era certo nessa altura do campeonato. A única coisa que sabia era que precisava focar no futebol. Já fomos eliminados da copa do Brasil e da Libertadores, precisamos focar no brasileirão.

- Vai fazer alguma coisa amanhã? - Veiga me perguntou, enquanto desamarrava as chuteiras.

- Tenho compromisso. Sessão de fotos com a Nike. - me olhou surpreso, me fazendo rir.

- É isso aí, Richas.

- Quem pode, pode. - Estevão se intrometeu, dando um leve tapa em meu ombro. - E a Lívia?

- Na casa dela. - evitei tocar no assunto, mas provavelmente não iriam deixar passar. - Não adiantou nada me trancar naquela sala.

- Não aconteceu nada? - balancei a cabeça negativamente, e ele pareceu decepcionado. - Odeio ser filho de pais separados.

- Sou pai de ninguém não. - revirei os olhos, escutando as risadas de Veiga.

- Qual foi, Richard? Negando seu filho? - gargalhamos novamente. - Alguém falou com o Piquerez?

- Ele está bem. - respondeu Mayke. - Mas podíamos fazer uma visita para ele.

- Nosso amigo aqui não pode, vai dar uma de modelo. - Estevão completou.

- Não precisa ser amanhã. Precisamos perguntar que dia ele está livre. - concordaram com a cabeça.

Eu não estava ligando para mais nada, no momento. Aquela mulher alugou um triplex na minha cabeça. De jeito nenhum eu conseguia parar de pensar nela. Eu precisava vê-la, mas de qualquer forma, ainda doía esse lance dela não acreditar em mim. Não a culpo totalmente, mas isso era uma grande mentira. E só de pensar de talvez ela tenha beijado outra pessoa sem nem saber, me faz ficar vermelho de ciúmes.

Esses dias, liguei para Endrick e acabei explicando a situação de um jeito diferente, culpando a argentina sem querer. Não consigo me controlar na hora da raiva.

Uma coisa estranha, era que ele havia me falado sobre as situações estranhas que estavam acontecendo com a Gaby. Parece tem algo a ver com as novas amizades, eu não entendi direito. Mas ele me pediu para perguntar se estava tudo bem com a Liv, por ela não ligar mais para a amiga e ela ficar preocupada. Mas pelo que eu me lembre, quem realmente não respondia, era a Gabriely. Isso estava muito confuso. Vai entender as mulheres.

[...]

Livia on.

Eu e Camila voltávamos do trabalho juntas, e iríamos passar em uma cafeteria para conversar e fofocar sobre a vida. Contei de quando encontrei Wesley ontem, e sobre tudo que ela havia me dito. E por incrível que pareça, ela concordou. Disse que eu tinha que arrumar um jeito de conversar com o colombiano, mas eu preferia morrer do que fazer isso.

- Para de ser orgulhosa. - reclamava, enquanto devorava o croissant.

- Se falar fosse fácil eu estaria aqui com ele, não com você. - ironizei e ela lançou um olhar mortal. - Brincadeira. Mas se fosse você com o Piquerez, por exemplo, você iria? - ficou pensativa por alguns segundos.

- Eu acho que sim. Eu e Piquerez, por mais que a gente se conheça por pouco tempo, confiamos um no outro. Então, eu tenho quase certeza de que ele entenderia o meu lado e eu o dele. - abaixei a cabeça, suspirando fundo. - Mas uma coisa eu ainda não entendi, se você gosta realmente dele, por que se nega a ter uma conversa descente?

- Sinceramente? Nem eu sei. Eu não sei se é medo, mas se for medo, eu não sei do que seria também. É complicado. - beberiquei da xícara de chá que havia pedido. - Parece que o quanto mais a gente tenta ter algo, mais o universo parece querer nós dois longe um do outro.

- Eu entendo, mas se for por isso, você precisa aprender a resolver as coisas conversando e entendendo o lado dele. Se ele afirma que não beijou e que não quer de jeito algum aquela fubanga, acredita nele. Você acha mesmo que se ele quisesse ela, teria só beijado? Que nada. Ele é homem. - isso era verdade. Talvez ele faria muito mais que isso. Ficamos em silêncio até terminarmos de comer.

- Vou tentar conversar com ele. - quebrei o silêncio, e ela me olhou surpreendida. - É sério. Só preciso saber como vou fazer isso sem descontar a raiva nele.

- É assim que se fala.

- Será que eu deveria acreditar que ele não ficou com a Nicole enquanto ela estava no Brasil? - Camila engasgou ao ouvir a pergunta, tossindo desesperadamente. - Por Deus, amiga. Tá tudo bem?

- Tá sim, só desceu pelo lado errado. - limpou os lábios com o papel toalha, parando com a crise de tosse. - Eu acho que você deveria sim.

- Sério? - arqueei a sobrancelha.

- Pareceu convincente? Se ele foi atrás de você, então provavelmente é verdade. - apoiou os cotovelos na mesa. - Mas mudando de assunto, você já conseguiu algum trabalho como fotógrafa?

- Já sim. Estarei tirando fotos para a Nike. - disse sorridente, e ela bateu palmas, parecendo orgulhosa. - Meu sonho é poder tirar fotos dos jogadores do Barcelona.

- Isso já não é mais novidade, Lívia. - gargalhamos juntas. - Mas eu fico feliz que esteja evoluindo com algo que você realmente goste. - deu uma pausa para pedir a conta ao garçom. - E seus pais? Vão mesmo morar aqui?

- Não vão. Tive uma discussão muito feia com eles. E parece que desistiram, vão embora depois de amanhã. - mordi os lábios, e ela segurou em minhas mãos.

- Eu sinto muito por isso, mas saiba que estou aqui sempre que precisar, tá bom? - sorriu ladino, e eu a retribui.

- Tá tudo bem, vai ser até melhor viver a minha vida como antes. Sem interferências do meu pai.

- Homem é fogo.

Ficamos mais um tempo conversando, até Camila me levar para a casa. Precisava descansar para ter finalmente meu primeiro trabalho com algo que eu realmente goste.

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Goleada do verdão merecia um capítulo. Espero que gostem. Não esqueçam de comentar muito. Beijocas 💋 💋