Capítulo 9

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O calor de Hermosillo parecia abraçar a cidade com um afeto ardente, enquanto o sol se erguia sobre as montanhas que cercavam o vale. O verão trazia consigo um perfume de buganvílias e o som distante das cigarras, criando uma sinfonia natural que preenchia o ar. Atílio e Cristina caminhavam lado a lado pelo jardim da casa dos pais dela, um oásis verde em meio à aridez do deserto.

Cristina, com seu vestido leve de algodão branco, ria enquanto Atílio, um pouco nervoso, olhava para ela. O sorriso dela iluminava seus olhos verdes, que refletiam o céu azul-claro. O calor do verão fazia com que algumas mechas de seu cabelo negros grudassem na nuca, mas ela não se importava. Estava feliz, verdadeiramente feliz.

Atílio parou de repente, seu coração batendo mais forte. Ele havia planejado esse momento por semanas, mas agora que estava aqui, as palavras pareciam travar em sua garganta. Cristina, percebendo a hesitação, voltou-se para ele, curiosa.

— O que foi, Atílio? — perguntou ela, seus olhos brilhando com uma mistura de expectativa e preocupação.

Ele sorriu, tentando acalmar o nervosismo. Abaixou-se e, em um gesto que era ao mesmo tempo ousado e cheio de ternura, tirou uma pequena caixa de veludo do bolso. O tempo pareceu parar por um instante enquanto ele abria a caixa, revelando um anel de ouro simples, adornado com uma pequena esmeralda, a pedra favorita de Cristina.

— Cristina, eu... — Atílio começou, mas sua voz falhou. Ele limpou a garganta e continuou, com mais confiança. — Eu te amo desde o dia em que te vi pela primeira vez, e não consigo imaginar minha vida sem você. Você quer se casar comigo no próximo final de semana?

Cristina levou a mão à boca, surpresa e emocionada. Ela desconfiou da movimentação das cunhadas, da sogra e da mãe naquela semana, inclusive de Raquel que insistia em ir a lojas de noivas. Lágrimas brotaram em seus olhos, e por um momento, ela apenas olhou para Atílio, sem palavras. Então, com um sorriso que irradiava felicidade, ela assentiu vigorosamente.

— Sim, Atílio! Sim, eu quero me casar com você no próximo final de semana! — respondeu ela, quase sem fôlego.

Eles se abraçaram, sentindo que naquele momento, nada poderia separá-los. O calor do verão de Hermosillo parecia menos opressor, quase acolhedor, enquanto o amor deles crescia sob o sol inclemente.

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Hermosillo estava mais uma vez quente, mas naquele dia, a cidade parecia estar em festa junto com Atílio e Cristina. As ruas estavam mais tranquilas, como se o calor tivesse diminuído em deferência ao evento especial.

A cerimônia ocorreu na pequena igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, uma construção de pedra clara com portas de madeira esculpidas à mão. Flores brancas e amarelas adornavam o altar, enchendo o espaço com um perfume suave. A igreja estava cheia de amigos e familiares, todos ansiosos para testemunhar a união do casal.

Cristina entrou na igreja ao som de um violino suave, seu vestido de noiva rendado e elegante, refletindo a luz suave que passava pelos vitrais. O véu, preso ao cabelo com delicados grampos de prata, parecia flutuar atrás dela enquanto caminhava até o altar. Seus olhos estavam fixos em Atílio, que a esperava no final do corredor com um sorriso emocionado.

Atílio, vestindo um terno cinza claro, sentia o coração bater mais rápido a cada passo que Cristina dava em sua direção. Quando finalmente ela chegou ao seu lado, ele pegou suas mãos, sentindo a suavidade da pele dela contra a sua. Eles trocaram votos, suas vozes trêmulas de emoção, prometendo amar e cuidar um do outro por toda a vida.

Cristina, deslumbrante em seu vestido de renda, segurava a mão de Atílio, que a olhava com profunda admiração.

— Eu nunca imaginei que este dia chegaria, e agora que estamos aqui, parece um sonho. — olhando nos olhos de Atílio

Um resgate do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora