O clima no QG era tenso, pesado, e os rostos dos agentes refletiam o cansaço e a frustração das últimas semanas. Edgar, Varela e Atílio estavam em uma sala de operações, cercados por monitores exibindo imagens de câmeras de segurança e mapas de rotas. O ar parecia denso, impregnado de uma tensão que se arrastava desde o sequestro de Cristina. A busca implacável por Bruce e a preparação para o julgamento de Aurora, conhecida como "Chacal", sugava cada grama de energia e esperança de Atílio.
Atílio estava encostado na parede, os braços cruzados, o olhar fixo e sombrio. Ele havia pedido insistentemente para falar com Aurora naquela manhã, convencido de que ela sabia onde Bruce estava escondendo Cristina. Mas Varela o impediu, alegando que era um risco muito grande — Aurora poderia manipular Atílio, distraí-lo ou mesmo desviar o foco da missão.
— Varela, não podemos perder essa chance! — Atílio disse, quase rosnando. Sua voz carregava um tom de desespero e raiva, misturados em uma intensidade quase palpável. — Ela é a única conexão direta com ele. Duas semanas, Varela. Duas semanas sem nenhuma notícia da minha esposa! — Varela o encarou, impassível, e respondeu com firmeza.
— Entendo sua dor, Atílio, mas não podemos desviar o foco agora. Aurora é perigosa e manipuladora. Se você entrar lá e falar com ela, quem garante que não será exatamente o que Bruce quer? Esse julgamento precisa acontecer, e você não pode se arriscar dessa maneira.
Atílio deu um passo à frente, com os punhos cerrados, tentando controlar a raiva que queimava dentro dele.
— Você não entende! Ela está lá fora, em algum lugar, nas mãos de um psicopata! E você quer que eu espere? Que eu fique aqui, como um bom soldado, enquanto a única pessoa que pode me dar respostas está a metros de mim?!
Edgar, que observava em silêncio, decidiu intervir, tentando apaziguar a situação.
— Atílio, sabemos o quanto isso está pesando em você. Todos estamos com você. Mas Varela está certo. Não podemos colocar em risco o que temos hoje. Depois do julgamento, vamos encontrar uma maneira de fazê-la falar.
Atílio lançou um olhar furioso para ambos, como seu pai poderia achar que ela em vão o que ele queria naquele momento, mas antes que pudesse responder, uma chamada de rádio interrompeu o momento. Era um dos agentes da escolta de Aurora.
— QG, aqui é a Equipe Alfa. Aurora está a caminho do tribunal. O trânsito está sendo controlado, mas... — a voz no rádio vacilou. — Estamos sendo seguidos. Carros suspeitos, não identificados. Solicito reforço imediato!
O alerta foi suficiente para que todos na sala entrassem em ação. Atílio agarrou o rádio e respondeu com urgência:
— Equipe Alfa, mantenham a posição. Reforço a caminho. Não deixem que eles se aproximem!
Mas, antes que pudessem mobilizar a equipe, tiros ecoaram pelo rádio, seguidos por gritos e o som de vidros estilhaçando. Os monitores exibiam as câmeras de segurança na estrada, onde veículos blindados tentavam proteger o carro que transportava Aurora. Os carros pretos surgiram pelas laterais, atacando a escolta com metralhadoras.
— Droga! — gritou Varela, já ordenando que a equipe se preparasse para a intervenção.
Os minutos que se seguiram foram um caos. Na tela, Atílio viu os carros da escolta sendo atingidos, agentes tombando, o som dos disparos contínuos preenchendo o ambiente. A perseguição se intensificava, e Aurora, protegida no carro blindado, permanecia imóvel, fria, indiferente ao massacre ao seu redor. Ela sabia que Bruce estava por perto, que ele a queria livre, e seu sorriso sutil demonstrava que ela confiava plenamente no plano. Atílio sentiu a raiva ferver dentro dele.
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Um resgate do amor
Hayran KurguUm amor, um evento traumático será que um amor poderá superar isso tudo?