Fechei os olhos e levei à mão a testa, aquelas palavras teve o impacto de uma bomba,fiquei devastada, aquilo não poderia estar acontecendo, estava vivendo um pesadelo.
Minha visão turvou, se eu tivesse em pé teria caído, não posso acreditar que causei tudo isso. Meu coração batia descompassado e minhas mãos suavam frio, tomei o restante da água do copo de Penélope, ela me olhava como se eu fosse uma louca. Mas eu sei que estava sofrendo assim como eu. Ela fez menção de se levantar, eu segurei sua mão. Chamei o garçom e pedi que me trouxesse uísque duplo, precisava de alguma coisa forte. Assim que ele colocou o copo sobre a mesa, virei à bebida âmbar de uma vez, pedi mais um.- Por favor, Penélope fica – ela olhou para mão que segurava a sua.
- O que você ainda quer? – ela voltou a se sentar
- Quero que me ajude
- Quem precisa de ajuda é Cheryl e não você! – ela colocou os óculos no topo da cabeça
- Eu preciso saber o que posso fazer pra ajudar, não queria que nada disso tivesse acontecido.
- Eu avisei pra você se afastar dela, e nem você e nem ela me deram ouvidos.
- O que é esse julgamento? – eu precisava saber o que viria pela frente.
No meu pensamento amor é amor, não importa a raça, situação financeira, ou religião.
O amor deveria ser livre, ela ou eu deveríamos amar quem nosso coração escolhesse independente de qualquer coisa. Mas creio que minha visão é limitada, e há muito mais que isso,é um preconceito que ultrapassa séculos. Ela não pensou duas vezes em colocar sua vida em risco no momento em que decidiu ficar comigo. E isso me faz ama-la ainda mais. Penélope falou me tirando do devaneio, olhei pra ela um tanto atordoada.- Você não prefere almoçar primeiro? Depois de ouvir o que tenho pra falar, talvez você perca a fome – seus cílios enormes piscavam sem parar.
- Eu já perdi a fome! – salientei
- Eu não sei o que você sabe sobre nossa raça, mas tenho certeza que não é nada daquilo que imagina. A história entre vampiros e humanos é muito complexa – ela colocou o cabelo atrás dos ombros e continuou.
- Não sei ao certo onde o primeiro vampiro surgiu, uns dizem que foi na Itália outros dizem que foi na Romênia. Uma coisa é certa, a rivalidade entre humano e vampiros é milenar.
Dizem que os primeiros vampiros fizeram um tratado com os humanos, onde cada um deveria
viver no seu mundo. Humanos com humanos e vampiros com vampiros. Tivemos relatos que
quando um vampiro se apaixonava por uma humana ou vice-versa... (Penélope mudou de assunto).
Como já deve saber depois da transformação de Cheryl, foi difícil continuar em na Itália,ela se rebelou e passou anos vagando,até se esconder em Riverdale. Eu rodei grande parte da Europa a sua procura. Meu falecido marido havia me deixado em uma situação financeira confortável que me proporcionou sair em busca da minha filha. Não tive sorte, ela não queria ser encontrada.
Após tantas buscas em vão, Amom se prontificou a procura-la, eu já estava exausta.
Amom procurou nos lugares mais remotos, onde jamais imaginei. Cheryl estava em Riverdale,na zona sul da cidade,junto com gangue da pesada , não imagino como foi tão longe. Ela estava irredutível dizia que não voltaria mais a Itália,mas prometeu manter contato através de cartas. De tempos em tempos ela escrevia para Amom que me dava noticias que acalmavam meu coração.
Tenho Amom como um filho e o tenho em alta estima. Os tempos foram turbulentos,eu estava enlouquecendo, sem saber o que Cheryl seria capaz de fazer com a própria vida, ou o que sobrou dela, você não imagina como ela ficou, era um farrapa, havia perdido peso e não se importava com mais nada.
Pois bem, quando fiquei doente os médicos haviam me desenganado.Pudera, naquela época não se tinha medicina avançada como hoje, e minha doença era desconhecida. Eu estava com 50 anos, foi com essa idade que deixei minha vida humana.
Amom fez contato com Cheryl e contou da minha doença. Ele ficou comigo enquanto Cheryl não aparecia, eu tive medo de morrer e não fosse ver minha única filha pela última vez.
Amom cogitou a hipótese de me transformar, mas eu não consenti, eu não tinha motivos pra viver. Meu único motivo me abandonou e sumiu no mundo sem explicações. Eu sei que a morte de Heather foi um golpe duro pra ela, e que ela não me perdoava por ter implorado a Amom que a transformasse, tinha consciência disso. Na época não pensei nas consequências, só queria ter minha filha do jeito que fosse.
Eu estava fraca, mas tive forças o suficiente para escrever uma carta e pedi perdão, só havia feito aquilo com a melhor das intenções. Eu não queria que minha filha sofresse e nem que me odiasse.
Assim que finalizei a carta, dobrei em quatro partes e entreguei a Amom, eu tossia sem parar e me deitei novamente, fechei os olhos por um instante que pareceram longas horas.Quando abri, Cheryl estava parada na porta. Achei que fosse uma visão em decorrência do meu estado crítico, eu tive momentos de delírios e alucinações.
Mas não era uma visão era ela, era minha filha, estava diferente, não via sinal daquela moça feliz e apaixonada que era antes de toda aquela tragédia. Estava ainda mais magra desde a última vez, estava cheio de olheiras, usava roupas rasgadas, era como se nada mais importasse,creio que era assim mesmo que ela se sentia.
Ela tocou no ombro de Amom que estava sentado na cadeira ao meu lado, ela se levantou nos deixando a sós. Sentou-se na cama segurando minha mão, uma lágrima correu por minha face. Eu estava tão feliz de vê-la, naquele momento poderia morrer que morreria feliz.
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Vampira CEO
VampireAntoinette em busca da sua independência,vai morar com a melhor amiga da cidade,onde colocou seu currículo em uma empresa.