Capítulo IX

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Aquela revelação mexeu com meu emocional, eu sei que não deveria fazer
julgamentos, mas fiz. Cheryl tocou meu rosto me fazendo olhar pra ela, meus olhos estavam
marejados, eu sentia seu pesar, eu conseguia sentir tudo que estava dentro dela. Eu queria saber cada detalhe.

- Cheryl, você já apagou a memória de alguém? – ela me soltou e sentou atrás da sua mesa se tornando uma mulher imponente.

- Sim – ela entrelaçou os dedos debaixo do queixo

- Me conta? – sentei-me a sua frente

- Isso foi há muito tempo, como eu disse pode causar danos irreversíveis.

- Eu quero saber – insisti

- Foi assim que me transformei – ela começou dizendo.

- Eu ainda não conseguia controlar meus instintos e mal sabia que tinha poderes. Amom me ensinou a lidar com tudo isso, me treinado. Ele passava dias a fio na esperança de me fazer aceitar minha nova condição.
No início fiquei com raiva de mim, de Amom e principalmente da Penélope que implorou para que ele me transformasse. Demorou uma eternidade pra eu me aceitar. Passei um tempo na escuridão, minha sede por sangue era incontrolável e foi aí que descobri o que eu poderia fazer com a mente humana.
Certa vez estava em Londres, ainda me lembro daquela noite, é como se voltasse ao passado, aquela terra fria que combinava perfeitamente comigo, me sentia não só gelada por fora, mas por dentro também, era como se eu fosse oca, e precisava ficar vagando sem rumo,procurando um motivo para não me matar com uma adaga no coração.
Estava saindo de um bar, naquela época eu vivia anestesiada com bebidas, mas nada me fazia esquecer.Passei por um beco escuro e me deparei com uma cena perturbadora, eu poderia ser um mostro, mas nunca, jamais deixaria um homem maltratar uma mulher. Um sujeito aparentemente bêbado estava tentando estuprar uma jovem no meio a penumbra. Eu libertei a jovem dos braços do seu agressor, enquanto ela corria agradecida, eu encostei o bastardo na parede apertando seu pescoço, olhei bem no fundo dos seus olhos. Quando pensei em cravar meus dentes em seu pescoço, senti todas suas emoções e o quanto ele era um ser maligno
obscuro, um ser das trevas como eu. Só com um diferencial, eu jamais abusei de mulheres, ele
sim, várias por sinal. Eu senti que poderia fazer alguma coisa e me aprofundei em sua mente,
através dos olhos. Consegui apagar todo e qualquer pensamento que ele tinha sobre atrair mulheres para armadilhas. Fui além, talvez em um momento de irracionalidade apaguei tudo o que ele tinha naquela cabeça suja, implantando memórias falsas de coisas boas. Eu sei que o mundo ficou bem melhor sem ele, ainda sim minha consciência pesou, por ter mandado aquele asqueroso para um hospício.
Amom me ajudou nos tempos turbulentos, e prometi a mim mesmo que jamais em hipótese alguma usaria esse talento degenerativo de mentes. E foi assim que tudo aconteceu, mas nunca mais me atrevi a usar essa habilidade, já que as consequências são catastróficas.

- Foi assim que aconteceu Toni, se quiser sair por aquela porta e nunca mais me procurar
eu vou entender – ela se recostou na cadeira parecendo exausta.

Apesar de aquela história me sufocar eu jamais poderia me afastar dela, mesmo que eu
quisesse, ela era parte de mim, a pessoa que eu escolhi para estar ao lado, a mulher que eu
amava, apesar de toda aquela bagagem emocional.

- Nunca vou me afastar de você, eu te amo lembra? – contornei a mesa e me sentei em seu colo, ela envolveu minha cintura.

Eu sei que é muita coisa pra você assimilar, ela disse e continuou, mas essa é minha vida, essa sou eu, se eu pudesse teria apagado minha própria memória.

- Não sei o que faria se te perdesse – ela ergueu meu queixo com o dedo e beijou minha boca suavemente.

- Eu só quero que me conte tudo sobre você – mordi seu queixo e ela gemeu.

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