— Você sabe que isso pode ser uma armadilha, certo, Don? — a voz de Dean era firme ao telefone.
Eu tinha plena consciência dessa possibilidade, porque se tratava de um homem que estava tentando a todo custo arranjar uma justificativa para me prender e de uma mulher que acredita que eu tenha destruído sua vida.
Por outro lado, se fosse verdade, eu não poderia deixar Robyn sozinha naquela situação. Afinal, fui eu quem a coloquei naquela posição, para benefício próprio.
Sua voz estava frágil e quebrada, apostava que ela estava em estado de choque quando me ligou. Eu precisava ir até ela, saber o que aconteceu e checar como ela estava.
Eu devia isso a Robyn.
— Eu irei, Dean. — decretei.
Houve um breve silêncio do outro lado da linha, e eu pude quase sentir Dean ponderando sobre suas próximas palavras.
— Don, isto não é uma boa ideia... — ele me alertou, a voz carregada de preocupação. — Se for uma armadilha, pode comprometer tudo. Mas se for verdade, você estará se colocando em uma posição ainda mais perigosa. Robyn pode ser o alvo, mas você também é.
Eu sabia que ele tinha razão. Se houvesse algum traço de racionalidade em mim, eu provavelmente consideraria cada uma dessas palavras. Mas eu já havia decidido. Desde o momento em que ouvi o tom quebrado na voz de Robyn, sabia que não havia outra opção.
— Eu devo isso a ela, Dean. — disse com firmeza. — Eu a coloquei nessa posição e vou tirá-la de lá, independentemente dos riscos.
Dean soltou um suspiro profundo.
— Se é assim que tem que ser, então esteja preparado para qualquer coisa. Estarei a postos, e se precisar de mim, estarei a caminho.
— Obrigado, Dean. — murmurei, desligando em seguida.
Enquanto manobrava o carro, minha mente estava a mil, relembrando todas as conversas que tive com Robyn, todas as vezes que tentei ajudá-la e todas as vezes que ela me rejeitou. Mas agora, ela tinha me procurado, e isso significava algo.
Eu acelerei, tentando abafar as dúvidas que se agitavam dentro de mim. Seja o que for que me esperava naquela noite, eu enfrentaria. Robyn precisava de mim, e eu não iria decepcioná-la.
Antes mesmo que eu pudesse chegar ao prédio onde o policial morava, eu encontrei Robyn, desnorteada e completamente abalada na esquina da rua. Eu desci do carro e fui até ela, que me abraçou com força.
Robyn chorava copiosamente contra meu peito, enquanto eu via seu corpo tremer e eu tentava acamá-la com palavras de conforto, mas não parecia adiantar porque ela só conseguia repetir que havia matado um homem.
— Eu vou cuidar de tudo, não se preocupe. — sussurrei contra seu ouvido. — Vou cuidar de você.
Quando ela ergueu seu rosto, toda a preocupação que eu sentia, naquele momento, se transformou em ódio ao ver sua bochecha marcada e um pouco de sangue seco no canto de sua boca, um olho seu ligeiramente mais fechado que outro.
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FAMÍLIA WAYNE | FINALIZADA
RomanceNa vida de Christopher Wayne, a morte de seu pai não é apenas uma tragédia pessoal, mas uma oportunidade cuidadosamente planejada. Criado desde a infância para suceder seu pai, Christopher retorna a Toronto determinado a não apenas assumir o legado...