Sofia Santino
No instante em que Doarda se aproximou silabando um pedido de desculpas, pensei que minha pressão iria cair e eu desmaiaria, pela imensidão de sentimentos dentro de mim. Em uma madrugada qualquer em que o meu desejo era ficar sozinha, fiquei presa dentro de um elevador com Duda encurralada entre meu corpo e a grande parede prateada.
Eu não queria que aquele momento chegasse ao fim.
Abri meus lábios e pedi passagem com a língua, indo de encontro com a dela. O sabor mais doce que já pude provar agora era sua boca. Tirei as duas mãos que estavam em seu rosto e enrolei meus braços em volta de seu pescoço. Se em algum átimo eu senti frio, agora eu poderia dizer que eu fervia por inteiro. Minha pulsação estava forte, meu coração batia tão rápido que eu via a hora em que ele iria explodir ou fugir do meu peito. Sua mão na minha lombar fez pressão, para me aproximar mais ainda dela e isso deu profundidade no beijo, enquanto a outra percorria até meu cabelo.
A sensação de ter Duda explorando cada canto da minha boca com sua língua, nosso contato, a temperatura aumentando em meu corpo, as mãos suando com o nervosismo, foi uma combinação perfeita para o beijo mais incrível e intenso que eu poderia ter. Paramos o beijo com um selinho, buscando ar, ofegantes. Curvei meus lábios em um sorriso largo e ela contornou com a língua na sua boca.
No momento a boca dela estava levemente inchada e avermelhada por causa do meu batom, os seus olhos verdes fitavam intensamente os meus como se estivessem em guerra, enquanto alguns fios de seu cabelo estavam desgrenhados.
Como um gesto de nervosismo, levanto a mão em direção ao seu rosto e toco em sua pele macia. Ajeito os fios atrás da orelha enquanto ela envolve os braços em meu tronco.
-Algumas vezes não sei responder com palavras Sofi. -suas pupilas estavam enormes pela pouca iluminação.
Antes que eu pudesse responder, o elevador estala e volta com o funcionamento. Permanecemos do mesmo jeito, apenas esperando que o elevador parasse em nosso andar.
E ele parou.
-Ah meu Deus, porra. Que susto. -vejo Lusca na porta nos encarando.
-Ela só... estava vendo se meus poros estavam abertos. -Duda diz e retira as mãos de mim sorrindo levemente.
-Não sabia que observar os poros no meio da madrugada borrava o batom. -Lusca diz virando de costas e andando. Fizemos o mesmo antes que o elevador se fechasse de novo.
-Lusca! -ele olha em nossa direção antes de abrir a porta do apartamento. -O que estava fazendo essa hora prestes a entrar no elevador?
- Eu pensei que o Douglas tinha chegado, fui conferir no elevador. Mas acho que ele chega mais tarde. Agora vem antes que o síndico encha o saco depois.
Nós nos entre olhamos e fizemos uma cara que dizia "tava querendo comer o seu namorado e usou preocupação como desculpa". Assim que entramos os meninos estavam esticados igual bichos no chão e os roncos preenchiam o lugar.
Puta que pariu, como isso é humanamente possível?
-Como vamos deitar aí de novo? -pergunto olhando para o Lusca que tirou uma foto do jeito que eles estavam.
-Eu vou voltar para o meu quarto. Já vocês duas podem dormir no de visitas, só está meio bagunçado.
-Meio bagunçado? Deve ter até rato ali no meio. Nunca vi tanta tralha em um lugar só. -Duda fala e começa a rir tampando a mão com a boca para abafar o barulho.
-Nem vêm. Só está desorganizado, mas está limpinho. Podem entrar lá e descansar. -diz e sai pisando devagar no chão. Duda o acompanha e faz um sinal com as mãos para eu ir também.
-Boa noite, e por favor, se forem se comer não façam barulho. -fecha a porta e sai.
-Todas as caixas de papelão já fabricadas se encontram nesse lugar. -falo olhando para Duda que já estava sentada na cama.
-Tinha que ser no apartamento do tonho do Lusca. -ri pelo nariz e me olha. -Vai deitar do meu lado ou dormir igual vampiro?
-Não ironicamente meu sonho é ser uma vampira. Então escolho a segunda opção.
-Bom que sobra mais espaço para mim. -se deita coloca o celular na mesinha do lado.
-Deixa de ser folgada e chega para o lado. -a empurro levemente. -Boa noite, dudis. Obrigada por hoje.
-Pelo beijo ou pelo vinho? -fala olhando para cima.
-Por ser incrível comigo e também pelo vinho. Não precisava me beijar, não gosto de você. -falo com um tom risonho.
-Então da próxima vez pego uma bala de morango para melhorar o beijo. -ela sorri e direciona o olhar para mim.
-O sabor mais doce que já pude provar era sua boca.
Ela fica em silêncio mas os olhos permanecem fixos aos meus. A pouca iluminação do quarto me fazia enxergar o mínimo, mas coseguia ver seus traços suaves.
Eu percebi o quanto a deixei nervosa e sem palavras. Algumas vezes o silêncio é a melhor opção.-Boa noite, Sofi. Obrigada pela companhia. -diz e logo em seguida toca em meu rosto e se vira para o outro lado para dormir.
Realmente acho que isso é algo momentâneo. Ela não compartilha outros tipos de sentimentos por mim, o que em partes é bom. Não quero acabar com nossa amizade, mas confesso que seria a primeira à arriscar uma coisa nova.
☆
Demorei um tempinho para publicar esse. Primeira vez falando com vocês aqui e é só para avisar que a fic está um pouquinho longe de acabar e que não será tudo tão fácil. Espero que estejam gostando da maneira como escrevo e como a história está decorrendo. :)
Obrigada pelos comentários, curtidas e interações no geral.P.s: as leituras só aumentam e ameaças por um possível final trágico também. Mas se acalmem, ninguém vai morrer.
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Entre sonhos e realidades - Soarda
Fiksi PenggemarEntre risos, confidências e desafios emocionais, as duas exploram o que significa amar e ser livre em um mundo que muitas vezes parece sufocante. Enquanto Doarda se confronta com seus medos e desejos, ela descobre novas facetas de si mesma e do amor...