Um eu bem mais leve

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Chame isso de pura sorte, mas amor, você e eu

Nem mesmo estragaremos nada, mesmo que a gente tente

Não, nem sempre acontece do jeito que planejamos

Mas os lobos vieram e foram embora e ainda estamos de pé

The Bones - Maren Morris with Hozier

Respiro fundo e mostro novamente a foto pelo visor da câmera. A jovem olha e finalmente sorri afetada.

— Adorei!

Assinto e forço um sorriso para falar com todos, mas é claro que sou interrompido.

— O que acha dessa pose aqui? — ela corre para a cadeira acolchoada e se acomoda em uma posição que a deixa parecendo uma boneca quebrada.

— Depois dessa teremos que encerrar, ok? — meu assistente informa alto o suficiente para que a jovem escute.

Dou-lhe algumas instruções para que não pareça tão contorcida na foto, ela obedece e finalmente olha para a própria imagem na câmera se dando por satisfeita.

— É isso, pessoal — anuncio para o grupo, todos vestidos com beca e capelo. — Encerramos aqui, muito obrigado pela paciência e atenção. Vamos entrar em contato com vocês em breve com a prévia das fotos.

O burburinho começa, todos tirando a beca e soltando o capelo de lado. Estamos exaustos. Os universitários, eu e minha equipe. Me viro para Maria, uma das minhas assistentes e peço para começar a recolher o material com Rafael enquanto guardo as câmeras e lentes usadas.

O grupo vai saindo lentamente do estúdio, agradecendo e já ansiosos pelas prévias das fotos para o álbum de formatura da turma. Quando desmonto o último tripé e me viro para meus assistentes, estamos sozinhos e o espaço parece organizado depois de um dia inteiro de muito trabalho com quase trinta pessoas perambulando pelo estúdio.

Instruo sobre os pontos que vamos nos concentrar para entregar as prévias desse ensaio e Maria repassa nossos próximos compromissos para a semana, além de lembrar da reunião importante que acontecerá e poderá nos colocar como fotógrafos oficiais de uma marca bem reconhecida.

— É isso, vamos torcer para que eles gostem do portfólio que ela vai entregar — Maria disse e continuou com a voz sonhadora. — Conte para nós como é estar com a mulher mais sensacional da Terra, Cézar.

— As mulheres mais sensacionais — corrijo.

— Nossa, ele parece tão idiota com esse sorriso assim quando fala das mulheres dele — Rafael ri para Maria.

— Eu ainda estou bem aqui — digo fingindo uma expressão chocada com suas palavras.

Ele levanta as mãos como que se rendendo.

— Achei que aquela mulher nunca ia gostar de uma foto da própria cara — brinca Maria, mudando de assunto. — Quantas fotos tirou dela?

— O suficiente para encher os álbuns de toda a turma apenas com as fotos dela — reviro os olhos.

Maria e Rafael riem e balançam a cabeça em negativa.

— Vamos sair para beber — oferece Rafael e quando balanço a cabeça em negativa é a vez dele revirar os olhos. — Vamos lá, Cézar.

— Cézar não vai porque o amorzinho dele não está em casa — Maria faz uma voz teatral.

— Amor, oh, meu querido amor, onde estás? — Rafael a imita como se estivesse também em uma peça.

Doce AmargoOnde histórias criam vida. Descubra agora