Se eu pudesse engarrafar, engarrafar isto, eu faria
Eu guardaria isso, guardaria isso, eu guardaria
Pois você está maravilhosa neste momento
Se eu pudesse engarrafar este momento, eu faria
Fresh Eyes - Andy Grammer
Tranco a porta de casa apressado. Devia estar no estúdio há pelo menos meia hora, mas acordei mais tarde do que pretendia. Apalpo os bolsos do jeans buscando pela chave do carro quando escuto uma das vizinhas.
— Tomou café da manhã, gatinho?
Tenho vontade de rir. A mulher não deve ter muito mais do que 25 anos e ainda olha para mim me chamando de "gatinho".
— Vou comprar algo no caminho, Susanna, obrigado — digo educadamente encontrando enfim a maldita chave.
— Posso fazer algo delicioso para você — sua sugestão definitivamente tem muito por trás.
Apenas agradeço justificando que já estou muito atrasado e entro no carro rapidamente. Essa mulher sabe mesmo ser insistente. Em momentos assim, gosto quando ela está comigo. Susanna sempre evitar falar comigo quando ela está ao meu lado. A saudade aperta em mim e dou partida no carro em direção ao estúdio.
Entretanto, o dia não está de bom humor comigo. Enfrento engarrafamento no caminho, preciso fazer umas fotos de um local que fica do outro lado da cidade, o que significaria mais horas no carro em outro trânsito infernal. No fim da manhã, estaciono o carro e suspiro, exausto com a manhã corrida.
Abro a porta e saio do veículo, trancando-o em seguida e passando pelo portão largo e colorido. Poucas crianças restantes passam por mim correndo e quando vejo a mochila lilás cheia de gliter abro um sorriso imenso, o coração finalmente encontrando o compasso específico para cada vez que a vejo.
Mas sua expressão não é uma das melhores. Ela está enfurecida, sua boca em formato de coração se franze formando um pequeno bico e vira o rosto quando me abaixo para ficar da sua altura.
— Tá atasado — reclama.
— As ruas estavam com muitos, muitos carros. Eu vim bem rápido, super veloz, mas os carros na minha frente estavam muito devagarzinho — justifico. — Você me desculpa?
Seus olhos voam para mim e se desviam tão rápido quanto.
— Não sei.
— E se eu disse que podemos tomar sorvete hoje depois do almoço?
Sua cabeça se vira para mim rapidamente com um sorriso enorme.
— De chocolate?
Rio alto.
— Sua pequena interesseira...
Diana pula e se joga em meus braços, laçando meu pescoço.
— Era bincadeirinha, papai. Juro juradinho, viu?!
Enlaço seu corpinho com um braço e com o outro pego a mochila esquecida, colocando as alças em meu ombro livre e a levo para o carro. A coloco sentada na cadeirinha infantil, sua mochila ao lado e finalmente me sento atrás do volante.
— Floues! — seu gritinho agudo ecoa no carro.
— Flores para a mamãe — digo ao dar a partida.
— Também fiz uma surpresa para a mamãe — conta animada.
— Uau, ela vai amar, querida — a olho pelo espelho retrovisor.

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Doce Amargo
Короткий рассказDoce Amargo - Parte I Com mais de sete anos ao lado da mesma pessoa, é possível pensar que a conhece. Mas Cézar jamais imaginou que estava tão enganado quanto a isso. Não passava por sua cabeça que Sabrina, a mulher que aceitou construir um futuro a...