𝐋𝐢𝐬𝐤𝐨𝐨𝐤 | Lalisa finalmente encontrou alguém que a interessasse. Mas, embora seja autoconfiante em vários outros aspectos da vida, carrega nas costas uma bagagem e tanto quando o assunto é sexo e sedução. Não vai ter jeito: ela vai ter que sa...
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A temperatura parece ter caído uns vinte graus desde que entrei na Bristol House até o momento em que saí, feito um furacão.
Uma rajada de vento cortante me atinge o rosto e gela as pontas das orelhas, enquanto marcho em direção ao estacionamento.
Está vendo? É por isso que evito o drama que é ter uma namorada. Deveria estar nas nuvens agora, porque trucidamos o time de Harvard. Em vez disso, estou chateado, frustrado e mais nervoso do que imaginava. Lisa está certa — estávamos só nos divertindo. Do mesmo jeito que estava só me divertindo com Kendall, ou com a garota antes dela, ou com a garota antes dela. Nem pestanejei antes de terminar com qualquer uma delas, então por que estou tão chateado agora?
Mas ainda bem que saí de lá. Estava prestes a me passar por um completo idiota. Dizendo coisas que não deveria, correndo o risco até de implorar. Meu Deus.
Desse jeito vou acabar virando um pau-mandado.
Estou na metade do caminho até o carro quando ouço ela chamando meu nome.
Meu peito se aperta. Viro para trás e vejo-a correndo pela trilha da Bristol House até o estacionamento. Ainda está de pijama — uma calça xadrez e uma camiseta preta com notas musicais amarelas na frente.
Fico tentado a continuar andando, mas a visão dos seus braços nus e as bochechas coradas pelo frio me irrita ainda mais do que a nossa briga.
— Caramba, Lalisa – reclamo, quando me alcança. — Você vai pegar um resfriado.
— Isso é mito. – retruca. —Tempo frio não causa resfriado.
Mas está visivelmente tremendo, e, quando envolve os braços em torno de si mesma e começa a esfregar a pele nua para se aquecer, solto um resmungo de aborrecimento e tiro meu casaco depressa.
Rangendo os dentes, passo-o por cima dos ombros dela.
— Aqui.
— Obrigada. – Parece tão irritada quanto eu. — Qual é o seu problema, Jungkook? Você não pode simplesmente ir embora feito louco no meio de uma discussão séria!
— Não tinha mais nada pra discutir.
— Mentira. – Ela balança a cabeça com raiva. — Você não me deixou falar!
— Deixei sim. – respondo, categoricamente. — E, vai por mim, você disse o bastante.
— Nem lembro o que falei. Sabe por quê? Porque você me pegou totalmente desprevenida e nem sequer me deu um segundo para pensar.
— E o que tem para pensar? Ou você tá a fim de mim, ou não tá.
Ela solta um barulho frustrado.
— Você não tá sendo justo de novo. Só porque de repente você decidiu que tá pronto para um relacionamento e que devemos ficar juntos, não significa que vou gritar ‘Êêê, uhu!’ feito uma garota de fraternidade. Você obviamente teve tempo para pensar sobre isso e assimilar a ideia, mas não me deu nem um segundo. Só invadiu meu quarto, fez um monte de acusações e foi embora.
Sinto uma pontada de culpa. Lisa não deixa de ter razão. Vim hoje aqui sabendo exatamente o que queria dela.
— Desculpa não ter avisado sobre o encontro com Justin. – acrescenta, baixinho. — Mas não vou me desculpar por precisar de mais do que cinco segundos para avaliar a possibilidade de enxergar nós dois como um casal.
Minha respiração sai numa nuvem branca de condensação que logo se deixa levar pelo vento.
— Desculpa por ter saído correndo. – admito. — Mas não vou me desculpar por querer ficar com você.
Seus lindos olhos verdes avaliam meu rosto.
— Você ainda quer?
Faço que sim. Então engulo em seco.
— E você?
— Depende. – Ela deita a cabeça. — Vamos ter exclusividade?
— Claro, não tem nem discussão. – digo, sem hesitar. A ideia de Lisa com outra pessoa é como uma punhalada na barriga.
— Você concorda que devemos ir devagar? – Ela muda o peso da perna, sem jeito. — Porque com o festival chegando, e as férias, as provas, sua escala de jogos… vamos começar a ficar ocupados, e não posso prometer ver você todos os segundos do dia.
— A gente se vê quando der. – digo, simplesmente.
Estou surpreso com a calma em minha voz, com o quão contido permaneço, embora haja milhares de borboletas agitadas batendo asas na minha barriga e gritando sim, sim, sim a todo volume. Caramba.
Estou prestes a complicar minha vida inserindo uma namorada nela, mas, de alguma forma, estou cem por cento tranquilo com isso.
— Então tudo bem. – Lisa sorri para mim.
— Vamos oficializar. – Uma nuvem negra obscurece um pouco minha felicidade. — E Justin?
— O que tem ele?
— Você disse que ia sair com ele. – respondo, entredentes.
— Na verdade, desmarquei o encontro antes de vir aqui fora.
As borboletas dentro de mim levantam voo de novo.
— Desmarcou?
Ela assente com a cabeça.
— Então não tá mais toda caidinha por ele?
Um lampejo de humor brilha em seus olhos.
— Tô toda caidinha por você, Jungkook. Só você.
E, simples assim, minha ansiedade desaparece e se transforma numa explosão de alegria pura que me traz um sorriso aos lábios.
— Eu sabia que estava.
Revirando os olhos, ela se aproxima e esfrega o rosto frio contra meu queixo.
— Agora será que a gente pode voltar lá para dentro? Minha bunda tá congelando e preciso do meu fluffer para me esquentar.
Estreito os olhos.
— O que você falou?
Ela pisca, fazendo cara de inocente.
— Ah, desculpa. Eu falei fluffer? – Um sorriso ilumina todo o seu rosto. — Quis dizer namorado.