32 - Jungkook

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A temperatura parece ter caído uns vinte graus desde que entrei na Bristol House até o momento em que saí, feito um furacão

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A temperatura parece ter caído uns vinte graus desde que entrei na Bristol House até o momento em que saí, feito um furacão.

Uma rajada de vento cortante me atinge o rosto e gela as pontas das orelhas, enquanto marcho em direção ao
estacionamento.

Está vendo? É por isso que evito o drama que é ter uma namorada. Deveria estar
nas nuvens agora, porque trucidamos o time de Harvard. Em vez disso, estou
chateado, frustrado e mais nervoso do que imaginava. Lisa está certa — estávamos só nos divertindo. Do mesmo jeito que estava só me divertindo com Kendall, ou com a garota antes dela, ou com a garota antes dela. Nem pestanejei antes de terminar com qualquer uma delas, então por que estou tão chateado agora?

Mas ainda bem que saí de lá. Estava prestes a me passar por um completo
idiota. Dizendo coisas que não deveria, correndo o risco até de implorar. Meu Deus.

Desse jeito vou acabar virando um pau-mandado.

Estou na metade do caminho até o carro quando ouço ela chamando meu
nome.

Meu peito se aperta. Viro para trás e vejo-a correndo pela trilha da Bristol House até o estacionamento. Ainda está de pijama — uma calça xadrez e uma camiseta preta com notas musicais amarelas na frente.

Fico tentado a continuar andando, mas a visão dos seus braços nus e as bochechas coradas pelo frio me irrita ainda mais do que a nossa briga.

— Caramba, Lalisa – reclamo, quando me alcança. — Você vai pegar um resfriado.

— Isso é mito. – retruca. —Tempo frio não causa resfriado.

Mas está visivelmente tremendo, e, quando envolve os braços em torno de si  mesma e começa a esfregar a pele nua para se aquecer, solto um resmungo de aborrecimento e tiro meu casaco depressa.

Rangendo os dentes, passo-o por cima dos ombros dela.

— Aqui.

— Obrigada. – Parece tão irritada quanto eu. — Qual é o seu problema, Jungkook? Você não pode simplesmente ir embora feito louco no meio de uma discussão séria!

— Não tinha mais nada pra discutir.

— Mentira. –  Ela balança a cabeça com raiva. — Você não me deixou falar!

— Deixei sim. –  respondo, categoricamente. — E, vai por mim, você disse o bastante.

— Nem lembro o que falei. Sabe por quê? Porque você me pegou totalmente
desprevenida e nem sequer me deu um segundo para pensar.

— E o que tem para pensar? Ou você tá a fim de mim, ou não tá.

Ela solta um barulho frustrado.

— Você não tá sendo justo de novo. Só
porque de repente você decidiu que tá pronto para um relacionamento e que
devemos ficar juntos, não significa que vou gritar ‘Êêê, uhu!’ feito uma garota de
fraternidade. Você obviamente teve tempo para pensar sobre isso e assimilar a ideia, mas não me deu nem um segundo. Só invadiu meu quarto, fez um monte
de acusações e foi embora.

Sinto uma pontada de culpa. Lisa não deixa de ter razão. Vim hoje aqui sabendo exatamente o que queria dela.

— Desculpa não ter avisado sobre o encontro com Justin. – acrescenta, baixinho. — Mas não vou me desculpar por precisar de mais do que cinco segundos para avaliar a possibilidade de enxergar nós dois como um casal.

Minha respiração sai numa nuvem branca de condensação que logo se deixa
levar pelo vento.

— Desculpa por ter saído correndo. – admito. — Mas não vou me desculpar por querer ficar com você.

Seus lindos olhos verdes avaliam meu rosto.

— Você ainda quer?

Faço que sim. Então engulo em seco.

— E você?

— Depende. – Ela deita a cabeça. — Vamos ter exclusividade?

— Claro, não tem nem discussão. – digo, sem hesitar. A ideia de Lisa com
outra pessoa é como uma punhalada na barriga.

— Você concorda que devemos ir devagar? – Ela muda o peso da perna, sem jeito.
— Porque com o festival chegando, e as férias, as provas, sua escala de jogos…
vamos começar a ficar ocupados, e não posso prometer ver você todos os
segundos do dia.

— A gente se vê quando der. – digo, simplesmente.

Estou surpreso com a calma em minha voz, com o quão contido permaneço, embora haja milhares de borboletas agitadas batendo asas na minha barriga e gritando sim, sim, sim a todo volume. Caramba.

Estou prestes a complicar minha vida inserindo uma namorada nela, mas, de alguma forma, estou cem por cento
tranquilo com isso.

— Então tudo bem. – Lisa sorri para mim.

— Vamos oficializar. – Uma nuvem negra obscurece um pouco minha felicidade. — E Justin?

— O que tem ele?

— Você disse que ia sair com ele. – respondo, entredentes.

— Na verdade, desmarquei o encontro antes de vir aqui fora.

As borboletas dentro de mim levantam voo de novo.

— Desmarcou?

Ela assente com a cabeça.

— Então não tá mais toda caidinha por ele?

Um lampejo de humor brilha em seus olhos.

— Tô toda caidinha por você, Jungkook. Só você.

E, simples assim, minha ansiedade desaparece e se transforma numa explosão de alegria pura que me traz um sorriso aos lábios.

— Eu sabia que estava.

Revirando os olhos, ela se aproxima e esfrega o rosto frio contra meu queixo.

— Agora será que a gente pode voltar lá para dentro? Minha bunda tá congelando e
preciso do meu fluffer para me esquentar.

Estreito os olhos.

— O que você falou?

Ela pisca, fazendo cara de inocente.

— Ah, desculpa. Eu falei fluffer? – Um sorriso ilumina todo o seu rosto. — Quis dizer namorado.

As palavras mais bonitas que já ouvi na vida.

×××
¹ Beijinhos 💋

O Acordo - LiskookOnde histórias criam vida. Descubra agora