Capítulo 9

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"Evitar o perigo não é, a longo prazo, tão seguro quanto expor-se ao perigo. A vida é uma aventura ousada ou, então, não é nada."

-Helen Keller

16 de abril de 1871

Lily acordou com uma euforia aquela manhã ao mesmo tempo que uma aflição constante. Os motivos? Winona a beijou e disse a ela que estava apaixonada... e o maldito cartaz do governador.

Precisava conversar com seu pai à respeito do que o governador começou. Ele ia mesmo quebrar o tratado de paz por causa da porra do ouro. Lily sabia que o seu pai era a única esperança, o Xerife Charlton era um pau mandado e faria tudo por dinheiro e pra ficar bem na fita com o prefeito. Seu pai era um homem de princípios, honesto, sempre foi respeitoso, nunca o ouviu chamar os nativos de selvagens ou se referir a eles de forma pejorativa mesmo que os considerassem inimigos. Ele entendia os limites de um tratado de paz... era paz e não uma amizade obrigatória. Um respeito mútuo, silencioso e frágil... que estava prestes a ser quebrado.

O galo cantava quando Lily já voltava pra casa com dois baldes cheios de leite depois de tirá-los das vacas na fazenda. Era meio atípico fazer aquilo tão cedo, mas precisava ocupar a mente. Depois disso, passou o café e já estava pronto quando os pais se levantaram.

Acho que vai chover hoje. Lily acordou cedo.— O pai disse num tom brincalhão e a sua esposa deu uma risada.

Ah, para.— Lily protestou. —Não é como se eu não fizesse nada para vocês.

—É brincadeira, meu bem.— sua mãe disse em meio a risada.

Lily amava o café da manhã com sua família. Um café quente, pão com queijo caseiro, e a música dos passarinhos diurnos voando ali por perto, dava até vontade de tocar um violão pra acompanhar o som dos pássaros, não tinha coisa melhor…

Talvez apenas os beijos de Winona…

Foi naquilo que ficou pensando a noite inteira, nos beijos daquela mulher. Quase não acreditava que tudo aquilo não passou de um sonho… que realmente tinha acontecido.

Por que está com as bochechas vermelhas?— Daisy perguntou à filha enquanto todos estavam sentados à mesa comendo.

Hã? A-ah! O… café está quente… só isso…— Lily bebeu um gole exagerado do café que desceu queimando pela garganta.

Podia jurar que estava pensando coisa errada.

Lily se engasgou ao ouvir a mãe dizer aquilo.

Minha princesa está apaixonada?— Morrison perguntou. —Matarei o homem que roubou seu coração, minha filha.

Lily riu nervosamente, Winona tinha sorte de não ser um homem.

Mãe, pai.—Lily chamou, precisava mudar de assunto. —Vocês viram o cartaz que está circulando na cidade?

Cartaz?— Daisy perguntou.

É… o próprio governador mandou divulgar… pelo que eu vi estão procurando trabalhadores pra trabalhar na mina que o Peter encontrou.

Mas que absurdo!— Morrison exclamou largando sua caneca de café. —Anos de sofrimento para conseguirmos esse tratado de paz e esse… governadorzinho de merda decide uma coisa dessas? Filho da puta!

Querido, olha essa boca!

Desculpa, caralho!— Ele exclamou, Lily sabia exatamente de quem puxou aquela boca suja. —Mas é foda!

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