"A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado."
-SênecaSuzanna foi embora depois de Lily passar quase uma hora inteira nos seus braços, enquanto a amiga apenas escutava e aconselhava, chorar por muito tempo deixou sua cabeça latejando, mas quando acordou no dia seguinte se sentiu melhor, talvez não devesse se preocupar tanto, certo?
Sua cabeça não doía tanto e a cicatrização do machucado estava indo bem, não sendo necessário o curativo na testa, mas o ombro ainda permanecia dolorido e não conseguia mover direito, um tiro realmente causava um prejuízo e tanto, mesmo quando não era letal.
Após se lavar e se trocar, decidiu que estava na hora de sair de seu quarto e voltar a ajudar em casa, ajudou a mãe a tirar os leites das vacas. Apesar do ombro doendo gostou de fazer isso.
Ultimamente manter a mente ocupada trazia um certo alívio, trabalhar ao ponto de não pensar demais ou apenas se manter na ignorância para não se decepcionar.
Ainda naquela manhã recebeu uma arma nova, seu pai afirmou que foi um presente do Xerife pela bravura dela de ter protegido o local dos bandidos que agora estavam presos, Lily guardou em seu coldre, mas torcia para não ter que usar um revólver nunca mais.
Queria ver Winona, o que tinha acontecido na tarde anterior aumentou mil vezes mais o seu desejo por ela, mas ainda era muito cedo e quando o pai perguntou se ela queria acompanhá-lo até ao vilarejo, não pensou duas vezes antes de aceitar.
Uma das melhores sensações para Lily era cavalgar em dias frios ou chuvosos, quando corria a cavalo a sensação de liberdade era… inexplicável.
Quando já estava montada em Epona a caminho do vilarejo e o pai no cavalo dele, uma breve conversa se iniciou.
—Suzanna disse que você não estava se sentindo bem ontem a noite… tem certeza que está melhor agora?— Morrison iniciou.
—Estou bem, pai… foi só uma dor de cabeça.— Lily respondeu sem olhá-lo.
—Eu te ouvi chorar… tem certeza que foi só uma dor de cabeça?
—Eu…— Lily respirou fundo, nunca foi boa em mentir para o seu pai. —Só tenho pensado muito.
—Hum… e eu posso perguntar o que seria?
—Acredite, é melhor se o senhor não souber. Só digamos que ando com muita coisa na cabeça por causa dessa caça ao ouro…
—Entendo.—Ele diminuiu um pouco a velocidade do cavalo, aproximando um pouco mais de Epona, agora cavalgavam lado a lado. —Pode confiar em mim pra qualquer coisa, filha.
—Eu sei pai… eu te amo por isso, mas… por enquanto prefiro não dizer.
—Tudo bem. Quem sabe mais tarde...
—Obrigada por ser meu pai.— Lily sorriu olhando para o mais velho. —Juro que se não fosse por você e pela mamãe eu provavelmente estaria birutinha agora.
Morrison riu.
—Mas você já é birutinha, meu bem.Assim como o pai, Lily riu.
Quando criança teve diversos episódios em que estava hiperativa demais para se conter, como o caso do bar em que se encheu de vinho sem permissão ou quando caiu do cavalo após desobedecer a mãe. Durante a adolescência esses casos aumentaram e jurava que deixaria os pais loucos pelos seus episódios de fuga. Como Suzanna costumava fugir da escola para namorar, Lily também fugia, mas porque gostava de conhecer novos lugares e a floresta sempre a atraiu. Talvez estivesse destinada a conhecer Winona desde sempre, só não sabia ainda.
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Estrela do Oeste | Sáfico
Romance"-E se eu puxar o gatilho? Se eu acabar com tudo agora...?" Em Great Tilbury, no Velho Oeste estadunidense em 1871, o pavio é aceso depois que um jovem rapaz encontra ouro em território indígena. Esse achado desperta o olhar dos cowboys e foras da l...