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Na manhã seguinte, Juliette não foi ao desjejum e ficou no quarto reclusa. Avisou ao pai que não tinha disposição para nada.

- Ela está doente? - Rodolffo quis saber.

- Não acho que esteja. Ela só quer pintar e ficar sozinha. Se quiser ficar conosco...

- Vou em casa. Se ela quiser algo comigo, é só me chamar.

- Está bem.

Rodolffo ficou olhando ainda na direção que Juliette sempre vinha todas as manhãs. Sempre tinha muitos planos e hoje só o silêncio ocupou o seu lugar.

...

Quando George viu que a filha não saia do quarto, foi até ela e achou a porta fechada.

- Filha abre a porta para o papai. - George disse com paciência.

- Não quero ver o senhor.

- Juliette... Abra esse quarto agora senão arrombo a porta.

Juliette ainda demorou a abrir, mas depois resolveu.

- Que comportamento é esse de não querer me ver? Desde quando deixei de ser importante?

- O senhor é mentiroso.

- Mentiroso por quê?

- Não ama a minha mãe.

George sentiu uma sensação ruim.

- Juliette que conversa é essa?

- Não ama a minha mãe. É tudo mentira sua.

George ficou furioso.

- Você é curiosa, mas não pode ter ouvido a minha conversa ontem... Juliette...

- O senhor e o Rodolffo são iguais. Perderam a minha estima.

George nunca cogitou bater em Juliette, mas naquele momento não o fez por pouco.

- Nunca lhe coloquei de castigo, mas agora a coloco. Fica aqui até enquanto eu achar que deve. Não pode escutar coisas que não são do seu interesse. Você ainda é muito jovem para ouvir uma conversa de homens. Ah Juliette... Sinceramente estou desapontado contigo e peça a Deus para eu ter misericórdia e não arrumar um noivo para ti ainda hoje.

- O senhor incentivou o Rodolffo. Eu ouvi.

- Ele não vai fazer sua tonta. Você não sabe de nada. Esse dom não herdou do seu pai. Reflita Juliette... Reflita.

George saiu e fechou a porta na chave. Juliette chorou por estar trancada. Ele também chorou por fazer isso com ela.

...

Uma semana se passou.

Todos os dias Rodolffo ia a casa de George, mas nunca via Juliette ou recebia suas ordens.

- O senhor disse que ela não está doente...

- Não está. Ela só ficará um tempo sozinha para refletir sobre a vida.

- Ela não gosta de ficar sozinha assim. Juliette não combina com o silêncio.

- Ela ficará bem. Agora terá uma missão importante. Escolherá dois bons cavaleiros para entregar os convites do Debut da minha filha. Na casa que houver um rapaz solteiro, eu quero que esse convite chegue.

Rodolffo ficou sem reação.

- Juliette precisa conhecer pretendentes. Meu desejo sempre foi que ela casasse aos 18 anos, mas estou tentado a mudar de ideia.

- O senhor pense bem...

- Estou pensando.

Rodolffo ficou triste. Mas ele sabia onde ficava o quarto de Juliette e olhou em direção de lá antes de ir embora. Precisava vê-la.

...

Rodolffo se incumbiu de ir deixar alguns convites. Chegou na casa de George um pouco tarde e o mesmo o convidou para jantar.

- Fica tarde para eu retornar a casa... Acho melhor ir embora.

- Se ficar tarde é só dormir. Já fez isso tantas vezes. - George incentivou.

Rodolffo ficou. Jantou e sentiu a falta de Juliette. George conversou com ele até o sono lhe abater e depois se recolheu para dormir, mas antes de ir deixou uma chave na frente de Rodolffo.

- Até amanhã meu caro.

- Até George.

Rodolffo foi até o seu quarto habitual, mas não dormia de jeito nenhum. Para as tantas fez uma loucura. Retornou ao lugar que tinha a chave e a segurou na palma da mão.

- Deus... Eu preciso vê-la.

George estava quase dormindo e soltou um suspiro com um "finalmente" mental, enquanto Rodolffo caminhava em direção ao quarto de Juliette.

Com a chave encaixando perfeitamente na fechadura, ele disse:

- Só vou olhar para ela. Não há nenhum mal nisso. - Foi com esse pensamento que entrou no quarto e George estava logo atrás.

...

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