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GIZELLY
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Minhas noites com Rafaella eram a única paz que eu tinha. Meus dias eram um tumulto de trabalho e caos. Passei o último mês eliminando suspeitos para o traidor, descobrindo como que alguém criou um dispositivo semelhante a Scylla, qual era a conexão desse
alguém com o perseguidor de Rafaella e rastreando o próprio perseguidor. Eu já tinha uma lista de suspeitos para o vazamento. Cada nome fazia meu sangue gelar, mas eu tinha que ter cuidado com a forma como lidava com a situação. Eu não poderia fazer um movimento público até ter certeza de quem era o traidor. A lealdade corria nos dois sentidos, e as acusações falsas eram a maneira mais rápida de semear ressentimento entre as fileiras. Eu tinha a armadilha perfeita em mente, mas precisava esperar até a festa anual da GB Security juntamente da GBHair para montá-la. Até então, eu não podia confiar em ninguém da empresa com informações confidenciais. Quanto a Scylla, eu quase podia garantir que a empresa de Petrix estava por trás do dispositivo de imitação. Eles imitaram tudo o que eu fiz; copiar hardware patenteado era o próximo passo lógico. Eu também não os descartaria quanto a subornar ou chantagear quem quer que fosse o traidor. Eu me sentei nessa suspeita. Primeiro, lidaria com o traidor. Então, eu iria atrás de Petrix. O único ponto de interrogação restante eram seus laços com o perseguidor de Rafaella e quem era esse maldito filho da puta.

Eu vasculhei os contatos de Rafaella, mas ela interagiu com tantas pessoas ao longo dos anos que era impossível reduzi-los a um grupo de suspeitos decente. O perseguidor poderia ser qualquer um, desde um antigo colega até o barista que fazia sua bebida todos os dias. Parte de mim admitia que eu poderia ter ido mais longe em todas as
minhas investigações se não tivesse me distraído. Eu queria passar tempo com Rafaella, o que significava não ter longas horas ou horas extras no escritório. Eu a levava em encontros todo fim de semana, jantava com ela todas as noites e transava com ela até nosso corpo não aguentar mais todas as noites, o tempo todo sabendo que deveria gastar esse tempo fazendo outra coisa. A capacidade de Rafaella de foder com minha tomada de decisão racional cristalizou-se um pouco mais de uma semana após a morte oportuna de Lucas Viana. Apertei repetidamente em minha caneta enquanto olhava para o bilhete na minha mesa. O perseguidor esteve escondido desde o Havaí. Sem novos bilhetes e sem contato... até agora.
Duas frases, datilografadas e entregues em um envelope simples e sem identificação. Estava guardado com o resto de nossa correspondência, embora não contivesse um endereço.

"Você não pode protegê-la, e você NUNCA a terá. Ela é minha."

Sussurros de raiva roçaram meus sentidos. A mensagem em si não era preocupante. Parecia algo que uma criança petulante escreveria. O que era preocupante eram as três fotos que o acompanhavam: uma de Rafaella apreciando o sol fraquinho da manhã, uma dela na cafeteria perto de casa, uma dela comendo um podrão na tia augusta, sua lanchonete favorita.

Todas elas foram tiradas nas semanas desde que voltamos do Havaí

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Todas elas foram tiradas nas semanas desde que voltamos do Havaí. A raiva engrossou e cobriu minha pele com gelo. Fiquei tentada a ceder e descontar em um dos muitos nomes que mantinha em meu banco de dados para esse propósito, mas reprimi o desejo para calcular
meu próximo passo. Eu não podia confiar em ninguém além de mim mesma com a segurança de Rafaella, nem mesmo Bil. Ele não era um dos meus suspeitos, mas ele não tinha notado que o perseguidor se aproximou o suficiente para tirar aquelas fotos dela, o que era um grande equívoco. Embora, seu trabalho era proteção, não vigilância, mas ainda me irritava. O perseguidor ressurgiu após semanas de silêncio, e aposto que uma análise forense de sua nota retornaria os mesmos resultados de sempre. Nada. Quem quer que fosse, ele era muito bom em manter as mãos limpas e sorrateiras o suficiente para chegar tão perto de Rafaella sem que ela ou Bil percebessem. Se alguma coisa acontecesse com ela...
Meu estômago se apertou.
O condominio. não era seguro até eu resolver minha bagunça interna. Eu não poderia me concentrar em rastrear o perseguidor se não pudesse confiar
em meus homens. Eu me decidi no segundo clique que apertei em minha caneta. Coloquei minha caneta na mesa, enfiei o bilhete e as fotos no bolso da calça e dirigi para casa.

Rafaella estava na cozinha quando cheguei. Ela estava tão ocupada preparando algo e cantarolando junto ao rádio que ela não percebeu minha entrada até que eu a envolvi em meus braços por trás e beijei seu pescoço.

— Gizelly!.- Surpresa encheu sua voz. — Você está em casa cedo.

— Dia lento no trabalho.- Menti.
Eu a respirei, assegurando-me de que ela estava segura e em meus braços. Ela cheirava a frutas vermelhas, e eu deixei o cheiro dissolver um pouco da tensão em meus músculos antes de falar novamente.

— Eu tive uma ideia.

— Uh, oh..- Ela  brincou. — Eu deveria estar assustada?

— Eu duvido. Está no seu quadro de visão.

Eu tinha visto a lista que ela prendeu no quadro de cortiça do nosso quarto. Ela disse que a criou na faculdade e nunca o jogou fora. A lista consistia em três coisas: uma parceria da marca com a
Lâncome, uma longa viagem pela Itália e um closet. Dois desses três foram riscados. Rafaella virou-se para me encarar completamente. Seus olhos se
arregalaram com choque e um toque de esperança.

— Itália.- Confirmei. — Férias. Podemos fazer uma viagem de um mês pelo país. Roma, Milão, Costa Amalfitana...

Tirar ela da cidade era a resposta óbvia até eu resolver a bagunça do meu lado, e sua lista de desejos me deu a desculpa perfeita para a viagem. Eu não queria contar a ela sobre o último bilhete do perseguidor. Tinha sido dirigido a mim, não a ela, e eu não queria assustá-la. Não quando eu ainda não tinha uma solução clara.

— Outra viagem?.-  A dúvida coloriu sua voz. — Mas acabamos de voltar do Havaí.
Ela estava certa. Tínhamos retornado de Kauai apenas um mês atrás. Era muito cedo para outra viagem, especialmente com tudo que eu tinha sobre os ombros.
Mas o pensamento daquele idiota possivelmente colocando as mãos
nela... Levaria apenas um deslize. Uma distração, um erro, e eu poderia perdê-la para sempre. Forcei meus pulmões a se expandirem após um raro ataque de
pânico.

— A primeira metade não contou porque era para trabalhar.- Falei. — Foi basicamente um fim de semana prolongado.

Ela balançou a cabeça. — Estou começando a suspeitar que você
realmente não trabalha quando entra no escritório. Eu nunca conheci uma
CEO com mais tempo de férias do que você.  — É um tipo diferente de trabalho.
Tenho um  ótimo "salário" da GBHAIR, e da GBSecurity,  mas a maior parte do meu patrimônio líquido veio de software e hardware secretos que desenvolvi e vendi para o maior lance. Havia certos grupos com os quais eu não fazia negócios – terroristas, certos governos e alguns indivíduos desagradáveis. Fora isso, todo mundo era um jogo justo, e eles pagavam um resgate de rei por tecnologia que seus concorrentes não tinham. Passei cinquenta por cento do meu tempo de escritório executando
a GB Security e a outra metade no desenvolvimento.

— Tem certeza de que um mês não é muito tempo?.- Traços de dúvida permaneceram. — Não podemos simplesmente nos levantar e sair por tanto tempo.

— Sou uma multi Bilionária. Podemos fazer o que quisermos.- Sorri para o seu revirar de olhos brincalhão. — Considere isso seu presente de aniversário.

— Nós já comemoramos meu aniversário.- Ela apontou.

Ela fez  trinta e um ano na semana passada. Nós comemoramos com um fim de semana de comida, e uma madrugada inteira de sexo. Foi um bom aniversário.

— Além disso, não faz sentido que você me leve na viagem dos meus sonhos. Devemos ir a algum lugar que você
queira ir.- Rafaella pôs os braços em volta do meu pescoço. — Desembucha, Senhorita Bicalho. Qual é o destino da sua lista de desejos?

— Não tenho uma, e mimar você para mim é prioridade.- Eu deixei minha testa cair na dela. A nota e as fotos queimaram um buraco no meu bolso.

— Última chance, Senhorita Kalimann. Você está dentro ou você está fora?

— Quando você coloca dessa forma...- Um sorriso malicioso se espalhou por seu rosto. — Estou dentro.

— Perfeito.- Beijei-a novamente, desta vez na boca. Foda-se a racionalidade.
Quando se tratava da segurança de Rafaella, o pensamento racional não existia.

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