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Gizelly
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Preto sempre foi minha cor favorita.
Silenciosa, mortal e Impenetrável. Eu me sentia em casa nele, como sombras se fundindo com os poços de tinta da noite. No entanto, no espaço de um segundo, ela derrubou isso como
tinha feito com todas as outras coisas na minha vida. Calor escorreu pelo meu sangue enquanto Rafaella andava na minha frente e se virava lentamente, apreciando a decoração luxuosa. A longa exibição de elefantes do museu serviu como uma peça central de quatro metros de altura enquanto projeções de vida marinha dançavam nas paredes, dando a ilusão de que estávamos debaixo d'água. Garçons vestidos de preto circulavam com champanhe e aperitivos, e um palco estava no outro lado da sala, esperando o anfitrião subir e parabenizar a todos pelo dinheiro que haviam levantado no final da noite. Os lugares para este evento custaram oito mil reais por pessoa. Eu gastei mais do que isso em seu vestido, e valeu cada centavo.

— Isso é lindo.- Rafaella suspirou, sua atenção estava repousando em algo atrás de mim.

Seus olhos verdes símbolo da vida e da natureza.

Verde aparentemente, era minha nova cor favorita, porra.

— É sim.- Eu não me virei para ver pelo que ela estava tão extasiada, nem prestei atenção aos olhares curiosos que as pessoas mandavam em nossa direção. Eu não tinha sido vista com uma mulher no meu braço há mais de um ano. Até amanhã de manhã, a cidade estaria agitada sobre a acompanhante que eu trouxe, mas eu não poderia me importar menos.

A partir do momento em que Rafaella entrou em sua sala usando aquele maldito vestido, todos os outros pensamentos se transformaram em pó.
Uma chama suave de ressentimento queimou em meu peito. Eu
odiava o poder que ela tinha sobre mim, mas ainda assim, eu não conseguia parar de olhar para ela.
Uma virada da minha cabeça no carro.
Um voo de última hora para um país distante para me manter longe.
Dispersas semanas e meses em que me joguei no trabalho para esquecê-la. Não importava o que eu fizesse, algo sempre me chamava de volta, a cadência suave de sua voz, o cheiro de frutas vermelhas. Um anel turquesa que abriu um buraco no meu bolso muito depois de eu ter prometido jogá-lo no lixo. Não era amor. Mas era enlouquecedor. O olhar de Rafaella deslizou para encontrar o meu. Uma exalação suave separou seus lábios com o que ela viu no meu rosto, e o desejo de empurrá-la contra a parede, agarrar seu cabelo e beijar sua boca até que eu cansasse se acendeu completamente em meu peito. A tensão se retorceu entre nós duas como uma corda invisível, tão tangível que senti seu arranhão abrasivo enquanto serpenteava em volta do meu peito. O momento se estendeu por um segundo até a eternidade antes que ela desviasse o olhar.

Seus dedos ficaram brancos em torno de sua bolsa, mas sua voz estava calma e uniforme quando ela falou novamente.

— Você não me disse para que serve o evento.- Ela evitou meus olhos enquanto olhava ao redor da sala novamente. — Conservação do oceano?

O aperto ao redor do meu peito tinha afrouxado, mas a liberação me deixou estranhamente insatisfeita.

— Perto. Filhotes de tartaruga.
Minha boca se inclinou quando sua cabeça virou. Minha resposta erodiu um pouco da tensão anterior, e o aperto de
Rafaella em sua bolsa afrouxou visivelmente.

— Eu não imaginei que você fosse uma amante de tartarugas, Srta Bicalho. O que vem depois? Alimentando patos? Adotando cachorrinhos? — De modo que adotar cachorros não seria uma má idéia, eu adotaria uns cinco se pudesse.

Suas perguntas brincalhonas provocaram um sorriso mais amplo.

— Então você gosta de cachorros.- Seu rosto brilhou com o riso.

Eu arquivei isso para referência futura. Não havia detalhes sem importância quando se tratava de Rafaella.

— Alguns animais são tão subestimados, mas, infelizmente alguns deles não são uma causa para a esposa de Lucas Galina. Sem trocadilhos.- Eu acrescentei. Um brilho de conhecimento entrou em seus olhos. — Suponho que Lucas Galina seja importante para um de seus negócios, sim?

Obsessão (Girafa) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora