Obsessão (Girafa) G!P

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RAFAELLA
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Esperei até que a porta se fechasse atrás dela antes de desabar. Soluços arruinaram meu corpo enquanto eu afundava no chão e finalmente deixava o fluxo total de minhas lágrimas fluir.
"Eu te amo. Muito." As palavras ecoaram na minha cabeça como uma provocação, assim como a imagem do rosto de Gizelly antes de sair. A agonia em seus olhos. O tormento em sua voz. A fragilidade que eu sentia com tanta certeza como se fosse minha porque de fato era. Meu coração se partiu em mil pedaços irregulares, e cortou e se desfez até que eu não conseguisse parar de sangrar. Era muito possível que eu morresse aqui mesmo, com os joelhos
colados ao peito e minha confiança em frangalhos. Eu acreditava que ela estava arrependida, e acreditava que ela me
amava da maneira que sabia. Mas isso não mudava o fato de que nosso relacionamento foi construído sobre uma mentira. Ela sabia o quanto o perseguidor me traumatizou. O quanto eu odiava a invasão de privacidade e a perda de controle sobre minha própria vida. Gizelly fez o que fez antes que o perseguidor aparecesse, mas ela ficou com esses arquivos por anos e nunca me contou. Ela segurava todas as cartas enquanto eu segurava apenas as sobras
que ela me deu. Nosso desequilíbrio de poder não era sobre dinheiro ou segurança; era sobre confiança. Eu sempre dei mais do que recebi dela.
O pensamento dela sentada em sua mesa cutucando as partes mais íntimas da minha vida com o mero apertar de um botão enviou outro arrepio na minha espinha. Puxei minhas pernas mais apertadas contra meu peito e enterrei meu rosto em meus joelhos.
Eu sou tão, tão estúpida. Eu tinha visto todos os sinais de alerta e os ignorei porque estava muito envolvida na emoção de amar alguém de verdade pela primeira vez.

"Estarei sempre aqui se precisar de mim."

Eu deveria estar feliz por ela ter ido embora. Em vez disso, meu coração se afundou no meu peito enquanto uma enxurrada de memórias tocava na minha cabeça.

"Flasback on"

Entre no carro, Rafaella.
Eu nunca quis mais ninguém, e nunca me odiei tanto por isso.
Porque o amor é comum. Mundano. E você, Rafaella... você é extraordinária.
Eu acredito em tudo quando se trata de você.

Flasback off

Uma semana atrás, estávamos na Itália e estávamos felizes. Parte de mim desejava nunca ter tropeçado naquele compartimento secreto ou examinado aqueles arquivos. Então ainda seríamos felizes, e eu não estaria sentada nas ruínas do que costumávamos ser. Gizelly era o único espaço seguro que eu tinha, e agora ela se foi. Minhas lágrimas molharam meus braços e pernas. Eu estava chorando tanto e por tanto tempo que minhas costelas doíam e eu não conseguia sugar oxigênio suficiente para meus pulmões.

Eu não conseguia respirar. Eu não podia – eu precisava...

— Rafaella?
Eu ouvi a voz de Marcella seguida por uma batida, mas os sons foram silenciados, como se estivessem vindo para mim debaixo d'água. Eu estava me afogando em dor, e não sabia como sair.

— Está tudo bem.- A voz de Marcella estava mais próxima. Ela devia ter entrado quando eu não respondi. — Oh, meu amor, vai ficar tudo bem. Eu
prometo.
Ela passou os braços em volta de mim e esfregou círculos suaves nas minhas costas enquanto eu inclinava minha cabeça contra seu peito e chorava até que eu ficasse sem lágrimas. Parte de mim tinha previsto esse acidente desde o início. Meu relacionamento com Gizelly tinha sido muito perfeito, e nada tão bom poderia durar para sempre. O que eu não esperava era o quanto o acidente iria me quebrar. Mas a parte mais aterrorizante não era meu coração partido. Era a possibilidade de eu nunca conseguir colar as peças novamente.

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GIZELLY
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— Você tomou sete drinques em duas horas, moça.- O barman olhou para mim com uma expressão duvidosa.

— E estou pedindo um oitavo.- Pronunciei cada palavra com fria
precisão. Eu não xinguei ou balancei. Eu poderia estar bêbada e ninguém saberia.
— Você tem algum problema com isso?.- Ele ergueu as mãos e balançou a cabeça.