Obsessão (Girafa) G!P

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GIZELLY
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— Que diabos você acha que está fazendo?

— Estou bebendo e curtindo sua companhia encantadora.- Levantei meu copo. — É bom ver você de novo, Hans.

— Gostaria de poder dizer o mesmo.
Hans estava resmungando desde que cheguei, o que não era um grande desvio de seu comportamento habitual, mas agora que as meninas estavam fora da sala, ele voltou toda a força de sua ira para mim.

— Um ano longe e você esqueceu nossa história. Nossa amizade.- Falei com meu melhor tom de decepção cuidadosamente elaborada. — Achei que você fosse diferente, mas é verdade o que dizem. "O poder absoluto corrompe totalmente." Usei amizade no sentido mais amplo do termo. Nosso relacionamento complicado e difícil começou com Hans salvando minha
vida e ele se afastando da GBSecurity para ficar com Jéssica. O caminho entre esses pontos estava cheio de desentendimentos, farpas e uma estranha mistura de respeito mútuo e suspeita.

— Pare com essa besteira, Bicalho.-  O olhar de Hans estalou com irritação. Se ele pensasse mais, precisaria de um cirurgião plástico para esculpir a carranca de seu rosto. — Eu disse para
você ficar longe de Rafaella. Eu não me importo se esse relacionamento é falso. Ela está morando com você, e eu não confio em você sob o mesmo teto que ela.

— Você parece terrivelmente preocupado com a vida amorosa dela.- Falei arqueando uma sobrancelha. — Alguma coisa que sua esposa deveria saber?

O ar pingava com um perigo silencioso, mas ninguém parecia preocupado. Júlio assistiu entre nós com fascínio do outro lado de Hans enquanto Rodolffo percorria seu telefone, parecendo entediado.

— Estou preocupado por causa de Jéssica.- Hans rosnou. — Rafaella é sua melhor amiga. Se você dorme com ela, Jéssica vai ficar chateada.
O que significa que vou ficar chateado.

— Ah, entendo.- Girei minha bebida em meu copo antes de tomar um gole. — Deve ser cansativo, ter suas emoções tão intimamente conectadas com as de outra pessoa. Funciona ao contrário, ou é uma coleira de mão única que só ela pode puxar?
Júlio soltou uma risada.

— Você age com diversão — disse Hans sem olhar para ele. — Como se Manu e Marcella não fossem pegar no pé de vocês também se algo acontecer com Rafaella.
O sorriso de Júlio desapareceu. Rodolffo ergueu os olhos de seu telefone, aqueles frios olhos pretos perfurando minha pele pela primeira vez desde que cheguei. Nós não tínhamos nos falado além de um aceno obrigatório de
saudação. Não escondemos nossa quase amizade, mas também não a
anunciamos ao mundo porque não havia nada a anunciar. Além de
nossas partidas mensais de xadrez e a interação ocasional de negócios, raramente nos víamos.

— Obviamente que estou preocupado.- disse Júlio, girando cento e oitenta para dirigir sua próxima pergunta a mim. — Quais são suas intenções com a Rafa?

— Eu não tenho que explicar nada a vocês.

— Você está sentada na minha casa, namorando uma das melhores amigas da minha namorada, então você, na verdade, precisa se explicar sim.- Júlio disse. — Se você não gosta, sinta-se à
vontade para sair.

Suspirei, lamentando minha decisão de participar dessa maldita festa.
Se Rafaella não tivesse sido tão inflexível em participar, eu poderia ter passado o dia fazendo algo mais produtivo, como caçar seu perseguidor, reorganizar minha biblioteca ou terminar as palavras cruzadas de ontem. Qualquer coisa era melhor do que essa conversa insuportável.

— Você sabe...- A expressão de Hans ficou especulativa. — Jéssica me contou sobre todas as coisas que você fez por Rafaella. Abaixando o aluguel dela, concordando com o acordo de namoro,
mudando-a para sua casa quando algum idiota a assustou.- A especulação se transformou em um brilho de conhecimento que disparou uma dúzia de sinos de alerta. — Pensei que você não gostasse das pessoas em seu espaço pessoal. Algum motivo para você estar dando tratamento especial para ela?