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Gizelly
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O clube da barra em uma noite de sexta-feira era pura depravação, mas em vez de participar do jogo de pôquer de alto risco no cassino ou me deliciar com o clube de "cavalheiros" no porão, virei minha sexta bebida no bar.
Auto aversão e raiva queimavam meu sangue enquanto a Loira ao meu lado tagarelava. Três horas e duas vezes mais bebidas não tinham descongelado o
gelo preto que cobria minhas veias desde que deixei Rafaella sozinha no apartamento. Nem as mulheres flutuando ao meu redor, todas elas
bonitas e realizadas em seu próprio direito. Uma magnata de cosméticos. Uma herdeira de doces. Uma supermodelo que parecia despreocupada em abandonar o magnata da mídia com quem ela apareceu.

— Estou hospedada em um hotel próximo.- A modelo se inclinou para mais perto até que sua voz baixa e rouca perfurou o barulho e chegou aos meus ouvidos. — Talvez você gostaria de se juntar a mim?

Passei o polegar pela borda do meu copo e a observei em silêncio. Sua pele corou um vermelho fraco sob meu escrutínio.
Parte de mim estava tentada a aceitar sua oferta e afogar minhas frustrações com calor e sexo. Esse tinha sido o meu plano quando comecei a flertar com ela. Mas esse era o problema. Nenhuma supermodelo ou sexo poderia
apagar Rafaella da minha mente por um único maldito segundo.

Irritação percorreu minhas veias.

— Não tenho interesse.- Minha resposta saiu mais dura do que o normal, e a irritação se aprofundou.

Eu precisava dar o fora daqui. Eu estava muito no limite. Se eu ficasse, poderia fazer algo de que me arrependeria.
Antes que a modelo pudesse responder, seu acompanhante finalmente percebeu que ela havia se afastado depois que ele terminou sua conversa com outro membro do clube. Ele veio em nossa direção, seu rosto nublado com desagrado sombrio.

— Keulla. Eu disse para você ficar ao meu lado.- Ele fechou uma mão proprietária em torno de seu pulso e olhou para mim.
Olhei de volta, entediada. Victor Black, CEO de um império de mídia composto por dezenas de jornais e sites inúteis, mas amplamente lidos. Ele também era um dos membros mais irritantes do Clube.

— Desculpe.- Fernanda Keulla não parecia nada arrependida.

— Bicalho.- Victor me deu um sorriso desagradável. — Você não deveria passar sua noite de sexta-feira com sua namorada em vez de flertar com a  acompanhante de outra pessoa?

Meu sorriso congelou com a menção indireta de Rafaella. Se não estivéssemos em público...

— Você está certo.- Falei amigavelmente. — Divirta-se com seu par.

O sorriso de Victor vacilou com a minha resposta agradável. Uma pitada de pânico surgiu em seus olhos quando me levantei e deixei cair algumas notas no pote de gorjetas.

— Aonde você está...

Saí sem ouvir o resto de sua pergunta insípida e fiz uma parada em seu carro esporte premiado.
Podia não ter uma arma comigo já que  não era permitido armas dentro do clube, mas isso não significava que eu não tivesse outras armas menos óbvias à minha disposição.
Dois minutos e um dispositivo plantado depois, entrei no meu carro e dirigi para casa. Quando cheguei ao Malibu assisti às imagens de segurança do lado
de fora da casa de Victor no meu telefone. Como esperado, ele saiu logo
depois de mim; seu carro parou em sua garagem menos de dez minutos depois que eu cheguei. Ele e Fernanda saíram do carro e entraram em sua casa.
Esperei até que a porta se fechasse atrás deles antes de ativar o dispositivo.
Eu não podia ouvir a filmagem, mas eu podia ouvir o estrondo na minha cabeça quando seu carro explodiu em chamas.
Quando Victor correu para fora, já era um pedaço de metal retorcido e enegrecido sob o fogo furioso. Pela primeira vez naquela noite, eu abri um sorriso genuíno. Muito melhor.

Obsessão (Girafa) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora