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As coisas estão relativamente normais no parque, tirando os atores, é claro

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As coisas estão relativamente normais no parque, tirando os atores, é claro. Mas é apenas o trabalho deles, fico atenta a qualquer pessoa meramente suspeita.

O ruim de ter visto meu stalker durante a noite com um capuz é que não faço ideia de como ele é, bem, pela janela ele parecia alto, muito alto, tipo uns 1,90 de altura, mas não acho que isso seja informação suficiente.

Mas por enquanto, foco em tirar muitas fotos, dos atores, dos brinquedos, das decorações, qualquer coisa que eu possa incluir no meu trabalho já é ótimo. Um palhaço esquisito, com sangue saindo de sua boca se aproxima de mim.

— Uma flor para outra flor. – O palhaço gargalha, de uma forma sombria e me entrega uma dália branca, saindo saltitando.

Só pode ser ele.

Tudo bem que esse palhaço é meio baixinho, mas talvez por eu ter visto o homem misterioso de longe eu apenas pensei que ele é alto.

Ando com pressa, colidindo com a multidão enquanto tento acompanhar o palhaço, que está muito mais a frente. As pessoas e os artistas querendo brincar acaba dificultando minha chance de alcançar o palhaço.

Paro ofegante perto de um carrossel abandonado, noto que o perdi de vista e passo as mãos pelos meus cabelos, olho para os lados tentando encontrá-lo novamente, mas sem sinal daquele maluco.

O som de gritos misturados com risadas ecoa pelo parque enquanto continuo minha procura. As luzes piscam, iluminando tudo em tons de vermelho, azul e roxo. Meus olhos escaneiam o local, eu deveria parar de procurar por ele, afinal, tenho a oportunidade de tirar boas fotos para o trabalho e irei me divertir.

Avanço pelo parque, os sons ao meu redor se misturando em um zumbido constante. Um ator vestido como um zumbi me encara, sua maquiagem tão bem feita que quase consigo sentir o cheiro de morte emanando dele. Ele dá um sorriso grotesco, revelando dentes podres falsos, e antes que eu perceba, ele me oferece uma flor.  Outra dália, dessa vez em um tom azul claro. Eu aceito sem hesitar, mas uma sensação de desconforto se instala em mim.

É claro... Aquele cretino deve ter pago os artistas para mexerem comigo.

Continuo caminhando, tentando ignorar o desconforto no meu estômago. Vou em alguns brinquedos, mais para tentar acalmar meus nervos do que qualquer outra coisa. Primeiro, um passeio no trem fantasma, onde figuras sombrias se esticam e se torcem, tentando agarrar os passageiros enquanto gritos e risadas preenchem o ar. As luzes piscam e eu tiro algumas fotos.

Pelo caminho para outro brinquedo, tiro uma foto rápida de uma série de caveiras empilhadas perto de uma montanha-russa enferrujada, o contraste entre a decadência e as cores vibrantes é perfeito para o tema sombrio que estou desenvolvendo. Apesar da minha ansiedade, o parque é uma mina de ouro para um trabalho de fotografia.

Depois, vou para roda-gigante, que oferece uma visão panorâmica do parque, uma atração muito mais calma em comparação ao parque. De cima, tudo parece tão pequeno, tão controlável. Mas mesmo com a brisa fresca acariciando meu rosto, não consigo me livrar da sensação de que estou sendo observada.

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