𝐌𝐀𝐊𝐓𝐔𝐁, particípio passado do verbo kitab
É a expressão característica do fatalismo muçulmano
Maktub significa: estava escrito
Ou melhor: tinha que acontecer
Essa expressiva palavra dita nos momentos de dor ou angústia
Não é um brado de revolt...
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Quando a primeira batalha da noite começou, a multidão se aglomerou ainda mais perto do palco. A tensão e a expectativa no ar eram palpáveis, como se todo mundo estivesse segurando a respiração, esperando para ver o que os MCs trariam para a arena. Fernanda, agora ao lado de Khauane, observava enquanto a vibração do lugar aumentava, seus olhos ainda refletindo os pensamentos que giravam em sua mente.
Khauane, sempre atenta, não perdeu a oportunidade de sondar a amiga. Ela sabia que Nanda e Apollo haviam conversado, e estava curiosa para saber o que tinha acontecido. Se inclinando para mais perto, perguntou em um tom baixo, mas cheio de curiosidade
– E aí, como foi com o Apollo?
Fernanda deu de ombros, tentando parecer indiferente. Ela sabia o que Khauane esperava ouvir, mas não estava pronta para admitir tudo o que realmente sentia.
– Nada de mais, sabe. O que passou, passou – disse, com uma voz que soava mais firme do que ela realmente se sentia. Ela queria acreditar naquelas palavras, queria que fosse verdade, mas uma parte dela sabia que estava mentindo. A conversa com Apollo havia mexido com ela de uma maneira que era difícil de ignorar.
Khauane ergueu uma sobrancelha, claramente cética, mas decidiu não pressionar. Ela conhecia Fernanda o suficiente para saber que, quando estivesse pronta, ela falaria mais. Por enquanto, ela apenas assentiu e desviou o olhar para o palco, onde a batalha estava prestes a começar.
– Certo, Nanda. Se é isso que você diz...
A atenção de Nanda voltou para o palco enquanto os MCs Lino e Pitágoras se preparavam para o confronto. Lino era o novo MC revelação, alguém de quem todos estavam falando. Fernanda já tinha ouvido falar dele, mas nunca o tinha visto rimar ao vivo. Agora, enquanto o grito inicial da batalha ecoava pela praça, ela sentiu uma familiar onda de adrenalina percorrer seu corpo.
Os braços da multidão começaram a balançar no ritmo da batida, e o grito ritualístico começou a tomar conta do espaço
"Você tem duas opções! Qual você escolherá? Vai matar ou vai morrer? Vai morrer ou vai matar?"
Fernanda sentiu seu coração acelerar, o sangue correndo mais rápido pelas veias. Mesmo tendo passado tanto tempo longe das batalhas, aquele momento ainda era mágico para ela. A energia, o grito da multidão, a tensão entre os MCs... tudo aquilo a fazia lembrar de porque ela amava tanto estar ali.
Enquanto Lino começava a rimar, Fernanda se deixou levar pela intensidade das palavras, observando cada movimento, cada rima afiada. Ele era bom, realmente muito bom, e Fernanda não pôde evitar um sorriso ao ver como ele dominava o palco com uma confiança que lembrava a si mesma nos velhos tempos.
Mas mesmo com todo o talento de Lino, Pitágoras não estava disposto a perder. A batalha foi acirrada, cada rima melhor do que a anterior, a multidão reagindo com gritos e aplausos a cada punchline. O ambiente estava eletrizante, e Fernanda percebeu o quanto sentia falta daquela sensação – a de estar no meio da ação, de ser parte daquela cultura que tanto significava para ela.
