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‐ Entre o Passado e o PresenteFernanda estava agitada, andando de um lado para o outro enquanto conferia o celular. Já estava atrasada. A Aldeia já devia estar fervendo, e ela ainda estava na rua, esperando pelo moto uber. Jotape já tinha ido antes, pois sabia que as batalhas iam começar a qualquer momento, e Kakau estava afundada em seu curso de medicina, sem tempo para acompanhar a amiga é o namorado.
Finalmente, a moto chegou, e Fernanda subiu rapidamente, ajustando o capacete com pressa. Ela mal conseguia se concentrar nos detalhes ao seu redor; tudo que ocupava sua mente. Esses pensamentos a seguiram enquanto a moto cortava as ruas de Guarulhos.
O vento frio batia no rosto de Fernanda, fazendo-a se encolher ligeiramente. Era tão diferente do calor abafado do Rio de Janeiro, onde ela passou os últimos anos gravando e trabalhando. Sentiu a nostalgia do clima mais quente, mas logo se perdeu em seus próprios pensamentos. O estresse da carreira, das expectativas e de si mesma, pressionavam seus ombros como um peso invisível. Mas, mesmo assim, ela sabia que não tinha escolha a não ser continuar.
Enquanto a moto seguia em direção à Aldeia, Fernanda começou a se desconectar do presente. O ronco do motor e o vento na sua pele tornaram-se quase hipnóticos. Seus pensamentos iam e vinham, e, por um momento, ela quase conseguiu relaxar. Mas foi só por um instante.
O motorista fazia uma rota diferente por um lugar que ela nunca havia passado ainda. De repente, seus olhos captaram uma figura familiar na calçada. A moto passou rápido, mas o choque fez seu coração disparar. Na calçada, de mãos dadas com uma garotinha, estava ela. A mãe que lhe deu a vida e, ao mesmo tempo, tirou tanto dela. A mulher que a feriu de maneiras que ninguém, além de Fernanda, poderia entender. Ela estava ali, sorrindo, como se o passado jamais tivesse existido. E ao seu lado, uma menininha segurando um pirulito, com um sorriso no rosto. A imagem era perturbadoramente familiar.
Fernanda sentiu o corpo inteiro ficar tenso. O choque a atingiu em cheio. Seus olhos, já marejados, não deixaram as lágrimas escorrerem, mas o nó na garganta cresceu, apertando cada vez mais. Ela queria gritar. Queria berrar toda a dor, toda a mágoa acumulada por anos. Mas sua voz não saía. Era como se a garganta tivesse fechado de vez. O peito subia e descia rapidamente, tentando encontrar o ar que parecia fugir de seus pulmões.
A moto continuava, o motorista alheio ao que se passava com ela. Fernanda não conseguia desviar o olhar, mesmo com a figura de sua mãe ficando cada vez mais distante. O sorriso no rosto da mulher e a alegria da criança ao seu lado eram uma tortura silenciosa. Aquela menina... era quase como se Fernanda estivesse olhando para si mesma criança, os cachos é o nariz, a pele era idêntica a garota, como se aquela fosse uma versão dela que nunca existiu. A criança tinha o que Fernanda sempre quis: o amor de sua mãe.
Sua mente estava em choque. O passado e o presente colidindo, bagunçando seus sentidos. Ela sabia que a crise de ansiedade estava chegando com força. Suas mãos, suando dentro das luvas, começaram a tremer. Os dedos tentavam se segurar nos apoios da moto, mas o controle estava escapando. O peito apertava tanto que ela sentia que ia sufocar. A respiração estava completamente desregulada, como se o ar ao redor não fosse suficiente para encher seus pulmões.
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𝐌𝐀𝐊𝐓𝐔𝐁 ‐ Apollo Mc
Fanfiction𝐌𝐀𝐊𝐓𝐔𝐁, particípio passado do verbo kitab É a expressão característica do fatalismo muçulmano Maktub significa: estava escrito Ou melhor: tinha que acontecer Essa expressiva palavra dita nos momentos de dor ou angústia Não é um brado de revolt...