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- "Só eu que senti o clima?"
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Depois da Dança, a galera decidiu se espalhar pela areia

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Depois da Dança, a galera decidiu se espalhar pela areia. O pôr do sol estava no seu ápice, tingindo o céu de tons alaranjados e rosados, refletindo no mar calmo. O clima era leve, mas carregava aquela sensação de fim de tarde perfeita, onde tudo parecia estar no lugar certo.

A gente se sentou em círculo, as risadas ainda ecoando pela praia enquanto Dopre, com aquele jeito sempre tranquilo dele, acendeu um baseado. Ele tragou, observando a vista, e, depois de um tempo, estendeu a mão na minha direção.

– Quer uma, Nanda? – ele perguntou, a fumaça ainda escapando dos lábios.

Eu olhei pro baseado na mão dele, e, antes que pudesse responder, senti o olhar de Apollo pesando sobre mim. Sabia exatamente o que ele tava pensando, sem precisar trocar uma palavra. Ele nunca curtiu que eu fumasse Maconha, e eu entendia por quê. No fundo, sabia que ele tinha razão. Eu já tinha passado por uma fase difícil, onde o vício na maconha tinha se misturado com os problemas que minha mãe me causava fazendo eu me espelhar nela. Demorei pra sair daquela, e o Apollo, João é Tavin que me ajudaram muito nessa fase sabiam disso melhor que ninguém.

Ele sempre teve medo que eu acabasse voltando praquele ciclo, que fizesse de mim uma versão que eu odiava, mais parecida com a mulher que me trouxe ao mundo e que nunca soube ser mãe.

Meus dedos quase tocaram o baseado, mas no último segundo, resolvi não pegar. Apollo ainda estava me observando de canto de olho, sem dizer nada. Por mais que ele tentasse disfarçar, eu sabia o quanto aquilo o incomodava.

– Não, tô de boa – falei, com um sorriso tranquilo, desviando o olhar de Dopre, que deu de ombros e continuou fumando.

Sem querer estender o assunto, me virei em direção ao meu irmão, que estava sentado ao meu lado, relaxado, com as pernas esticadas na areia. As dreads dele estavam cheias de areia depois de ficar igual um porquinho se enrolando na areia, e eu resolvi tentar limpar um pouco. Peguei algumas entre os dedos e comecei a sacudir, na tentativa de tirar o máximo de areia possível.

Enquanto isso, os amigos riam e conversavam, alguns fumando, outros com copos de bebida na mão. O clima ainda era descontraído, mas o olhar de Apollo sobre mim não desapareceu. Eu podia sentir que ele ainda tava pensando no baseado, mas preferi não tocar no assunto.

O som do mar batendo nas pedras, misturado com o vento leve e as risadas dos amigos, criava uma sensação de paz. Eu terminei de tirar a areia das dreads do Jotape e encostei a cabeça no ombro dele, sentindo o calor e o conforto que só um irmão consegue trazer.

Ele passou o braço por trás de mim, me abraçando de leve, enquanto a gente olhava pro horizonte, onde o sol já começava a sumir, se escondendo no mar.

– Eu te amo, neguinha – ele disse, num tom baixo, mas cheio de carinho. – Tava com saudades.

Aquelas palavras me atingiram de um jeito que eu não esperava. Por mais que a gente vivesse junto, a saudade do apoio dele, do amor que só ele sabia dar, sempre apertava. Respirei fundo, sentindo o calor do abraço e o peso do que ele tava dizendo. Ele sempre foi minha fortaleza, e ouvir aquilo me fazia lembrar do quanto nossa conexão era forte.

𝐌𝐀𝐊𝐓𝐔𝐁 ‐ Apollo McOnde histórias criam vida. Descubra agora