IX - Derrubem a noiva!

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JOHNY

Isso está muito silencioso. Sinto-me confortável e quentinho nessa cama.

Oh...

Abro meus olhos e, por um momento, aprecio o ambiente estranho e desconhecido. Não tenho ideia de onde estou ao certo. A cabeceira atrás de mim é feita de madeira escura e mobiliada. É estranhamente familiar. Já a vi antes.

Mas quando?

Tento buscar uma resposta em minha mente, fazendo com que as lembranças da noite de ontem voltassem lentamente a me assombrar.

O bar.

Ah, não os copos de bebidas.

As chaves do carro.

Ah, não o vômito.

Minha cabeça latejou forte, obrigando-me a fechar os olhos.

Fechos os olhos por um momento. Eu estou na casa de Taehyung. Puta merda. Estou de camiseta, sem calça jeans, sem meias.

Droga... eu não fiz aquilo, né?

Levanto da cama com o corpo ainda pesado pelo sono, meus músculos despertaram devagar. Empurro a porta do quarto com cuidado, sentindo a madeira fria sob meus dedos, o leve rangido das dobradiças ecoando no silêncio da casa.

A luz era suave ao longo do corredor filtrada pelas janelas altas que deixavam entrar os primeiros raios do dia. O piso de madeira polido refletia de maneira discreta das lâmpadas embutidas no teto. As paredes eram decoradas com fotografias emolduradas, retratos de família que pareciam observar meus passos. Reconheci o rosto de Taehyung em algumas delas, mais jovem, o olhar ainda mais intenso, como se já planejasse seu futuro com meticulosa precisão. Havia algo inquietante na forma como aquelas imagens me encaravam

Enquanto caminhava, os meus passos ecoavam levemente, sem fazer barulho. A cozinha ficava no final do corredor, era moderna, porem acolhedora com linhas minimalistas e superfícies impecavelmente lisas. Os armários, sem puxadores, quase se fundiam com as paredes, camuflados na paleta neutra do ambiente. Parei por um instante, tentando localizar um copo. Demorando alguns segundos até encontrar um, escondido atras dos pratos pretos pesados.

Sinto um arrepio involuntário quando avistei uma mulher com uma presença que imediatamente dominou o espaço, com saltos altíssimos. Ela tinha quase a mesma altura que Taehyung. E nas expressões de seu rosto mostra-me como sua estrutura óssea de família parece ainda mais afinada no queixo. Tem os olhos enormes e castanhos esverdeados, brilhavam com uma mistura de curiosidade e uma euforia que beirava o malicia.

Ela bateu palmas, o som reverberando nas paredes da cozinha, e saltou no lugar, como uma criança que acabara de ganhar um presente.

— Não acredito no que estou vendo? Meu irmão se empenhou mesmo. -  voz dela era alta, quase estridente, e cada palavra carregava uma dose de sarcasmo. - Isso seria incrível se não fosse ridículo. Sabe o que significa, não é? A pressão vai sair de cima de mim. Quando eles descobrirem a verdade, voltaram a olhar para mim como se eu fosse um anjinho. Acabaram os meus problemas para sempre.

Esfregava as mãos uma na outra, como uma personagem malvada que planeja dominar o mundo desde criança. Aquilo me enfureceu. Com o coração acelerado, minha mente tentava processar o que eu estava vendo. Não havia ninguém ao redor, então deduzi que estivesse falando ao telefone, talvez numa chamada de vídeo que eu não conseguia ver.

— Ai meu Deus, me desculpe. Eu estava brigando com meu marido e me distraí. Bem-vindo a família, bonitinho.

Aquela perua me chamando de bonitinho e me olhando como se fosse o príncipe de algum lugar, fez meu estômago revirar.

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