16: Declaração

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Charlotte

Depois de alguns dias me recuperando, finalmente estava de volta ao trabalho. O ambiente da empresa era o mesmo de sempre, pessoas correndo para lá e para cá, reuniões intermináveis, e aquela sensação de estar sempre com algo por fazer. Mas eu estava feliz por estar de volta à rotina.

O expediente chegou ao fim, e eu estava guardando minhas coisas quando vi Elijah passando pelo corredor. Ele não me viu, ou pelo menos fingiu que não, mas havia algo em sua expressão que me fez querer alcançá-lo. Ainda não havíamos conversado de verdade desde que ele cuidou de mim enquanto eu estava doente.

Decidi não pensar muito e segui em direção ao elevador. Quando cheguei lá, Elijah estava esperando também.

- Oi, Elijah -  eu disse, tentando não soar nervosa.

- Oi, Charlotte - ele respondeu, sorrindo de lado, aquele sorriso que sempre me deixava um pouco desconcertada.

Entramos no elevador juntos, e por um momento, o silêncio se instalou. Eu não sabia ao certo o que dizer. Estava agradecida por ele ter cuidado de mim, mas ainda havia algo não resolvido entre nós, algo que ficou pairando no ar depois daquela noite.

- Como você está se sentindo?- ele perguntou, quebrando o silêncio.

- Estou bem melhor, obrigada. Acho que só precisava de alguns dias para descansar - eu respondi, olhando para o painel do elevador, observando os números mudarem conforme descíamos.

- Fico feliz em saber - ele disse, sua voz suave, mas havia algo mais ali, algo que ele não estava dizendo.

Foi então que, de repente, o elevador deu um solavanco forte e parou. Olhei para Elijah com os olhos arregalados. Ele pareceu calmo, mas eu podia ver uma sombra de preocupação passar por seu rosto.

- O que... o que aconteceu? - perguntei, sentindo meu coração começar a acelerar.

- Parece que o elevador travou - ele respondeu, pressionando alguns botões, mas nada aconteceu. - Não se preocupe, vou tentar chamar ajuda.

Ele apertou o botão de emergência, mas não houve resposta imediata. A tensão no ar aumentou, e eu percebi que estávamos presos ali, sem saber por quanto tempo.

- Ótimo... exatamente o que eu precisava hoje - murmurei, mais para mim mesma do que para ele.

- Vai ficar tudo bem - Elijah disse, com aquela voz calma que ele sempre usava quando queria me tranquilizar. - Eles vão nos tirar daqui em breve.

- Espero que sim - eu respondi, cruzando os braços, tentando disfarçar o nervosismo.  - Eu só... odeio ficar presa em lugares pequenos assim.

Ele me olhou, seus olhos estudando meu rosto por um momento, e depois disse: - Posso te distrair enquanto esperamos? Podemos conversar, se quiser.

Eu hesitei por um segundo, mas depois decidi que talvez fosse uma boa ideia. - Sobre o quê?

Ele deu de ombros. - Sobre qualquer coisa. Como foi voltar ao trabalho depois de tudo? Está tudo bem para você?

- Sim, está. Foi bom voltar à rotina, embora eu ainda sinta que estou me recuperando totalmente - eu disse, tentando soar casual. - E você? Como tem sido sua semana?

Elijah sorriu, mas era um sorriso diferente, mais sério. - Tranquila, na maior parte. Mas, Charlotte, tem uma coisa que eu queria te dizer.

- Ah é? O que seria? - perguntei, meu coração batendo mais rápido.

Ele respirou fundo, parecendo escolher as palavras com cuidado. - Eu fiquei preocupado com você enquanto estava doente. Mais do que eu deveria, talvez. E, quando você não me deixou ficar, eu entendi, mas... acho que me fez perceber que eu me importo com você mais do que eu esperava.

Minhas mãos começaram a suar, e eu não sabia bem como responder. - Elijah, eu... não sei o que dizer.

- Não precisa dizer nada agora - ele continuou, olhando para mim com aqueles olhos intensos. - Só queria que você soubesse. Eu não estou pedindo nada, só... queria ser honesto.

Fiquei em silêncio, processando suas palavras. Eu sabia que havia algo entre nós, algo que sempre esteve lá, mas nunca foi dito em voz alta. E agora, presos naquele elevador, não havia como fugir da verdade.

- Eu também me importo com você, Elijah -  eu disse, finalmente, minha voz um pouco mais baixa do que eu pretendia. - Talvez mais do que eu deveria.

Ele sorriu, e desta vez, havia um alívio em seu rosto. - Que bom ouvir isso.

Antes que pudéssemos dizer mais alguma coisa, o elevador deu outro solavanco e começou a se mover novamente. Nós dois olhamos para o painel, vendo os números mudarem até que as portas finalmente se abriram no térreo.

Saímos do elevador em silêncio, mas havia algo diferente entre nós agora. Algo que, mesmo não dito, estava claro.

- Vou te acompanhar até lá fora - ele disse, e dessa vez, não recusei. Caminhamos lado a lado, e eu não pude evitar pensar que, de alguma forma, aquele momento preso no elevador mudou tudo.

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