51: Primeiro chute

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Júlia

Eu estava no sofá, tentando relaxar depois de um longo dia. O tempo parecia passar devagar, mas a presença de Victor sempre me confortava. Ele estava na cozinha, preparando um chá para nós dois, enquanto eu aproveitava o silêncio para sentir a vida que crescia dentro de mim.

De repente, senti algo diferente, uma leveza na minha barriga, como se uma borboleta estivesse batendo as asas suavemente. No início, achei que fosse apenas a digestão, mas logo percebi: era o primeiro chutinho do nosso bebê. Meu coração disparou.

— Victor! — chamei, minha voz carregada de emoção.

Ele apareceu na porta, uma expressão preocupada em seu rosto.

 — O que foi, meu amor? Está tudo bem?

Eu sorri, pegando sua mão e colocando-a sobre minha barriga.

 — Sente isso. Nosso bebê... Ele chutou!

Os olhos de Victor se arregalaram enquanto ele esperava, quase sem respirar. E então aconteceu de novo. Um pequeno movimento, mas cheio de significado. Ele ficou sem palavras, mas pude ver as lágrimas se formando em seus olhos.

— Eu... Eu senti, Júlia — disse ele, com a voz embargada. — Nosso bebê... Eu senti.

Eu ri, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto também.

 — Ele está mesmo aqui, Victor. Nosso bebê está crescendo, se mexendo... Mal posso esperar para tê-lo nos braços.

Victor se ajoelhou ao meu lado, ainda com a mão na minha barriga. 

— Eu também, meu amor. Parece que só agora tudo está realmente acontecendo, não é? Como se tudo estivesse mais real.

Eu assenti, passando os dedos pelos cabelos dele.

 — É como se esse momento tornasse tudo mais concreto. Como se todo o desconforto e as mudanças valessem a pena. E eu não conseguiria passar por isso sem você ao meu lado.

Ele se inclinou, beijando suavemente minha barriga. 

— Eu sempre estarei aqui, Júlia. Para você, para o nosso bebê. Não consigo descrever o quanto já o amo, e o quanto te amo por estar trazendo ele ao mundo.

Aquele instante foi mágico, com os dois de nós sentindo que, de alguma forma, nos tornamos ainda mais próximos. Ficamos ali, curtindo o momento, enquanto a presença do nosso bebê se fazia mais real a cada segundo. Victor e eu trocamos promessas silenciosas de amor e proteção, sabendo que estávamos prontos para qualquer coisa, desde que estivéssemos juntos.

Ainda estava absorvendo tudo quando Victor, com um brilho nos olhos, se levantou e me puxou para mais perto. Ele se sentou ao meu lado no sofá, passando o braço ao redor dos meus ombros enquanto eu encostava a cabeça em seu peito. Sentia o ritmo constante do seu coração, e isso me acalmava de um jeito que poucas coisas no mundo conseguiam.

— Sabe, eu fico imaginando como vai ser quando ele ou ela nascer — Victor murmurou, a mão ainda repousando protetoramente sobre minha barriga. — Será que vai ter os seus olhos? Ou o seu sorriso?

Sorri, imaginando junto com ele. — Ou talvez o seu cabelo? Eu adoraria se tivesse aquele seu jeito meio rebelde — brinquei, passando a mão pelos seus cabelos.

Victor riu baixinho. — Espero que o bebê herde seu senso de humor também. E sua bondade, Júlia. Ele ou ela vai ser uma pessoa incrível com você como mãe.

Meus olhos se encheram de lágrimas novamente, mas dessa vez eram lágrimas de felicidade e gratidão. Victor sempre soube exatamente o que dizer para me fazer sentir amada e apreciada.

— Você vai ser um pai maravilhoso, Victor. Eu vejo o jeito como você cuida de mim, e sei que vai cuidar do nosso bebê com o mesmo amor e dedicação.

Ele suspirou, apertando-me contra ele com mais força. — Estou ansioso e, ao mesmo tempo, morrendo de medo. Mas eu prometo que vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para ser o melhor pai e parceiro para você.

Fechei os olhos, sentindo-me segura e amada em seus braços. A presença do nosso bebê, ainda invisível ao mundo, mas tão real para nós, parecia reforçar todos os sentimentos que compartilhávamos. Era um misto de alegria, expectativa e um pouco de receio pelo desconhecido que estava por vir, mas havia uma certeza: estávamos juntos nisso, e isso era o suficiente.

Ficamos assim por um tempo, sem precisar de palavras, apenas curtindo a companhia um do outro e a magia do momento. Finalmente, Victor quebrou o silêncio.

— Vamos fazer algo especial para comemorar esse momento? Um jantar à luz de velas, talvez? Eu sei que você deve estar cansada, mas quero celebrar de alguma forma.

Sorri, sentindo-me mais leve do que nunca. — Isso soa perfeito. Mas com uma condição... você me ajuda a preparar tudo. E nada de me deixar carregar coisas pesadas, entendido?

Ele levantou as mãos em rendição, rindo. — Prometo seguir todas as ordens da futura mamãe.

E assim, nos levantamos do sofá, Victor sempre com uma mão protetora em minha cintura, como se quisesse garantir que eu estava bem a cada passo. Fomos para a cozinha juntos, conversando e rindo enquanto preparávamos o jantar, transformando uma noite comum em algo extraordinário.

Enquanto cortávamos legumes e mexíamos nas panelas, continuei sentindo o calor da mão de Victor na minha barriga de vez em quando, como se ele ainda não acreditasse completamente que nosso bebê estava ali, crescendo e se fortalecendo. A cada toque, meu coração se enchia de amor, sabendo que aquele era apenas o começo de uma jornada que iríamos trilhar juntos, como uma família.

Jantamos à luz de velas, como Victor sugeriu, e falamos sobre o futuro, sobre nossos sonhos e expectativas. Mas o que realmente ficou gravado em mim foi a sensação de que, não importa o que viesse, nós três—Victor, eu e nosso bebê—estaríamos sempre ligados por esse amor que só parecia crescer mais a cada dia.

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