17: Porto Seguro

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Charlotte

Quando cheguei em casa naquele mesmo dia, percebi que precisava de algumas coisas do mercado, e como ele ficava perto de casa, optei por ir a pé. A noite estava agradável, e eu pensei que uma caminhada rápida seria uma boa maneira de espairecer. A rua estava tranquila, com poucas pessoas passando, e eu aproveitei para apreciar o tempo sozinha.

Peguei tudo o que precisava no mercado e sai do mercado de volta para casa. O céu começava a escurecer, e a rua, que antes parecia tão calma, agora tinha um ar mais sombrio. Acelerei o passo, já pensando no conforto de minha casa, quando percebi uma presença atrás de mim. Inicialmente, não dei muita importância, pensando ser apenas mais um pedestre, mas a sensação de ser observada começou a se intensificar.

Tentei ignorar, mas o som de passos atrás de mim persistia, cada vez mais próximo. Senti meu estômago apertar. Tentei manter a calma, mas o medo começou a tomar conta. O coração batia mais rápido, e eu decidiu me virar para ver quem estava ali.

Um homem, com um olhar ameaçador, me observava de perto. Quando eu me virei para continuar andando, ele acelerou o passo. E comecei a correr, mas antes que pudesse me afastar, senti uma mão forte agarrar meu braço e puxaram para um beco. Tentei gritar, mas o homem tapou minha boca com uma das mãos.

O pânico tomou conta de mim. Lutei com todas as forças, mas o homem era muito mais forte. Ele sussurrou ameaças em meu ouvido, e senti a desesperança se aproximando. A situação parecia sem saída, mas algo dentro de mim se recusava a desistir.

Eu me debati mais uma vez, conseguindo morder a mão do homem, que, surpreso, afrouxou o aperto por um momento. Aproveitando a oportunidade, consegui me soltar e correr o mais rápido que podia. Meu coração parecia que ia explodir, mas  não parei até chegar à segurança de minha casa.

Tranquei a porta atrás de mim, as mãos tremendo enquanto tentava pegar o celular. Com os dedos trêmulos, disquei o número de Elijah. A ligação pareceu durar uma eternidade até que ele atendeu.

Ligação:

Charlotte: "Elijah, por favor, você pode vir? Eu... algo aconteceu," minha voz era quase um sussurro, cheia de medo e desespero.

Ele não fez perguntas, apenas disse que estava a caminho. Me encolhi  no sofá, abraçando os joelhos, tentando me acalmar. Quando Elijah finalmente chegou, eu corri para ele, e sem dizer uma palavra, ele me envolveu em seus braços, oferecendo a segurança que eu tanto precisava naquele momento.

Elijah não disse nada por um tempo, apenas me segurou, permitindo que eu chorasse em seu ombro. Depois de alguns minutos, ele perguntou suavemente:
-O que aconteceu, Charlotte?

Eu contei tudo, cada detalhe, minha voz trêmula e cheia de emoção. Elijah ouviu com atenção, sua expressão ficando cada vez mais sombria. Quando terminei, ele olhou para mim com uma determinação feroz.

- Você está segura agora - ele disse, sua voz firme. - Eu vou cuidar de você, Charlotte. Nada mais vão te machucar.

E assim, aquela noite que começou como uma simples ida ao mercado terminou comigo encontrando conforto nos braços de Elijah, onde finalmente me permiti sentir-se protegida.

Enquanto eu estava nos braços de Elijah, sentia o calor reconfortante do seu corpo me envolvendo. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas ao menos ali, naquele momento, eu sabia que estava segura. Meu corpo ainda tremia, mas a presença dele ajudava a acalmar meus nervos. Ele me puxou suavemente para o sofá, mantendo um braço ao redor de mim, como se não quisesse me soltar.

- Charlotte - ele começou, a voz grave mas suave, - eu vou ligar para a polícia. Eles precisam saber o que aconteceu.

Minha mente girava com os eventos recentes, e a ideia de recontar o que havia acontecido para estranhos me deixou ansiosa.

- Elijah, eu... não sei se estou pronta para isso - sussurrei, a voz falhando.

Ele me olhou nos olhos, a preocupação estampada em seu rosto.

-Eu entendo, mas precisamos denunciar. Esse homem não pode sair impune.

Eu sabia que ele estava certo, mas o medo ainda me consumia. A imagem do homem, seus olhos ameaçadores, e o som das suas palavras ainda ecoavam na minha mente. Respirei fundo, tentando ganhar coragem.

-Ok, mas... você fica comigo?

- Claro Lottie - ele disse sem hesitar, eu gostava desse apelido referido a mim. -Eu não vou a lugar nenhum, deu um beijo em minha têmpora.

Com a decisão tomada, Elijah pegou o telefone e ligou para a polícia. Ele falou calmamente, explicando a situação, e em poucos minutos, um carro de patrulha estava a caminho. Enquanto esperávamos, ele se manteve ao meu lado, segurando minha mão, o que me dava uma força que eu nem sabia que tinha.

Quando os policiais chegaram, Elijah os recebeu na porta, explicando a situação com uma firmeza que me surpreendeu. Eles foram gentis, mas eu ainda estava assustada. Elijah ficou ao meu lado o tempo todo, ajudando a preencher os espaços quando eu tinha dificuldade para falar. Expliquei tudo o que aconteceu, e os policiais garantiram que fariam o possível para encontrar o homem.

Depois que eles foram embora, o silêncio voltou a preencher o espaço. O cansaço começou a pesar sobre mim, mas eu sabia que não conseguiria dormir tão cedo. Elijah pareceu perceber isso.

- Você quer que eu fique aqui com você esta noite? - ele perguntou, quebrando o silêncio. - Só até você se sentir mais segura.

Eu hesitei por um momento, mas a verdade era que eu não queria ficar sozinha. Não depois do que aconteceu.

-Eu gostaria... se não for um incômodo.

- Charlotte, isso nunca seria um incômodo -  ele respondeu, com uma gentileza que me fez sentir mais segura do que nunca.

Ele me ajudou a me levantar e me guiou até o quarto.

- Por que você não tenta descansar um pouco? -  sugeriu, ajeitando os travesseiros na cama. Eu me deitei, ainda com os nervos à flor da pele, mas com ele ali, parecia um pouco mais fácil.

- Elijah... você fica aqui, no quarto?-  perguntei, sentindo-me vulnerável ao fazer o pedido.

Ele assentiu, puxando uma cadeira para perto da cama.

- Eu vou ficar bem aqui, Lottie. Pode descansar."

Fechei os olhos, tentando deixar o cansaço me vencer. Eu sabia que Elijah estava lá, e isso era tudo o que eu precisava naquele momento. Enquanto o sono finalmente começava a me envolver, senti uma onda de gratidão por tê-lo ao meu lado. Ele era mais do que eu imaginava, mais do que eu merecia, talvez. E, no fundo, eu sabia que algo entre nós havia mudado para sempre.

Naquela noite, em meio ao medo e ao trauma, percebi que Elijah era mais do que um amigo, mais do que alguém que cuidava de mim. Ele era meu porto seguro, e eu não estava sozinha. E, pela primeira vez em muito tempo, adormeci sabendo que, por mais sombria que fosse a noite, eu estava segura.

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Amor Fora da BolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora