Charlotte
Quando finalmente cheguei em casa, tudo o que eu queria era um pouco de paz para organizar meus pensamentos e me concentrar nos trabalhos acumulados da editora. O cansaço pesava em meus ombros, mas a pilha de relatórios na mesa me lembrava que o descanso ainda estava longe.
Enquanto eu tentava me concentrar, Elijah entrou na sala. Ele olhou para mim e notou a tensão em meu rosto.
- Charlotte, você precisa descansar um pouco. Não adianta se matar de trabalhar assim.
- Eu não tenho tempo para descansar, Elijah - retruquei sem levantar os olhos do computador. - Estou atrasada com tudo e preciso terminar esses relatórios.
- Você está se sobrecarregando. Isso não vai acabar bem, você sabe disso.
A irritação começou a subir. Elijah sempre tentava me ajudar, mas, naquele momento, suas palavras só pioravam meu humor.
- Eu sei o que estou fazendo. Não preciso que você me diga como trabalhar.
- Não é isso, Charlotte, mas você está exausta! Eu estou aqui tentando te ajudar, mas parece que você nem quer ouvir.
- E por que você acha que eu não sei disso?- respondi, levantando a voz. - Estou cansada, sim! Mas eu não posso simplesmente parar!
Elijah deu um passo para trás, cruzando os braços.
- Charlotte, você está se fechando para mim. Só estou tentando te apoiar, mas você não facilita.
- Eu só quero terminar o que preciso fazer, Elijah! Por que isso é tão difícil de entender?
Ele respirou fundo, tentando manter a calma, mas sua frustração era evidente.
- Difícil de entender é você achar que tem que fazer tudo sozinha, sem deixar ninguém te ajudar.
- Talvez porque toda vez que alguém tenta me ajudar, acaba me atrapalhando ainda mais! - explodi, sem medir as palavras.
O silêncio que se seguiu foi sufocante. Elijah me encarou, claramente magoado.
- Sabe, Charlotte, eu pensei que éramos uma equipe. Mas se você prefere fazer tudo sozinha, então eu não tenho mais nada a dizer.
Ele se virou e saiu, batendo a porta com força. Fiquei ali, sozinha na sala, as palavras ecoando na minha mente. A raiva inicial deu lugar a um aperto no peito. Eu sabia que tinha exagerado, mas não conseguia ir atrás dele. Meu orgulho me impedia de admitir que estava errada.
Nos dias que se seguiram, Elijah passou a evitar estar perto de mim. Ele não dizia nada, mas o distanciamento era claro. E a cada dia que passava, eu sentia mais falta da presença dele, mais do que queria admitir.
- quebra de tempo-
A semana passou arrastada, e cada dia parecia mais pesado que o anterior. O distanciamento de Elijah estava me consumindo por dentro. Em todo lugar que eu ia, eu me pegava olhando para a porta, esperando vê-lo aparecer. Mas ele não aparecia.
Estava em casa, olhando para a tela do computador sem realmente enxergar nada. Minhas mãos tremiam levemente, e um nó se formava na minha garganta.
- Eu fui muito grossa com ele - murmurei para mim mesma, a culpa se enroscando ao redor do meu coração. "
- Talvez ele nem queira mais saber de mim."A ideia de perder Elijah era insuportável. As lágrimas começaram a escorrer silenciosamente, mas logo se transformaram em um choro descontrolado. A realidade do que eu tinha feito, do que poderia ter perdido, era dolorosa demais para suportar. Cada soluço parecia arrancar um pedaço do meu coração.
No meio do meu desespero, ouvi a campainha tocar. Meu choro parou abruptamente, o som ecoando em minha mente como uma miragem. Com os olhos vermelhos e inchados, me levantei e caminhei até a porta, minhas mãos trêmulas girando a maçaneta. Quando a porta se abriu, lá estava ele. Elijah, parado na minha frente, a expressão séria, mas com um olhar suave que só ele tinha.
- Elijah... - minha voz saiu trêmula, quase um sussurro.
Ele não disse nada por um momento, apenas me observou, avaliando o estrago que o distanciamento tinha causado.
-Posso entrar? - ele perguntou finalmente, a voz controlada, mas com um toque de gentileza.
Assenti, abrindo espaço para que ele entrasse. Fechei a porta atrás de nós, o silêncio no ar era pesado, carregado de coisas não ditas.
- Charlotte - ele começou, a voz baixa, - eu estive pensando muito nesses últimos dias.
Meu coração acelerou.
- Elijah, me desculpa... Eu fui horrível com você. Eu estava tão estressada, mas isso não justifica...
Ele levantou a mão, interrompendo meu fluxo de palavras.
- Eu entendo, Charlotte. Eu sei que estava difícil para você, mas... aquilo que você disse me magoou. Eu realmente só queria te ajudar.
As lágrimas voltaram, e eu me aproximei dele, as palavras saindo em soluços. - Eu sinto muito, Elijah. Eu pensei que estava conseguindo lidar com tudo sozinha, mas estava errada. Eu preciso de você... mais do que imaginei.
Ele respirou fundo, ainda chateado, mas seus olhos mostravam um carinho que não havia desaparecido.
- Você não precisa fazer tudo sozinha, Charlotte. Eu estou aqui para te apoiar, para estar ao seu lado. Mas isso só funciona se você deixar.
Eu não consegui mais segurar as lágrimas, e ele deu um passo à frente, me puxando para um abraço.
- Shhh... está tudo bem - ele murmurou contra meus cabelos, sua voz suave e reconfortante. - Estou aqui agora.
Eu me agarrei a ele, sentindo o calor e a força de seus braços ao meu redor.
- Eu achei que você não fosse mais querer ficar perto de mim - confessei, o medo ainda presente em minha voz.
Elijah suspirou, segurando meu rosto entre as mãos, seus olhos fixos nos meus.
- Eu fiquei chateado, sim. Mas isso não significa que eu vá desistir de você. Eu me importo muito com você, Lottie, e quero estar aqui, com você. Só precisamos aprender a lidar com isso juntos.
- Eu prometo que vou tentar. Eu não quero mais te afastar - eu disse, sentindo o peso começar a sair dos meus ombros.
Ele beijou minha testa suavemente, ainda segurando meu rosto.
- Eu também vou tentar ser mais paciente. Vamos superar isso juntos, ok?
Assenti, sentindo a reconciliação aquecer meu coração. Mesmo com a mágoa ainda presente, havia uma esperança renovada entre nós. Sabia que ainda haveria desafios, mas, naquele momento, o simples fato de tê-lo ao meu lado era o suficiente.
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Amor Fora da Bolha
Ficção AdolescenteCharlotte é uma jovem de 22 anos que vive com seus pais em uma pequena e acolhedora cidade. Seus pais, embora amorosos e bem-intencionados, são extremamente protetores e controlam todos os aspectos da vida de Charlotte. Ela nunca teve liberdade para...