Trinta e Três

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Não sabia há quanto tempo estava encarando a parede branca daquele banheiro, mas sabia que era um período considerável, porque a água da banheira já estava fria

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Não sabia há quanto tempo estava encarando a parede branca daquele banheiro, mas sabia que era um período considerável, porque a água da banheira já estava fria. Cada vez que eu fechava meus olhos conseguia visualizar tudo o que aconteceu naquele apartamento, e quando meus olhos estavam abertos, a imagem refletida nos espelhos ao meu redor mostravam os hematomas espalhados por meu corpo, e me lembravam, de novo, do que aconteceu.

Então, não importava a hora do dia, era como se eu estivesse vivendo em um inferno eterno, sem saída. Eu não conseguia pensar em outra coisa, senão na imagem de William caído, ensanguentado, no chão, desacordado.

Eu matei uma pessoa. Eu sou uma assassina.

A água fria da banheira parecia um reflexo da minha alma — vazia, gelada e sem vida. O peso da culpa era esmagador, uma presença constante que me sufocava a cada respiração. Eu tentei ignorar os espelhos, mas era impossível. Eles estavam por toda parte, devolvendo-me a imagem de uma mulher que eu mal reconhecia, coberta de hematomas que contavam a história de uma noite que eu daria tudo para esquecer.

"Eu matei uma pessoa. Eu sou uma assassina." Aquelas palavras ecoavam na minha mente sem cessar. Cada vez que eu tentava afastá-las, elas voltavam com ainda mais força, como uma maré que me arrastava de volta para o fundo.

Eu sabia que deveria sair daquela banheira, que precisava fazer algo, qualquer coisa para seguir em frente. Mas minhas pernas pareciam feitas de chumbo, e meu corpo, uma prisão da qual eu não conseguia escapar.

O rosto de William, ensanguentado e caído no chão, era tudo o que eu conseguia ver, mesmo quando fechei os olhos. Era como se aquele momento estivesse gravado na minha mente para sempre, uma lembrança cruel e implacável.

Eu estava presa em um ciclo sem fim de medo, culpa e incerteza, e a única coisa que me mantinha sã era o fato de que, por enquanto, eu estava segura.

Christopher me trouxe para cá, mas nem mesmo isso me dava conforto. Sentia como se eu pudesse ser presa a qualquer momento por ter matado o Inspetor da cidade.

Eu não via outra alternativa senão ir embora dessa cidade, mas como eu faria isso se meu pai ainda não havia terminado seu tratamento de reabilitação?

Meus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta, e logo depois ouvi a voz de Christopher me dizendo que o jantar estava pronto.

Fazia dois dias desde aquela noite fatídica, e desde então ele tem estado comigo, cuidando de mim. Mesmo que eu não tenha tido qualquer apetite, ele tem preparado cada uma de minhas refeições.

Ele também providenciou roupas novas para mim e ordenou que dois de seus homens estivessem de guarda no corredor do seu apartamento, para que eu me sentisse mais segura, além de outros que ficam na rua.

Há dois dias ele tem ficado aqui no apartamento, mesmo que eu tenha pronunciado, no máximo, sete palavras ao todo nas últimas quarenta e oito horas.

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