capítulo 01

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A noite caía sobre a pequena cidade, as estrelas começavam a aparecer no céu enquanto Hazel se jogava no sofá, irritada. Ela mal conseguia acreditar na última conversa que teve com seus pais. Viajar por duas semanas e deixar Billie Eilish, a garota que ela odiava com todas as suas forças, responsável por ela?

Aquilo era surreal. Hazel tinha dezoito anos, não era mais uma criança, não precisava de uma babá, e menos ainda de uma que fosse apenas dois anos mais velha.

- Isso é ridículo! - resmungou, apertando o controle remoto na mão, sem realmente prestar atenção no que passava na TV.

Seu pensamento estava fixo em Billie. Elas tinham se conhecido há alguns anos, e, desde então, Hazel nutria uma antipatia crescente pela garota. Billie sempre parecia se achar superior, com aquele ar despreocupado e meio desinteressado. O jeito dela irritava Hazel profundamente. E agora, lá estava ela, prestes a ser deixada aos cuidados de Billie. Como se fosse uma criança que não conseguisse cuidar de si mesma.

Antes que pudesse se aprofundar mais na própria frustração, ouviu o som da porta se abrindo. O som de risadas e conversas baixos a trouxe de volta à realidade. Seus pais estavam prontos para ir.

- Hazel! - chamou sua mãe, entrando na sala com um sorriso no rosto. - Nós já estamos de saída. Tem certeza que vai ficar bem?

- Claro que vou ficar bem, mãe. Eu sou adulta, lembra? Não preciso de ninguém me "vigiando". - Hazel fez aspas no ar, claramente irritada.

Sua mãe suspirou, tentando manter a paciência.

- Querida, nós já conversamos sobre isso. Nós nos sentiríamos melhor se alguém ficasse aqui para garantir que tudo estivesse em ordem. E Billie é uma ótima pessoa para isso.

Hazel bufou e revirou os olhos.

- Billie? Ótima pessoa? Vocês só podem estar brincando comigo. Ela nem liga pra isso. Aposto que vai ficar o tempo todo com o celular, ignorando tudo ao redor.

- Não seja tão rude com ela - disse seu pai, surgindo logo atrás da mãe. - Sabemos que você não está feliz com isso, mas Billie aceitou de bom grado. E nós confiamos nela.

- Claro que aceitou. Vocês devem estar pagando bem - murmurou Hazel, cruzando os braços.

- Hazel! - A mãe a olhou com uma expressão de reprovação, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a campainha tocou.

- Deve ser ela - disse o pai, com um sorriso, indo até a porta para abrir.

Hazel revirou os olhos mais uma vez e afundou ainda mais no sofá, como se quisesse desaparecer de toda a situação. Queria gritar, chutar alguma coisa, qualquer coisa que pudesse expressar sua raiva por tudo aquilo.

A porta se abriu, e Hazel ouviu a voz de Billie cumprimentando seus pais. Ela reconheceria aquele tom descontraído em qualquer lugar. Uma sensação de irritação subiu pelo peito dela.

- Olá, pessoal - a voz de Billie ecoou pela sala quando ela entrou, e Hazel a viu ali, parada com aquele mesmo sorriso casual de sempre, vestindo uma camiseta larga e uma calça de moletom. Totalmente relaxada, como se não tivesse responsabilidade nenhuma na vida. - Pronta para duas semanas divertidas, Hazel?

Hazel se recusou a responder, cruzando os braços e focando na TV, como se a presença de Billie fosse irrelevante.

Billie ergueu uma sobrancelha e lançou um olhar para os pais de Hazel, que deram de ombros.

- Ela vai se acostumar - disse sua mãe com um sorriso. - Só precisa de um tempo.

- Ah, claro - respondeu Billie, com uma expressão despreocupada. - Sei como é. Bem, vou fazer o meu melhor para não invadir o espaço dela.

A BABÁ QUE EU ODEIO - B.EOnde histórias criam vida. Descubra agora