A BABÁ QUE EU ODEIO - B.E

Capítulo 05

Continuação...

BILLIE

Dirigindo de volta para casa, não conseguia parar de pensar na forma como Hazel tinha me encarado antes de entrar na faculdade. Tão cheia de raiva, tão... determinada a me mostrar que ela não precisava de mim. Mas por mais que ela tentasse ser independente e forte, eu sabia que no fundo Hazel ainda tinha aquele lado impulsivo, e deixar ela voltando sozinha tão tarde me incomodava.

A verdade é que eu não gostava de seguir regras, mas, por algum motivo, o pensamento de Hazel vagando sozinha pela noite não parecia certo.Ela podia dizer o que quisesse, mas ainda era minha responsabilidade enquanto os pais dela estavam fora. E, sinceramente, eu odiava admitir isso, mas parte de mim se preocupava.

Suspirei, batendo os dedos contra o volante enquanto parava em um semáforo. Poderia simplesmente ignorar e confiar que Hazel voltaria bem, como ela havia garantido.

Mas e se algo acontecesse?

Sem pensar muito, virei o carro na direção oposta, voltando para o caminho da faculdade. Eu sabia que Hazel ficaria furiosa ao me ver lá, mas, sinceramente, eu estava acostumada a lidar com a raiva dela. Talvez, parte de mim até gostasse disso. Tinha algo de revigorante em como ela sempre reagia a mim de forma tão intensa.

Quando cheguei, estacionei o carro em uma vaga afastada e esperei. O tempo passava lentamente, e eu me perguntava se deveria mesmo ter voltado. Talvez fosse melhor tê-la deixado resolver as coisas sozinha, mas agora já estava aqui. Eu sabia que Hazel sairia a qualquer momento, então me acomodei no banco do carro, tentando matar o tempo enquanto mexia no celular.

Finalmente, depois de quase uma hora, a porta principal da faculdade se abriu e eu a vi. Hazel estava com a mochila pendurada em um ombro, seus olhos focados no celular, caminhando distraída. Ela parou por um momento, parecendo procurar algo, e então, seus olhos se encontraram com o meu carro. Foi instantâneo: seus olhos se estreitaram, o corpo todo enrijeceu.

Ela veio na minha direção a passos rápidos, e eu sabia que a fúria já estava subindo à superfície.

- O que você está fazendo aqui?! - Hazel praticamente gritou assim que chegou à janela do carro, o rosto dela uma mistura de incredulidade e raiva.

Eu abri a porta devagar e saí do carro, apoiando-me contra a porta com os braços cruzados.

- Eu disse que não precisava de você pra me buscar! - Ela continuou, sem me dar chance de responder. - Eu sou adulta, Billie. Você precisa parar com essa mania de me tratar como se eu fosse uma criança!

- Eu sei que você disse isso, Hazel - comecei, tentando manter a calma, embora soubesse que isso só a irritaria mais. - Mas achei que sair tão tarde da faculdade, sozinha, não seria seguro. Só quis garantir que você chegasse em casa bem.

Ela bufou, incrédula.

- Você acha que eu não sei cuidar de mim? - perguntou, o sarcasmo transbordando. - Eu faço isso o tempo todo, Billie. Não preciso de você me vigiando!

Eu a encarei por alguns segundos, notando como ela estava ainda mais furiosa do que eu tinha imaginado. Mas algo me dizia que, por trás da raiva, havia um pequeno traço de desconforto. Talvez ela estivesse cansada, talvez até apreciasse a preocupação, mas claro que jamais admitiria.

- Não estou te vigiando, Hazel. Estou só cumprindo o que seus pais me pediram - falei, tentando soar razoável. - Além disso, não custa nada eu estar aqui, certo?

Ela jogou a cabeça para trás, soltando uma risada seca.

- Ah, claro! Sempre a filha perfeita, seguindo ordens. Isso é tão Billie. - Hazel balançou a cabeça, me lançando um olhar de desprezo. - Eu nunca vou entender por que minha mãe confia tanto em você. Você sempre age como se soubesse o que é melhor pra mim. Mas adivinha só? Você não sabe nada!