Capítulo 11

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Acordei com uma sensação estranha no corpo, como se meu corpo estivesse pesado demais para se mover. Era uma daquelas manhãs em que você sabe que algo não está certo. Meu corpo estava quente, a cabeça doía, e mal conseguia abrir os olhos. Tentei me levantar da cama, mas logo desisti ao sentir uma tontura súbita.

Suspirei, me afundando de volta no travesseiro e fechei os olhos por mais alguns minutos, tentando ignorar o desconforto, mas logo ouvi passos no corredor. Billie entrou no quarto, e eu podia sentir o peso do olhar dela antes mesmo de abrir os olhos novamente.

— Hazel? — A voz dela era calma, mas tinha um toque de preocupação. — Você vai se atrasar se não levantar logo.

Abri os olhos com dificuldade, encarando-a com uma expressão que provavelmente dizia tudo o que eu sentia. Ela franziu o cenho, cruzando os braços como se estivesse esperando uma resposta.

— Eu... não tô me sentindo muito bem — murmurei, tentando parecer menos fraca do que me sentia.

Billie se aproximou, colocando a mão na minha testa sem dizer nada. O toque dela era frio em contraste com minha pele em chamas, e eu vi a expressão dela mudar.

— Hazel, você tá queimando de febre — o tom dela mudou instantaneamente, e eu vi uma sombra de preocupação tomar conta de seu rosto. — Não vai para lugar nenhum assim. Eu vou cuidar de você.

Não protestei. Na verdade, era um alívio saber que ela ficaria por perto. Billie rapidamente se levantou e saiu do quarto, provavelmente para pegar alguma coisa, e voltou com um copo d'água e um comprimido.

— Toma isso — disse ela, me ajudando a me sentar. — Vai te ajudar a baixar a febre.

Obedeci, sentindo um alívio imediato com a água gelada escorrendo pela minha garganta seca. Billie sentou-se ao meu lado, observando enquanto eu bebia, seus olhos escuros brilhando com uma mistura de atenção e... algo mais que eu não sabia identificar.

— Vou buscar uma compressa fria. Fica aqui, não tenta levantar, tá? — Ela falou de um jeito firme, mas gentil, e eu acenei lentamente, sentindo o cansaço tomar conta de mim.

Me deixei afundar mais um pouco nos travesseiros, sem protestar. Meu corpo definitivamente não estava em condições de ir a lugar nenhum. Billie suspirou e se afastou, indo em direção à porta.

Fechei os olhos novamente, o cansaço pesando sobre mim. Mesmo doente, eu sabia que Billie estava preocupada, algo que ela sempre tentava disfarçar. E, por mais que fosse estranho admitir, a ideia de ela cuidar de mim me deixou com uma sensação de conforto inesperada.

Ela voltou minutos depois, colocando uma toalha molhada sobre a minha testa, o que me trouxe um alívio imediato. Senti meus músculos relaxarem um pouco, e por um momento, eu só aproveitei a sensação de ser cuidada. Não esperava isso de Billie. Ela geralmente era mais distante, mais fria.

Depois de alguns minutos, rompi o silêncio.

— Você não precisa fazer isso, sabia? — murmurei, sem olhar para ela.

— Fazer o quê? — Billie perguntou, a voz mais suave do que o normal.

— Me cuidar assim. Eu sei que você só tá aqui porque... bom, porque é sua obrigação. — A verdade saiu antes que eu pudesse me segurar. Eu odiava a ideia de depender dela.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, e eu finalmente olhei em sua direção. O rosto dela estava mais sério do que o habitual, mas havia algo nos olhos dela que eu não consegui decifrar.

— Não é só obrigação, Hazel — ela respondeu, finalmente. — Se você está mal, eu vou cuidar de você. Simples assim.

Havia algo na forma como ela disse isso que fez meu coração acelerar. Ela estava sendo honesta, e eu não sabia como lidar com isso. Desviei o olhar, tentando disfarçar o impacto que aquelas palavras tiveram em mim.

— Bom... obrigada, então — respondi, tentando soar casual.

Ela apenas assentiu, se levantando.

— Quer assistir algo? — perguntou, a voz casual de novo, mas o olhar um pouco mais suave.

— Pode ser. O que você quer ver? — perguntei, tentando ignorar o nervosismo que se instalava em mim.

Billie deu de ombros, pegando o controle da TV e sentando ao meu lado novamente. Colocou um filme qualquer, e logo estávamos assistindo juntas, o silêncio confortável preenchendo o quarto.

O tempo foi passando, e eu comecei a me sentir um pouco melhor, embora ainda estivesse quente e um pouco zonza. A presença de Billie ao meu lado, no entanto, estava começando a fazer as coisas parecerem... diferentes. O espaço entre nós no sofá parecia menor do que antes, e o silêncio que antes era confortável agora estava carregado de algo que eu não sabia explicar.

Em um determinado momento, enquanto o filme se desenrolava na tela, eu senti que nossos ombros se tocaram levemente. Não era nada demais, mas aquele pequeno contato fez meu coração acelerar de uma forma que eu não esperava. Olhei de relance para Billie, que parecia tão absorvida no filme, mas seus olhos logo encontraram os meus.

Por um segundo, o mundo ao redor pareceu parar. Nossos olhares se prenderam, e eu podia sentir a tensão crescer no ar. Billie parecia igualmente afetada, seus olhos escurecendo enquanto me olhava. O espaço entre nós diminuiu lentamente, quase de forma inconsciente, como se algo nos puxasse uma para a outra. Podia sentir a respiração dela mais próxima, o calor do corpo dela ao meu lado.

Por um breve momento, tudo o que eu queria era fechar aquele espaço de vez. Me inclinei levemente, e senti Billie fazer o mesmo. Nossas respirações se misturavam agora, e o mundo parecia ter se reduzido a esse único momento entre nós. Eu podia sentir que estávamos a segundos de um beijo, e uma parte de mim ansiava por isso.

Foi então que a campainha tocou, quebrando o silêncio e o momento de forma abrupta.

Billie se afastou de repente, se levantando rapidamente, a expressão confusa, como se ela também estivesse surpresa com o que estava prestes a acontecer.

— Deve ser a pizza que eu pedi — disse ela, quase rindo de nervoso. — Vou buscar.

Fiquei deitada, tentando me recompor.

O que foi isso?

Estávamos realmente prestes a nos beijar?

Minha mente girava com perguntas, mas logo Billie voltou com a pizza, e, como se nada tivesse acontecido, nós começamos a comer e a conversar sobre o filme, fingindo que aquele momento nunca tinha existido.

Mas eu sabia que existiu. E ela também.

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Aiai, tô ansiosa com a minha própria fanfic kkkk

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A BABÁ QUE EU ODEIO - B.EOnde histórias criam vida. Descubra agora