Continuação...
Hazel entrou no carro, batendo a porta com força. Eu sorri de leve, já acostumada com as reações exageradas dela. Não pude deixar de reparar como o cabelo dela caía sobre os ombros, mais longo do que eu lembrava. Eu balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos que surgiam. Hazel podia ser irritante, mas estava claro que ela havia se tornado uma mulher atraente. Uma pena que nossa relação fosse tão explosiva.
Eu entrei no carro, ligando o motor e dando uma olhada rápida em Hazel. Ela estava sentada com os braços cruzados, o rosto virado para a janela. Claramente ainda furiosa.
- Vai ficar assim o caminho todo? - perguntei, já sabendo a resposta.
- Não tem nada que eu queira dizer pra você, Billie - ela retrucou sem se virar, a voz carregada de veneno.
Eu suspirei, manobrando o carro para fora da garagem. O trajeto até a faculdade seria longo se o clima continuasse assim. Resolvi tentar amenizar as coisas, mesmo que fosse inútil.
- Olha, Hazel, eu sei que você acha isso tudo uma perda de tempo. Mas seus pais me pediram pra garantir que você fique bem, e é isso que vou fazer.
Ela virou a cabeça para me encarar, seus olhos verdes brilhando de raiva.
- Ah, claro. Você vai "garantir que eu fique bem". Porque, obviamente, não sei me cuidar sozinha, né? - O sarcasmo escorria da voz dela. - Me poupe, Billie. Eu não preciso de você.
Eu mantive os olhos na estrada, tentando não responder com a mesma rispidez. Eu sabia que qualquer tentativa de conversar com Hazel agora seria inútil.
- Eu sei que não precisa de mim - falei, tentando soar calma. - Mas seus pais estão preocupados. É só isso.
Ela soltou uma risada amarga.
- Preocupados? - Ela revirou os olhos. - Eles não estão preocupados comigo. Eles só querem ter certeza de que alguém está aqui pra dizer que eu não vou ferrar tudo enquanto eles estão fora.
Eu não respondi de imediato. Sabia que os pais dela tinham uma relação complicada com Hazel, e talvez ela estivesse certa em parte. Mas, por mais que eu entendesse isso, não havia muito que eu pudesse fazer.
- Não acho que seja assim - comecei, mas fui interrompida por Hazel, que agora me encarava com uma expressão irritada.
- Claro que acha. Você sempre faz o que eles mandam, Billie. Sempre foi a queridinha da minha mãe. A garota perfeita que nunca erra. - A voz dela estava carregada de amargura. - Mas eu não sou assim. E nunca vou ser.
Eu respirei fundo, contando até três antes de responder.
- Eu nunca disse que você precisava ser, Hazel. Na verdade, eu prefiro quando você é você mesma. Mesmo que isso signifique me odiar.
Ela ficou em silêncio por alguns segundos, me observando com os olhos estreitos, como se tentasse entender o que eu havia acabado de dizer. Mas logo sua expressão se fechou novamente.
- Tanto faz - murmurou, voltando a olhar para a janela.
O resto do caminho foi silencioso, com a tensão entre nós quase palpável. Eu sabia que Hazel tinha seus motivos para me odiar, e parte de mim compreendia. Nós nunca nos demos bem desde a infância. O problema era que agora, além do ódio, havia algo mais. Algo que eu preferia não admitir.
Quando chegamos à faculdade, ela mal esperou o carro parar antes de abrir a porta e sair apressada.
- Hazel, espera! - chamei, mas ela já estava quase na entrada do prédio.
Ela parou abruptamente e se virou para me encarar. O olhar de raiva que ela lançou era o suficiente para me fazer parar no meio da frase.
- O que é agora? Vai segurar minha mão e me levar até a sala também? - O sarcasmo na voz dela era afiado.
Eu suspirei, me inclinando sobre o volante.
- Só queria saber que horas você quer que eu te pegue.
Hazel hesitou por um momento, provavelmente pensando em uma resposta cheia de veneno. Mas, ao invés disso, ela simplesmente deu de ombros.
- Não precisa. Eu volto sozinha.
Eu sabia que aquilo não era o combinado com os pais dela, mas, sinceramente, naquele momento, discutir com Hazel parecia inútil.
- Ok - respondi, sem discutir. - Mas me avisa se precisar de qualquer coisa.
Ela soltou uma risada curta e seca.
- Não se preocupe, Billie. Eu definitivamente não vou precisar.
E, com isso, ela virou nos calcanhares e entrou na faculdade, me deixando sozinha no carro. Eu a observei por alguns instantes antes de suspirar e dar a partida no motor.
Hazel tinha mudado, sim. Mas, no fundo, a dinâmica entre nós continuava a mesma.
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A BABÁ QUE EU ODEIO - B.E
Fiksi PenggemarHazel, uma jovem de dezoito anos, se vê presa em uma situação que ela jamais imaginou: seus pais, durante uma viagem de duas semanas, decidem deixá-la aos cuidados de Billie Eilish, uma garota apenas dois anos mais velha e por quem Hazel nutre um ód...