Invasão

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 E ae, Cúmplice.

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Dia normal, Ran foi tirar foto de sunga em um estúdio aí pro job dele e eu passei o dia ajeitando o restaurante com o meu irmão.

Eu precisei ir mais cedo pra treinar o meu novo assistente de cozinha.

Ele se saiu bem. Não é o mestre do ramen como eu, mas dá pro gasto!

Souya também curtiu o trampo do cara, então tá susa!

Nossa nova equipe de garçons também tem dado uma aliviada. São bem mais pacientes do que eu e meu mano pra lidar com os clientes.

A carranca feia do Souya costuma espantar a clientela e eu meio que ameaço eles de morte. Ter pessoas especializadas tem ajudado com a popularidade do restaurante.

Meu irmão querido e amado se voluntariou pra fechar o nosso estabelecimento.

Eu estava louco por um banho, ficar com cheiro de suor e cozinha não é uma boa experiência. Levei duas tigelas de ramen, pra eu e o Ran comermos juntos quando ele voltar do trabalho, e uns pedaços de carne pra Yua.

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Cheguei no ap e fui recebida pela Yua, a interesseira sabe que costumo trazer uns petiscos pra ela.

Deixei o meu maravilhoso jantar na bancada da cozinha e levei a Yua pro quarto, pra impedir que ela furtasse meu precioso ramen.

Assim que entramos ela foi direto pra cama e eu, depois de separar um pijama, fui pro banheiro do corredor já que a água de lá é bem mais quente e nossos produtos de higiene já estão lá.

Tem duas semanas que não usamos o chuveiro do banheiro do nosso quarto!

O Ran disse que iria arrumar essa merda de chuveiro da nossa suite , mas esse jumento só fica me enrolando.

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Eu realmente tava precisando de um banho.

Estava em toda a minha glória no chuveiro.

Aproveitei pra lavar meu cabelo com meu shampoo de pêssego preferido.

A água tava tão quentinha que o banheiro ficou parecendo uma sauna. A vontade que eu tinha era ficar lá por horas.

Fiquei massageando os meus cachos com o shampoo.

Aproveitei pra usar os sabonetes artesanais do Ran.

Tudo parecia perfeito, finalmente o meu momento de princeso!

Até que eu ouvi um barulho de porta abrindo.

É a porta da sala, só ela que faz barulho.

Ué?

O sapo iria voltar só de madrugada...

Não são nem 19:20.

Yua não sabe abrir porta, ainda...

Ouvi o som a porta se fechando.

Igual ao meu cu!

Eu juro tranquei a porta!

Invadiram o prédio?

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Desliguei o chuveiro e fui atrás da toalha...

Puta que pariu...

Eu tinha esquecido a merda da toalha e deixei meu pijama no quarto.

Só tem uma toalha de rosto violeta com desenhos de orquídeas.

Eu nem enxaguei o cabelo.

E se esse maluco que invadiu a minha residência me matar?

Tô todo molhado, coberto de espuma até a cabeça e enrugado graças a água quente.

Que situação humilhante!

E se eu ligar a porra do chuveiro pra enxaguar, vai fazer barulho.

Eu nem ao menos tenho o direito de morrer de uma forma minimamente digna.

Peguei a toalha violeta e enrolei ela na cintura.

Caralho, parece que estou de tanguinha.

Por que essas merdas só acontecem comigo?

Ainda ficou caindo shampoo nos meus olhos e eu nem posso usar a toalha por que a mesma está tampando o Smiley Jr.

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Segurei a toalha pra ela não cair e abri a porta em câmera lenta.

Eu conseguia ouvir o som de alguém andando na cozinha!

Se esse filho da puta acha que pode me furtar e sair por isso mesmo, não podia estar mais enganado!

Fui andando bem devagar para a sala, já que meus pés estavam molhados e peguei uma das esculturas de madeira polida do sapo.

Já estava armado e pronto pra dar o bote no filho da puta invasor!

Até que um vulto passa correndo por mim, indo em direção a cozinha.

Era a Yua.

Puta merda, e se ele matar a minha filha?

No que eu me posicionei pra correr eu escorreguei nos rastros de água com sabão que deixei pelo caminho.

A escultura foi pra um lado, a toalha deu uma deslizada e eu caí de cara no chão.

Assim que levantei meramente a cabeça, vi um par de sapatos próximo ao meu rosto.

Eu realmente irei morrer dessa forma?

É assim que irão encontrar o meu corpo na cena do crime?

E a minha Yua? Não a escuto, e se esse cretino fez algo a ela?

Juntei coragem e olhei pra cima.

Preferia não ter olhado.

O vagabundo disse que chegaria super tarde.

Por que o filho da puta do Ran tá parado na minha frente, com a Yua no colo e apontando o celular pra mim?

Agora eu quero morrer.

A morte seria melhor.

Yua, sua traidora!

Me levantei do chão, juntando o resto da minha dignidade. Ajeitei a toalha e voltei pro banheiro.

Vou dormir lá hoje!

Espero que esse sapo venenoso morra engasgado com o ramen.

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Ran não para de bater na porta do banheiro, segurando as risadas enquanto me chama de "pesseguinho".

Pesseguinho é a cabeça da minha pika.

Eu levei um susto do cacete.

Achei que ia morrer.

Achei que iam matar a minha filha!

Mas foi só a merda do meu namorado que resolveu parcelar o trabalho e fuder com minha dignidade.

Ele não vai me deixar esquecer disso tão cedo.

Se eu achar uma única foto referente a hoje, juro que irei descobrir se sapo voa depois de jogar ele da janela.

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Até outro dia, Cúmplice.

Diário Cúmplice de Kawata NahoyaOnde histórias criam vida. Descubra agora