Capítulo três

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Natalie ficou encarregada de arrumar a mesa, já que pediu para os seus pais e sua avó descansarem. Ela pega os copos e pratos sujos da mesalevando-os até a pia. O som da água corrente enche o ambiente enquanto ela lava a louça, os movimentos automáticos e distraídos. Assim que termina, seca as mãos e, por um momento, fica parada, sentindo uma sensação incômoda crescer.

Algo não está certo. Ela sente como se estivesse sendo observada, um arrepio percorre sua espinha. O silêncio na casa é quase opressor.

— Olá? — A voz de Natalie ecoa pelo corredor, mas não há resposta. Apenas o som abafado de seus passos no chão de madeira.

Ela caminha pelos corredores escuros, olhando ao redor, os olhos tentando penetrar a escuridão. Cada sombra parece esconder algo, mas não há nada à vista.

Decidida a ignorar a sensação desconfortável, Natalie resolve voltar para seu quarto. Antes, ela faz uma breve parada no quarto de Judy, abrindo a porta suavemente e espiando a irmã mais nova dormindo tranquilamente. Um leve sorriso se forma em seus lábios enquanto sussurra um "Boa noite"

Natalie fecha a porta silenciosamente e segue para o próprio quarto. Ela se acomoda na cama, puxando os cobertores até o queixo, tentando afastar o desconforto que ainda sente. Seus olhos se fecham, buscando o refúgio do sono.

Mas quando seus olhos se abrem novamente, algo está terrivelmente errado.

Ela não está mais em seu quarto. O ambiente ao seu redor é completamente diferente, envolto em uma escuridão pesada. O ar é denso, quase sufocante, e o silêncio é absoluto. A única coisa que ela consegue ver em seu campo de visão é uma árvore.

Uma árvore grande e antiga, cujos galhos se estendem como braços macabros. E pendurada em um desses galhos, uma corda balança suavemente, como se fosse usada recentemente para algo sombrio. A visão da corda balançando, como se alguém tivesse se enforcado ali, faz o coração de Natalie bater descompassado.

Ela tenta se mover, mas seus pés parecem presos ao chão. O pavor toma conta de seu corpo, enquanto a realidade do que vê a cerca se solidifica.

A sensação de estar sendo observada volta com força total, e ela percebe que não está sozinha.

— Mãe? — A voz de Natalie ecoava pelo lugar, sem respostas, havia apenas ela lá, sozinha.

— Pai?

Com o coração batendo acelerado, Natalie tenta reunir coragem para se mover. Seus pés, antes presos ao chão, finalmente respondem, e ela começa a caminhar, os olhos fixos na escuridão à frente. Cada passo parece pesado, como se o próprio ar ao seu redor estivesse tentando segurá-la.

À medida que ela se aproxima, percebe que é uma casa. Grande e bonita, a construção parece antiga. Mas parecia que algo sombrio tivesse deixado sua marca ali. A casa emite uma aura de desespero.

— OLHA O QUE ELA ME FEZ FAZER — A voz ecoou na sua cabeça, cada palavra carregada de dor e fúria.

— Por favor, pare... — ela implora, a voz quebrada, quase irreconhecível em meio ao desespero. Mas os gritos não cessam.

Agora, além da voz principal, Natalie começa a ouvir o choro desesperado de meninas, gritos cheios de medo e pavor. As vozes infantis, carregadas de angústia, se misturam aos gritos agonizantes, criando uma cacofonia aterradora que consome seus pensamentos. As meninas estão apavoradas, como se estivessem presas no mesmo pesadelo, sem escapatória.

Natalie sente seu corpo tremer, o coração batendo tão rápido que ela teme que ele possa parar a qualquer momento. A presença maligna ao seu redor se torna sufocante, como se estivesse sendo esmagada pelo puro terror. Ela olha para a casa diante dela, os gritos e as vozes ecoando como uma tempestade dentro dela.

— Querida, o que aconteceu? — Sua mãe perguntou, entrando no seu quarto a abraçando de lado, enquanto Ed estava parado na porta com uma feição preocupada

Natalie não conseguia falar, ela estava trêmula e apavorada, por um momento, ela ainda conseguia ouvir os gritos e a voz

— Está tudo bem, calma, eu estou aqui com você, tudo bem? — Lorraine abraçou e acariciou os cabelos de sua filha.

(...)

Após o acontecimento, Lorraine aconchegou Natalie novamente nas suas cobertas e acariciou o rosto da filha de leve.

A garota ainda estava desnorteada e com medo, ela estava relutante de dormir sozinha, Natalie estava com medo, medo de algo acontecer.

— Foi horrível mãe. — Natalie diz enquanto se encolhe nas cobertas.

— Tudo bem querida, você não precisa me contar agora, só tente descansar um pouco, tudo bem? — Lorraine diz, logo em seguida dando um beijo de boa noite na sua filha.

— Boa noite querida.

— Boa noite mãe. — A voz de Natalie saindo como um sussurro.

Lorraine então dá um sorriso caloroso para sua filha antes de apagar as luzes e fechar porta. O sorriso de Lorraine logo se fecha para uma cara preucupada quando vê Ed a esperando do lado de fora do quarto. Lorraine não disse nada, apenas abraçou Ed com uma expressão preocupada.

𝐄𝐂𝐇𝐎𝐄𝐒 𝐎𝐅 𝐅𝐄𝐀𝐑, THE CONJURINGOnde histórias criam vida. Descubra agora