6. Entremundos

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MAX P.O.V

Eu segurava a sua mão, esperando ansioso por sua resposta. Eu não entendia porque eu queria tanto ser amigo dela, mas, de alguma forma, eu sabia que precisava disso.

Quando saí da escuridão em um lugar desconhecido, outra vez, quase fiquei desesperado. Eu tentei com muito afinco reconhecer o ambiente ou me localizar de alguma forma, mas não deu em nada. Então, eu tentei achar o livro, mas também estava parecendo inútil.

Contudo, antes que o medo me consumisse por completo, eu a vi. A garota do livro, para quem ele me guiou, antes de nos mandar para cá. De repente, como se uma caixa abrisse, eu percebi o quanto eu tinha sido injusto com ela.

Lembrando do pouco que tínhamos conversado até agora, ela claramente não sabia o que estava acontecendo. Se ela era a guardiã, então ninguém se importou em lhe dar explicações de como usar o livro. Assim como não tinham me dado. Se eu tinha que passar por isso, pelo menos não seria sozinho. Infelizmente, passaria por essa confusão com alguém que estava tão perdida quanto eu.

— Claro — Ela respondeu girando as nossas mãos e balançando nossas mãos suavemente em algo que parecia uma saudação. Nos fazendo trocar um sorriso cúmplice.

— Então, seu pai contava muitas histórias sobre o livro? — Ela pergunta depois de uns segundos em silêncio

— Sim. Meu pai amava contar histórias sobre o livro. Eu cresci ouvindo todas elas — A dor escapa na minha voz antes que eu possa impedir.

Posso sentir uma lágrima solitária descer pelo meu rosto, mas a limpo rapidamente e respiro fundo, tentando controlar toda a emoção. Lembrar do meu pai, reabria a ferida que ainda era recente em meu coração.

Gostaria de ter tido mais tempo com ele, para ter tido a chance de ouvi-lo me contar sobre o livro. Gostaria de tê-lo aqui para me guiar nesse momento. Sem que eu perceba uma lágrima começa a cair dos meus olhos e eu rapidamente a limpo.

— Eu sinto muito pelo seu pai

— Como... — Disse a encarando com confusão.

Como ela poderia saber sobre o meu pai? Não me lembro de ter dito nada sobre sua morte a ela. Afinal, no meio daquela confusão com a guerra batendo em minha porta, literalmente, eu não que tenha tido tempo para isso. Eu tento terminar de formular a frase, mas não consigo.

— Eu vi no livro — Ela responde à pergunta que eu não cheguei a fazer

— Claro — Isso deveria fazer sentido de alguma forma. Eu só tinha que descobrir como tudo isso funcionava.

— Pode me contar a história do livro? — Ela me pergunta com cautela. Eu aceno com a cabeça enquanto me recomponho e tento me lembrar da história.

— É uma lenda muito antiga. — Eu passo a mão no cabelo o colocando atrás da orelha. Apesar do cabelo estar preso, eu sempre fazia isso quando estava tentando ganhar tempo —Não me lembro muito bem.

— Sabe mais do que eu pelo menos — Disse, dando de ombros

— Meu pai costumava contar que existiam sete reinos separados no tempo e espaço. — Levantei incapaz de ficar sentado, enquanto todas aquelas memórias me invadiam — Cada reino tinha um guardião responsável por proteger a paz e o equilíbrio.

Comecei a caminhar de um lado para o outro tentando extravasar o estresse e recobrar os detalhes da história, que insistiam em me escapar. Meu pai me contou tudo aquilo quando eu era muito pequeno.

Pensando bem, era estranho ele não ter falado disso quando eu era velho o suficiente para entender que aquilo era mais do que uma história infantil. Ele poderia ter me ensinado a ser um guardião, assim como me ensinou a ser rei, então por que não fez?

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