7. A gente vai MORRER!

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LARA P.O.V

Que droga!!! Penso enquanto estou mais uma vez voltando a consciência. Minha cabeça doía ainda mais agora e de uma forma diferente. Mas dessa vez eu não podia continuar pensando que era um sonho.

Respiro fundo tentando lembrar tudo o que aconteceu. Tudo que me lembro é do Maximus caindo e alguma coisa acertando a minha cabeça. Só de lembrar disso a parte de trás da minha cabeça começa a latejar.

Ainda de olhos fechados, tento levar as mãos para verificar minha cabeça. Mas não consigo completar o movimento. Abro os olhos ainda de cabeça baixa e vejo que minhas mãos estão amarradas aos braços de uma cadeira. Ótimo, estou amarrada a uma cadeira no meio da...

Interrompo o pensamento novamente quando me dou conta que provavelmente não estou mais na floresta. Levanto a cabeça de supetão para olhar ao redor e a primeira coisa que eu vejo é o Maximus. Olho ao redor e o ambiente é muito escuro, tem apenas essa luz alaranjada que parece vir de uma vela. Eu não faço ideia de onde eu estava.

Ok! Eu era muito, muito azarada. O estúpido livro mágico me trouxe para uma floresta assombrada e como estamos em um conto de fadas esse certamente é o covil do vilão e o príncipe encantado que deveria me salvar estava amarrado a uma cadeira.

A gente vai morrer!! Eu sou muito jovem para morrer. Eu não posso morrer aqui. Preciso voltar para casa. Se eu não morrer aqui meus pais vão me matar com certeza quando eu voltar para tarde. O grito de socorro já estava formado na minha garganta quando eu ouço sua voz.

--- Não grite. Eles estão perto e podem ouvir. Temos que usar esse tempo para pensar numa forma de sair daqui

Olho para ele com o ar preso em minha garganta. Apesar da confiança e da calma com que ele diz essas palavras. Só uma informação fixa em minha mente - "eles". Quem diabos eram eles? Um pânico ainda maior toma conta de mim.

--- Lara!

Eu finalmente olhei diretamente em seus olhos, conseguindo sentir a confiança que eles transmitiam. Respirando fundo, eu me acalmo e lembro que isso é como uma das histórias que eu sempre conto a minha irmã. No final, o príncipe sempre salva a princesa.

Mesmo que antes elas sejam envenenadas, sequestradas, amaldiçoadas... Certo, talvez seja melhor eu não ser uma dessas princesas. Mas, infelizmente ainda preciso que ele me salve. 

Se a situação não fosse tão ruim, eu iria rir do senso de humor sádico do universo. Afinal, eu estou torcendo para um príncipe me salvar. Acho que devo uma ou duas desculpas para dizer a minha irmã.

--- Não gritar e sair daqui, entendido. Mas como exatamente vamos fazer isso?

Ele abaixa a cabeça e começa a tentar puxar os braços. Ok! Primeiro a gente precisa se soltar. Então ele vai pegar a espada e derrotar "eles", vamos achar o livro e vamos para...

Uma porta de repente se abre e pessoas começam a descer a escada atrás do Maximus. Olho para ele e percebo que ainda está amarrado e eu também. A gente vai MORRER!!

Sou tomada pelo pânico que aumenta à medida que os passos vão ficando mais próximos. À minha esquerda, uma comitiva formada por cinco pessoas na sala. Mais uma vela é acesa e eu finalmente consigo vê-los.

Os dois homens da esquerda tinham cabelos castanhos e altura mediana. Eram muito parecidos, a única coisa que os diferenciava eram os olhos. A mesma coisa com as mulheres, ambas tinham cabelos negros e pele pálida mas a do meio tinha olhos negros enquanto a outra tinha olhos azuis. O homem a direita também tinha cabelos negros, olhos azuis.

Os cinco olharam para nós com desconfiança. Os dois homens da esquerda seguravam facas enormes e pareciam prontos para nos matar. Respirei fundo tentando impedir as lágrimas de desespero de cair. Meu Deus, era muito jovem para morrer assim.

--- Quem são vocês? --- Pergunta o homem de cabelos negros

Viro a cabeça em descrença. Como assim quem nós somos? Aquele projeto de gigante sequestra a gente e nós temos que dizer quem somos. A raiva pela situação superou o medo e eu acabei perdendo a cabeça.

--- Vocês que sequestraram a gente. Nós deveríamos fazer essa pergunta. Quem são vocês? --- Disse com a voz estridente.

--- Quem são vocês e o que estavam fazendo naquela parte da floresta? --- Ele pergunta com ainda mais raiva na voz --- Como conseguiram chegar lá?

--- Eu não sei do que fala --- Disse Max --- Estávamos perdidos.

--- MENTIRA! --- Ele explode e avança em direção a ele.

A raiva se esconde rapidamente atrás do medo desmedido mais uma vez. Olho para o Max que permanecia com uma expressão calma. Como ele conseguia estar tão calmo? Me pergunto.

--- Vincent --- Ele é parado pela mulher de olhos azuis que diz alguma coisa em seu ouvido.

--- Mas nós precisamos de respostas — Ele diz olhando para nós dois.

Max me olha com uma calma e confiança invejáveis. Tento espelhar seus sentimentos, mas tudo que consigo achar dentro de mim é medo. Tento controlar minha respiração ofegante, mas não consigo esconder o nervosismo.

De repente, o projeto de gigante, que agora eu acredito se chamar Vincent, se aproxima de mim lentamente olhando diretamente em meus olhos. O encaro apreensiva e sinto meu corpo inteiro arrepiar. Minhas mãos começam a tremer.

--- Nós vamos conseguir nossas respostas --- Vincent diz se aproximando ainda mais de mim. --- Quem são vocês? Responda. Minha. Pergunta --- Vincent põe as mãos no braço da cadeira, a qual Lara estava amarrada --- AGORA!

Ele dá um soco na parede atrás de mim. O som do seu punho batendo na parede fez um apito soar em meu ouvido e meus pensamentos começaram a correr desenfreados. Outro arrepio percorre o meu corpo e de repente as palavras simplesmente começaram a sair da minha boca.

--- Tudo isso é culpa daquele estúpido livro mágico. Eu estava bem na minha casa quando ele começou a brilhar e esse aí simplesmente apareceu no quarto.

--- Lara

--- Aí ele voltou a brilhar DE NOVO e de repente a gente estava no meio dessa floresta. Então...

--- LARA!

--- O quê!? --- O desespero começou a ceder e eu finalmente parei para olhar a todos. Os estranhos que antes nos olhavam desconfiados agora pareciam confusos e um pouco surpresos e Maximus pela primeira vez parecia assustado.

Hum! Acho que eu falei demais. Lágrimas começam a se acumular em meus olhos. Os cinco estranhos olham uns para os outros entrando em um consenso. Eles direcionam um último olhar para nós antes de começarem a sair em silêncio. Quando a porta bateu, o meu olhar e o do Maximus tinham a mesma pergunta. E agora? 

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